Finanças para Conselheiros: O Papel Estratégico do Conhecimento Financeiro no Conselho Consultivo

Finanças para Conselheiros: O Papel Estratégico do Conhecimento Financeiro no Conselho Consultivo

As finanças desempenham um papel central no trabalho de um Conselho Consultivo. Para que um Conselheiro desempenhe sua função de forma eficaz, supervisionando e direcionando a alta gestão e protegendo o patrimônio da empresa, é essencial que ele possua, no mínimo, um conhecimento generalista em finanças. Esse entendimento financeiro é um diferencial que pode definir a capacidade de contratação de um Conselheiro, pois permite que ele agregue valor real à organização ao maximizar o retorno sobre os ativos e garantir uma governança eficaz.

Para profissionais que aspiram a ocupar uma cadeira no conselho, dominar as finanças vai além de um requisito formal: é uma ferramenta crítica. Assim como um economista numa cadeira de Conselho precisa de conhecimento em marketing ou tecnologia, um Conselheiro, mesmo que não tenha formação financeira, deve compreender os conceitos fundamentais de gestão financeira para contribuir de maneira decisiva para o sucesso da empresa.

 

A Importância do Conhecimento Financeiro no Conselho

De acordo com uma pesquisa realizada pela EY em 2024, as principais prioridades dos conselhos e da alta administração das empresas são o domínio das condições econômicas e a alocação de capital, com 84% e 74% de importância, respectivamente. Isso demonstra que o conhecimento financeiro não é apenas desejável, mas sim indispensável para os conselheiros. O domínio dos temas financeiros permite que o conselho oriente a empresa tanto em tempos de estabilidade quanto em momentos de adversidade, aproveitando tendências econômicas ou lidando com crises de maneira eficaz.

Dentro desse contexto, o conselheiro deve manter uma visão macroeconômica para trazer à mesa discussões sobre o cenário econômico global, ajudando a empresa a se proteger contra riscos e a aproveitar as oportunidades que possam surgir. Ao mesmo tempo, ele deve entender os aspectos microeconômicos do negócio, focando na saúde financeira e na eficiência interna da organização.

 

A Visão Financeira de um Conselheiro

O papel de um conselheiro exige a capacidade de enxergar a empresa de diferentes ângulos. Sob a perspectiva financeira, isso significa adotar duas visões complementares:

  1. Uma visão retrospectiva e introspectiva: Focada no desempenho financeiro da empresa até o momento, garantindo que os recursos sejam bem geridos, protegendo o patrimônio e assegurando a continuidade dos negócios.
  2. Uma visão prospectiva e expansiva: Voltada para o futuro, projetando a empresa para o longo prazo e avaliando como o cenário macroeconômico e as mudanças no mercado podem impactar sua saúde financeira.

Essas duas perspectivas permitem ao conselheiro avaliar o presente e o futuro da empresa, garantindo sua perenidade e crescimento sustentável. Além disso, o conselheiro precisa ser uma voz provocativa no conselho, questionando as decisões da gestão, cobrando resultados e provocando reflexões sobre temas complexos.

 

A Governança e a Gestão Financeira

Ter uma boa governança é o primeiro passo para uma boa gestão financeira. O conselheiro precisa garantir que a empresa tenha transparência no controle de gastos, na auditoria dos resultados e na prestação de contas. Ao assegurar que os processos de governança estão bem estruturados, o conselho pode supervisionar com mais precisão a execução orçamentária, definir metas claras e controlar os investimentos da empresa de maneira eficaz.

Por isso, o conselheiro deve estar familiarizado com o vocabulário financeiro e ser capaz de desenvolver e revisar o planejamento estratégico da empresa, que inclui a análise de aquisições, expansões, gestão de estoque, empréstimos e outros fatores críticos para o futuro da organização. Nesse sentido, o conselheiro não apenas analisa o passado e o presente da empresa, mas também projeta seu futuro, garantindo que a gestão dos recursos financeiros permita à organização alcançar seus objetivos de longo prazo.

 

As Principais Ferramentas de Gestão Financeira para Conselheiros

Um conselheiro deve ter em sua “caixa de ferramentas” conhecimentos específicos de gestão financeira. Entre as principais ferramentas e documentos que ele precisa dominar estão:

Orçamento: Representa o plano financeiro da organização, estabelecendo as despesas e receitas esperadas para um determinado período. O orçamento deve estar alinhado ao planejamento estratégico da empresa e aos seus valores, visão e propósito. É a concretização dos objetivos da empresa em termos financeiros.

