A felicidade no trabalho. Sim, é possível!
Novas descobertas na neurociência, na psicologia e na economia tornaram absolutamente claro o elo entre uma forma de trabalho feliz e contente e resultados melhores para a atividade empresarial. A felicidade pode ter um impacto tanto para empresa como para um país e o movimento para medir o bem-estar nacional com outros critérios que não o PIB pode ser um divisor de águas e embora a discussão sobre a substituição do PIB possa parecer fantasiosa, sua crescente credibilidade em círculos importantes poderia lhe dar impacto verdadeiro sobre políticas econômicas e, além disso, ecoa iniciativas em certas empresas para uso de novos critérios para medir o sucesso e a felicidade de modo geral.
E por que colocar em jogo o PIB quando falarmos em avaliar uma nação?
1. Porque há pequenas falhas e ignora um bom volume de atividade econômica (o serviço doméstico não remunerado é um exemplo).
2. Não computa a sustentabilidade econômica e ambiental.
3. Não contempla nível de escolaridade ou expectativa de vida.
Deixando o PIB de lado (mesmo sabendo que há espaço para mudanças em decorrência da transformação dos negócios e necessidades humanas), a ciência da felicidade já avançou muito e seria tolice não tirar proveito desse conhecimento dentro do universo corporativo. A psicologia que sempre teve interesse no campo emocional, por exemplo, acabou ganhando novos aliados. Agora o economista também pode avaliar a que o individuo dá valor e o neurocientista será responsável pela avaliação do cérebro humano sempre que houver recompensas em jogo. É isso mesmo. Hoje o time de avaliação em busca da felicidade e bem-estar está mais encorpado e as empresas também acompanharam essa evolução deixando a área de Recursos Humanos ainda mais preocupada com as pessoas e os resultados dos negócios e esse movimento trouxe na última década novas nomenclaturas à área e hoje em dia é muito comum encontrar: Recursos Humanos Desenvolvimento Organizacional (RHDO), Desenvolvimento Humano (DH), Gente e Gestão (GG), Capital Humano (CH) e aí vai.
Um grande vetor da felicidade no trabalho é a rede social – a avaliação da força do elo com amigos e família – ficando na frente do sexo (H/M), renda, religião e a saúde. E veja bem, não estou isolando as demais avaliações, estou apenas definindo uma hierarquia de variáveis para avaliar a felicidade e não é a toa que o movimento das mídias sociais ganhou notoriedade na última década. Esse movimento só ratifica a força da rede social. Acredite!
Outro importante ponto de contribuição à felicidade é a frequência de experiências positivas em relação à intensidade das experiências. Alguém que viva todo dia uma dezena de coisas moderadamente boas tende a ser mais feliz do que a pessoa que teve uma única experiência verdadeiramente incrível. Logo, use sapatos confortáveis, dê um belo beijo na mulher (ou no homem) e coma uma batatinha frita. Isso tudo parece pequeno, e é, mas coisas pequenas pesam e ajudam a trazer a felicidade à tona. Alcançar a felicidade requer a mesma abordagem usada para perder peso. Quem tenta emagrecer sonha com uma pílula mágica que produza resultados instantâneos e isso não existe. Sabemos exatamente como as pessoas emagrecem: comem menos e se exercitam mais. Não precisa comer muito menos e nem exercitar muito mais – só precisam fazê-lo reiteradamente. Com o tempo o resultado aparece. É o mesmo com a felicidade. O que alguém pode fazer para ser mais feliz são coisas óbvias e pequenas, e que não tomam muito tempo. Mas é preciso fazê-las todos os dias e esperar pelos resultados.
Logo, ser feliz no trabalho não é apenas um contentamento que denota certa acomodação e partindo desse principio é bastante razoável afirmar que o ato de vicejar ganha espaço nas empresas e uma força de trabalho vicejante é aquela na qual o trabalhador não é apenas satisfeito e produtivo, mas também participa da criação do futuro – o da empresa e o próprio. O trabalhador que viceja tem uma certa inquietação, é altamente energizado e sabe evitar o esgotamento. Há ainda mais dois importantes componentes desse viço. São eles:
A. Vitalidade: a sensação de estar vivo, motivado e empolgado. Num ambiente com vitalidade o trabalhador se sente energizado e energiza os outros. Uma empresa gera vitalidade ao dar às pessoas a sensação de que aquilo que realizam diariamente faz a diferença.
