Felicidade Pragmática
Propósito, sonho, mundo ideal, sorrisos eternos, sucesso, família perfeita, saúde fitness, romance, enfim, a soma destes mais tantos é a equação da tão procurada felicidade.
Não há problema algum em busca-la. Agora, o que observo é que há tempos a felicidade virou o maior mercado invisível da economia global. A realidade é que muito da felicidade é marketing.
Imagine um grande supermercado onde existem diversas sessões e prateleiras para escolher qual o tipo de felicidade que você quer. Assim te fazem pensar que tens livre arbítrio. Pode escolher a felicidade do tipo hipster, fitness, urbano, offroad, bem sucedido, entre outros e pode ainda personalizar mesclando os produtos.
Depois de escolher o tipo de felicidade, o mercado ainda lhe oferece mais produtos e serviços para “preencher” ainda mais a sua “felicidade”, de branqueadores dentais para se sentir uma celebridade dentro de uma propaganda de uma marca famosa até viagens que servem para tirar fotos e postar nas redes sociais.
É assustador. É uma hipnose coletiva, pois a maioria está comprando a felicidade que o mercado oferece em pacotes padronizados. Isso causa sofrimento recorrente por forçar a ter algo que não é seu.
Cada ser humano é único, com suas qualidades, defeitos, talentos, história, traumas, DNA, relações, limitações, etc. Não existe a possibilidade de padronizar algo único como cada ser humano. Se for único então a felicidade é única.
O que lhe faz sentir bem pode não fazer para o outro. Sua história é diferente de todos os bilhões de habitantes deste planeta. O seu contexto familiar é único. Você é um ser humano único.
Mas o mercado é esperto. Estudou de psicanálise à espiritualidade para fazer a massa comprar a felicidade que oferece. E sabe que o consumidor deste produto sofrerá de forma recorrente, pois quanto mais se distancia de quem você é mais você compra para tentar preencher o vazio criado artificialmente. É um grande negócio. E assim o PIB do mercado da felicidade aumenta ano após ano.
O vazio que sente dentro de você não existe, seja qual for o tamanho, foi você que deu a permissão para cria-lo. Não é à toa que se abrem farmácias com a mesma velocidade que se fecha livrarias.
Com esse contexto, vamos para o mais próximo da realidade que um ser humano pode chegar da felicidade, que chamo de Felicidade Pragmática.
Pragmático é uma palavra com origem no grego “pragmatikus” e no latim “pragmaticu”, que significa aquilo que contem considerações de ordem prática, realista, sem rodeios, com alvo bem definido, sem subterfúgios.
Felicidade é um conceito novo e humano, portanto passível de falha e manipulável. Uma forma de buscar a prova real das coisas é sempre consultar a sabedoria da natureza com seus 14 bilhões de anos.
Desta forma observa-se que felicidade está diretamente ligada à utilidade. Todos os organismos tem sua função no ambiente, no sistema. Se não está sendo funcional o ambiente naturalmente faz o movimento de pressão para funcionar, transformar ou para extinguir.
O desafio da real felicidade é achar a sua função. E como cada ser humano é único, a função também é única. O encaixe de ser você mesmo, com toda sua singularidade, para ser de utilidade do sistema é a base da felicidade pragmática.
Cumprir sua função. É o básico. Assim sente-se útil, que é a matéria-prima principal da felicidade. Sem romantismo e floreio.
A felicidade pragmática acredita que a felicidade é um conceito individual, pois a função de um é de criar os filhos, enquanto para outro pode ser deixar uma marca no universo.
A felicidade pragmática diz que a felicidade, além de individual, é única e intransferível. Cuidado com as ofertas do tipo “se deu certo para mim vai dar certo para você”. O sucesso de um jamais será igual ao sucesso do outro pela singularidade do ser humano.
A felicidade pragmática não evita sofrimento, o aceita e aprende com ele. É inevitável a dor, a tristeza, o sofrimento. A felicidade de mercado vende anestésicos que somente postergam o que se precisa passar atrapalhando o processo evolutivo.
A felicidade pragmática encara e aceita as limitações. Poucos serão bilionários ou famosos mundialmente. Aceitar a sua função dentro das possibilidades que pode é a realidade. Se isso expandir OK, mas esperar que a meta seja ser bilionário não.
Para fechar a grande diferença entre a Felicidade de Mercado e a Felicidade Pragmática: uma é uma ilusão que se compra e a outra é gratuita, real, é só descobrir e acessar.
Espero ter sido útil esta dose de sanidade. Ficarei feliz (pragmaticamente) se lhe for útil.
Grande abraço!
Eduardo M. Borba é cientista da criatividade. Autor da teoria/livro do “Homo Sensus”. Autor do conceito/livro da “Inovação Natural”. Fundador e diretor do Instituto MOBI. Fundador e CEO da HEROYZ, grife que destina 50% para os Bombeiros Voluntários do Brasil.
REVISOR DE TEXTOS | EDITOR DE CONTEÚDO – Sites, Blogs, Livros, Revistas l Jornalista, Assessor de Imprensa
5 aGostei muito do texto, Eduardo. Fez-me lembrar da "Felicidade Incurável", do Carpinejar. Talvez o segredo esteja mesmo em cada um encontrar a sua "missão", a sua "razão de ser", pelo menos nesta vida, não sei nas próximas... (rss) Aproveitar da melhor maneira possível o aqui e agora, conforme as possibilidades, mas querendo mais do que isso se ouvirmos algum "chamado", íntimo ou divino... Mergulhar para dentro, via meditação e outras práticas "espirituais", pode ser uma jornada extraordinária, o que inclui nossa expansão rumo ao infinito cósmico. Tenho vivido isso, com imenso júbilo e gratidão - independentemente de qualquer conquista profissional ou material a mais que a vida possa me trazer. E posso lhe assegurar que diante do rascunho feioso que eu era, até que já progredi um bocado - gosto do Ser que vejo no espelho (d'alma). E, abençoadamente, celebro a cada dia a alegria (ou felicidade mesmo) de viver. Muito obrigado pelo seu texto e pela oportunidade.
Business Woman
5 aSensacional