A Ferramenta Certa

A Ferramenta Certa

“Quando a única ferramenta à mão é um martelo, todos os problemas parecem pregos”

O Martelo de Maslow, psicólogo mais conhecido por ter estabelecido a Hierarquia das Necessidades, alerta para o uso excessivo da ferramenta com que estamos mais familiarizados.

Enquanto um neurologista explica o comportamento humano através da arquitectura do cérebro, um biólogo recorre à composição genética da espécie e um psicanalista deixa-se ficar pela relação de cada indivíduo com a sua mãe - a do indivíduo em questão, não a do psicanalista (se tudo correr bem).

É a chamada Deformação Profissional, aquilo que faz com que um cirurgião veja qualquer maleita como uma oportunidade de realizar uma nova cirurgia. Vemos o mundo através das lentes da nossa profissão e dos pontos fortes que desenvolvemos ao longo dos anos.

No caso da criatividade, o problema é mais complicado. Isto quando não se torna num verdadeiro paradoxo.

Enquanto por um lado há a resistência a mudanças necessárias, por outro lado resolvemos problemas que não existem com novas metodologias de trabalho e com processos digitais mais desenvolvidos ou que pelo menos estão mais na moda.

Briefings transformam-se no preenchimento de formulários que “agilizam” o processo, duplas transformam-se em triplas ou quádruplas e sessões de brainstorm transformam-se em comités por Skype ou (Freud nos valha) Google Drive.

Tudo isto é construir por cima daquilo a que já estamos habituados. Tapamos buracos para dizer que nos mantemos a par da tecnologia, das tendências e do ritmo acelerado do mundo moderno. Só que o problema de tentar reinventar a roda é que acabamos por andar à roda do mesmo sem sair do sítio.

Todos parecemos saber que a criatividade está doente, mas nenhum de nós sabe como a curar. Tentamos resolver o problema com mais criatividade em vez o resolver de forma criativa. Queixamo-nos da monotonia das marcas, mas quando é que foi a última vez que criámos algo de realmente disruptivo dentro da área em si?

Dizem que a necessidade é a mãe da invenção. Se calhar está na hora de aceitarmos que não dá mais para andar numa de desenrasca e que temos de resolver isto de uma vez por todas. Arranjar ferramentas fora da nossa área de conforto e pôr mãos à obra.

Mas isto se calhar sou só eu que estou sempre a martelar naaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa mesma tecla.

 

Mais disto no Pubsicólogo.

João Vaz

Creative Copywriter & Photographer

8 a

Não conto pelos dedos as vezes que venho ao LinkedIn só para me sentar no divã como espectador.

Nélia Silva

SEO Lead e Performance Orgânica E-commerce Wells, Sonae MC | Marketing Digital

8 a

Não podia concordar mais. Se é uma realidade na publicidade, acontece o mesmo entre as agências de comunicação. Felizmente, começa a existir uma noção mais consistente da necessidade de soluções complementares (e "necessidade" é a palavra certa porque foi a saturação das soluções do costume que empurrou o mercado para as "soluções 360" e ainda bem). Falta continuar a trazer conhecimento e criar ambientes abertos a trabalhar fora do leque das ferramentas habituais. Entretanto, tento aprender a usar ferramentas novas enquanto também martelo na mesma tecla.

Ivo Conceição

Marketing Manager, Events Producer, Digital Marketeer, Salesman, Social Media Expert & Multimedia Producer.

8 a

Tiago, gostei. Mais uma vez. No entanto fico extremamente contente por verificar que cada vez mais profissionais na área da Saúde olham para o "corpo humano" como um todo e não às "postas", ex: "Ressona? Siga lá operar esse septo! (são 1700 euros, assine aqui....).

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