B. Aprendizagem: o crescimento decorrente da obtenção de novos conhecimentos e habilidades. A aprendizagem pode conferir uma vantagem técnica e o status de especialista e também pode deflagrar um ciclo virtuoso: gente que está desenvolvendo as próprias habilidades tende a acreditar em seu potencial para crescer mais ainda.
Esses dois atributos atuam em conjunto, um sem o outro dificilmente será sustentado e pode até prejudicar o desempenho. A aprendizagem, por exemplo, cria embalo por um tempo, mas sem paixão pode levar ao esgotamento. O que farei com tudo o que aprendi? Por que deveria permanecer nesse emprego? Já a vitalidade por si só – mesmo quando a pessoa adora os elogios que recebe por exibir resultados – pode ser embotadora: quando o trabalho não permite nenhum aprendizado, é a repetição da mesma coisa vez após vez.
A combinação de vitalidade e aprendizagem produz trabalhadores que conseguem bons resultados e acham maneiras de crescer. Seu trabalho é gratificante não só porque executam com êxito que se espera deles hoje, mas também porque conseguem ver para onde eles e a empresa estão indo. Em suma, estão vicejando, e a energia que criam é contagiante.
Outras quatro medidas são fundamentais para encontrar felicidade no trabalho. São elas:
1. Dar liberdade para tomada de decisões:
No Facebook (Massachusetts, USA) o pessoal é incentivado a “move fast and break things” (“agir rápido e quebrar coisas”). Ou seja, tem muita liberdade para resolver problemas por conta própria.
2. Compartilhar informações:
Trabalhadores em restaurantes da Zingerman’s (Michigan, USA) – incluindo aí ajudantes de cozinha – recebem feedback em tempo real sobre todo aspecto das operações, de índices de satisfação de clientes ao número de xícaras sujas na pia.
3. Minimizar incivilidade (entenda-se grosserias):
Líderes na consultoria Caiman Consulting (Washington, USA) atribuem a taxa de retenção na empresa (de 95%) a uma cultura na qual todo candidato precisa dar provas de civilidade antes de ser contratado.
4. Dar feedback sobre o desempenho:
A firma de créditos imobiliário Quicken Loans (Michigan, USA) tem painéis que exibem dados continuamente atualizados sobre o desempenho individual e da equipe em relação à meta.
Embora a organização saia ganhando ao criar as condições para que o pessoal viceje, líderes em geral estão tão ocupados e acabam deixando essa importante tarefa relegada. Uma pena!
Seja feliz no seu trabalho e lembre-se de vicejar todos os dias.
Referências para criação do artigo:
-Daniel Gilbert: Professor de Psicologia da Harvard University
-Gretchen Spreitzer: Professora de Administração e Organização na Ross School of Business (University of Michigan)
-Christine Porath: Professora Assistente da McDonough School of Business (Georgetown University)
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Sr Tech HRBP @iFood | Recursos Humanos | Desenvolvimento de Liderança e Times
7 aExcelente texto! Material de consulta para profissionais de Recursos Humanos.
Sócio na Cavallieri Transportes
7 aExcelente matéria Sérgio Ferreira (Serginho !!!). Infelizmente esta hoje não é a nossa realidade, deveria mas não é. Como gestores que somos temos que preencher como nossas equipes as lacunas deixadas hoje pelas empresas. Abs
Regional Process Lead at Google | Accounting | Finance | Controllership
7 aExcelente artigo, Sérgio! Gostei muito do conceito de Vitalidade, é essencial que a empresa se preocupe em criar um ambiente favorável para energizar e motivar os colaboradores!
Gerente Comercial | Gestão de Pessoas | Gestão Comercial | Novos Negócios | Seguros
7 aExcelente matéria!!! Obrigada por compartilhar!!!!
Advogada especialista em Licitação
7 aParabéns pela matéria, muito boa!👏👏👏