Fim de um ciclo ou começo de um ciclo.

Fim de um ciclo ou começo de um ciclo.

O Índice Bovespa bate um novo patamar histórico, alcançando os 110 mil pontos. Desde de 2016, o mercado de ações brasileiro iniciou uma tendência de alta, sendo que em 26 de Janeiro de 2016, o benchmark do mercado de ações brasileiro havia fechado em 37.497 pontos, uma queda acumulada de 49% em relação a máxima anterior, registrada seis anos antes.

Na economia, é sabido que mercados, não só o de capitais, mas como os demais, se comportam de forma cíclica, e dentro desses ciclos é possível identificar padrões e classificar-los fases.

Essas fases do mercado, ou ciclos, possuem características. Há um debate bastante interessante sobre o que cria e direciona esses ciclos. Particularmente, adoto a linha de raciocínio da escola austríaca de economia, diversos gestores como Ray Dalio usam modelos similares em suas análises.

Basicamente o que move os ciclos do mercado, sob essa ótica, é o ciclo do crédito e os efeitos que a alavancagem tem sobre pessoas, empresas e governos.

Crédito se expande e se contraí, aumentando o poder de consumo hoje e criando um passivo a ser quitado no futuro. Ao utilizarmos créditos, ficamos mais ricos naquele presente momento, sabendo que no futuro a conta chega, e com juros. A quantidade de crédito adquirida (alavancagem) pode prejudicar a economia como um todo, uma vez que o mercado corrija esses excessos.

Se classificarmos o ciclos em quatro fases temos:

  • Fundo: É o final de um ciclo de retração, recessão ou depressão. É a estabilização do cenário de baixa, onde diversos indicadores de performance econômica de param de apresentar resultados negativos.
  • Expansão: É a fase do ciclo caracterizada pela expansão da atividade econômica, aumento na produção, demanda, investimentos. Nessa fase é gerado emprego e renda, o crédito é farto, as perspectivas são favoráveis, a confiança dos consumidores e investidores é alta.
  • Pico: Aqui o crescimento da sinais de desaceleração, o desemprego é baixo mas as contratações desaceleram. Consumo e investimento crescem a taxas menores.
  • Contração: A taxa de crescimento da economia é negativa, o desemprego aumenta. A confiança do consumidor e dos investidores diminuí, crédito se torna escasso.

Então se entendemos os padrões, compreendemos mecanismos que movem os ciclos, e identificamos os sinais, podemos tentar antever o que o ciclo pode vir a fazer no futuro. Não é tarefa fácil, tirando um conselho dos Axiomas de Zurique, que toca no ponto das previsões "sempre desconfie de alguém que afirmar saber uma nesga do futuro". Grandes oportunidades e bastante dinheiro foi perdido por aqueles que tentaram, e falharam em tentar acertar picos e fundos do mercado.

Analisando as atuais condições de mercado nas economias centrais, temos os índices de bolsas de diversos países atingindo máximas, porém os dados a respeito do crescimento econômico já apresentam sinais de desaceleração, apesar das políticas monetárias implementadas pelos Bancos Centrais que continuam a ser expansionistas.

Em 2008, quando se utilizou como medida para estancar os efeitos da quebradeira causada pelo sub-prime, juros baixos e a compra de ativos por parte dos bancos centrais. Tais ações foram tomadas suprir os efeitos da crise no curto prazo. A questão é que essas têm efeito cíclico, são crédito, é alavancagem, e no futuro existe um passivo a ser quitado.

Até onde esse ciclo, esse modelo expansionista, baseado em juros baixo, pode se estender. Estaríamos perto do pico?

Olhando para o mercado Brasileiro, é aparente que estamos no fundo do ciclo, migrando aos poucos para uma possível expansão, e nosso mercado de ações já precifica isso. Os juros estão começando a cair, a maquina estatal está sendo enxugada. Com o passar do tempo veremos como a economia reagirá a isso, sendo que as expectativas são positivas.

Interessante é observar como o Brasil se encontra em um momento diferente das maiores economias do mundo, qual sera o efeito do ciclo sobre nós, e como sairemos no final de tudo isso. Iremos na contramão do resto do mundo e sairemos fortalecidos?

Essa possível mudança de paradigma determinará a posição do Brasil para as próximas décadas.



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