Plano de Investimentos: Permite que a empresa faça planos além das operações diárias, direcionando recursos para projetos de longo prazo, expansão ou melhorias. O conselheiro deve supervisionar se os investimentos estão alinhados à visão de futuro da organização.

Demonstrativos Financeiros: O conselheiro deve ser capaz de analisar os principais relatórios financeiros, como:

  • Balanço Patrimonial: Demonstra a posição financeira da empresa em termos de liquidez, comparando seus ativos e passivos. O conselheiro deve avaliar a saúde financeira da empresa em termos de sua capacidade de pagar dívidas e honrar compromissos.
  • DRE (Demonstração de Resultados do Exercício): Indica o desempenho financeiro da empresa ao longo de um período, detalhando receitas, despesas e o lucro ou prejuízo. Esse relatório ajuda o conselheiro a identificar oportunidades de otimização e redução de custos.
  • Fluxo de Caixa: Visa fornecer uma visão clara sobre a geração de caixa da empresa. O conselheiro precisa garantir que a organização mantenha um fluxo de caixa positivo, o que é essencial para a sobrevivência e o crescimento sustentável da empresa.

 

A Importância do Fluxo de Caixa

Uma das métricas financeiras mais importantes para um conselheiro é o fluxo de caixa. Ter um fluxo de caixa saudável permite que a empresa mantenha suas operações, sustente seu crescimento e ofereça maior segurança em tempos de incerteza. No jargão das finanças, costuma-se dizer que “Cash is King”. Isso significa que o caixa é vital para a sobrevivência da empresa, proporcionando segurança em tempos adversos, suporte para a inovação e expansão, e maior confiança para investidores e credores.

Manter uma boa gestão de caixa é, portanto, uma das responsabilidades mais críticas para um conselheiro, que deve garantir que a empresa seja capaz de sustentar suas operações e expandir quando necessário.

 

Indicadores Financeiros: O Vocabulário do Conselheiro

Para que um conselheiro possa exercer seu papel de maneira eficaz, ele precisa dominar uma série de indicadores financeiros, que variam conforme o setor em que a empresa atua. Entre os indicadores gerais mais importantes estão:

  • Liquidez
  • Lucro
  • Fluxo de Caixa
  • Giro de Estoque
  • Endividamento
  • Retorno sobre Investimento (ROI)
  • EBITDA (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização)

Além disso, o conselheiro deve conhecer os indicadores específicos do mercado da empresa. Por exemplo, em empresas de varejo, indicadores como Tíquete Médio e Giro de Estoque são essenciais. Já em empresas de serviços, métricas como Churn e NPS são fundamentais para acompanhar a retenção de clientes e a satisfação com o serviço prestado.

 

O Olhar do Conselheiro: O Futuro e o Passado

O conselheiro de uma empresa tem a responsabilidade de olhar tanto para o passado quanto para o futuro da organização. Ele precisa ter uma compreensão profunda de onde a empresa está e de suas condições financeiras atuais, mas também deve ser capaz de projetar a empresa para o futuro, identificando riscos e oportunidades no cenário macroeconômico.

Esse equilíbrio entre o olhar para dentro e para trás e o olhar para frente e para fora permite ao conselheiro tomar decisões que visem o maior bem da empresa: sua longevidade. Ao dominar as finanças e manter-se atualizado sobre as tendências econômicas, o conselheiro garante que a empresa esteja preparada para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem no mercado.

 

Conclusão: A Importância do Conhecimento Financeiro para o Conselheiro

Em resumo, o conhecimento financeiro é uma peça essencial no trabalho de um conselheiro. Ter a capacidade de analisar e supervisionar a saúde financeira da empresa, bem como projetar seu futuro econômico, é o que permite ao conselheiro desempenhar seu papel de forma eficaz e garantir a sustentabilidade e o crescimento da organização.

Para que o conselheiro possa agregar valor à empresa, ele precisa não apenas entender os números, mas também saber interpretá-los e usá-los para orientar a alta gestão. A capacidade de questionar, desafiar e cobrar resultados, aliada ao conhecimento financeiro, é o que permite ao conselheiro liderar com sucesso e garantir o futuro da empresa.

 

 

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