FINANÇAS PARA CONSELHOS
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FINANÇAS PARA CONSELHOS

FINANÇAS PARA CONSELHOS

Parte do PFCC - Programa de Formação e Certificação de Conselheiros da Board Academy Br

Instrutora - Cida Hess

O que conselheiros e conselheiras precisam saber sobre finanças?

O que o S do ESG tem a ver com finanças?

Não sendo especialista na área um membro do conselho consultivo precisa minimamente ter uma visão das informações financeiras disponíveis, entender as demonstrações contábeis e acompanhar as notas explicativas e demais relatórios da empresa.

É preciso ser capaz de fazer leituras do cenário econômico, pensar o orçamento com responsabilidade pelo todo e visão de futuro. Toda empresa deveria ter um plano de negócio e um plano estratégico estruturados para nortear as tomadas de decisão. Cabe ao conselho consultivo fazer essa recomendação.

As decisões financeiras devem ser baseadas em premissas claras, estabelecidas com base em fatos e dados relevantes e com a visão do que realmente gera valor para a empresa e, ainda, o que pode levar a empresa a perder valor.

A avaliação de riscos financeiros de uma empresa não pode prescindir de uma visão multidisciplinar que possa olhar não somente para os números, mas também para as externalidades com potencial impacto financeiro.

Para que as premissas adotadas para a elaboração de orçamentos e provisões sejam assertivas é necessário considerar também os riscos sociais inerentes à atividade da empresa.

Considerar variáveis sociais nas premissas financeiras não é algo trivial e muitos conselheiros, conselheiras, empresários e líderes se quer entendem a relevância delas para os negócios.

Atualmente a robustez da Licença Social para Operar tem sido considerada por investidores e acionistas em suas tomadas de decisão no momento do investimento. Enquanto isso, muitas empresas seguem sem nenhuma tratativa desse tema em sua pauta estratégica.

Quantos conselheiros e conselheiras conhecem esse tema e são capazes de questionar o grau de risco à Licença Social para Operar?

A Licença Social para Operar não está escrita em nenhum documento, ou apresentada em painéis de controle, ela refere-se à ideia de que as empresas também precisam obter o apoio da comunidade ou da sociedade em que operam, é “uma espécie de aprovação da comunidade em relação às operações de uma determinada empresa”.[1] (THOMSON, 2014, n.p.)

Esse termo surgiu a partir da constatação de que os aspectos jurídicos e formais são insuficientes para garantir a operação de qualquer empresa.

No capitalismo de stakeholders as licenças formais, embora imprescindíveis, não são mais garantidoras de que uma empresa poderá realizar as atividades nelas previstas. Há uma crescente necessidade de maior legitimidade na interação entre a empresa, os governos e a sociedade.

O desenvolvimento de atividades econômicas que impactam aspectos de sustentabilidade ambiental e social tendem a comprometer e, em alguns casos, até inviabilizar expansões, operações e a permanência da empresa no mercado.

A ausência da Licença Social para Operar já representa um fator relevante de prejuízos mensuráveis para o resultado das empresas sob a perspectiva econômica e financeira. A gestão desse risco deve ser feita de forma diligente e o conselho e as lideranças devem estar atentos a isso.

Conselheiros e conselheiras precisam olhar para fora, ter visão de mundo e acompanhar os tensionamentos e controvérsias que podem impactar a Licença Social para Operar das empresas onde atuam.

A gestão desse risco muitas vezes se dá cuidando de aspectos óbvios na gestão do impacto e no relacionamento com stakeholders, tendo uma escuta ativa e ampla, praticando a empatia e reconhecendo os anseios da sociedade. 

É necessário estabelecer uma agenda estratégica de gestão dos riscos de modo a evitar ou minimizar prejuízos financeiros.  Para tanto, a empresa precisa incluir na sua estratégia e no seu orçamento a gestão de riscos e impactos socioambientais, a gestão do relacionamento com os stakeholders mapeados e a geração de benefícios e legado positivo nos territórios.

Não cabe mais a obsessão por resultados extraordinários para os acionistas obtidos a qualquer custo. A experiência tem mostrado que mais cedo ou mais tarde essa conta volta em dobro. É preciso gerar valor compartilhado, agregando valor aos acionistas e aos territórios onde atua

Muitas empresas enfrentam crises e sofrem perdas significativas em função da materialização de riscos sociais, muitas vezes não mapeados ou negligenciados em sua governança.

Recentemente escândalos envolvendo violações de direitos humanos, casos de assédio e crimes ambientais tem povoado as páginas dos jornais e temos visto empresas perderem seu valor da noite para o dia.

Gerir os riscos e impactos, mapear, monitorar e se relacionar da forma correta com seus stakeholders e gerar um legado positivo são premissas básicas para a Licença Social para Operar e devem nortear a estratégia da empresa de forma prática.

Não se pode falar que uma organização possui um modelo de governança robusta se ela não cuida dos seus riscos sociais. O ESG não é apenas uma sigla é uma urgência, o G não existe sem o S e o E!

Cabe ao conselho consultivo olhar para essas questões e recomendar a inclusão dessa visão na perspectiva da sustentabilidade dos negócios e saúde financeira das empresas.


[1] THOMSON, I. Pela política da boa vizinhança. Ideia Sustentável, São Paulo, 31 jan. 2014. Entrevista concedida a Poliana Abreu. Disponível em: . Acesso em: 30 nov. 2014


Cida Hess

Transformation to Strengthening the Decision-Making require Action!

1 a

Flávia Soares, extremamente importante o tema "Licença Social para Operar"!! Parabéns pelo excelente artigo, relevância e quero fazer parte dessa jornada de conscientização!! Conte comigo! ❤️

Elizabeth de Castro Santos

Meio Ambiente | Gestão de Projetos | Coordenação | Segurança do Trabalho | ESG | Sustentabilidade

1 a

Perfeito Flávia, não tem como neglicenciar a gestão de risco, em todas as suas disciplinas. No que tange a licença social para operar, esta têm se tornado cada vez mais, um fator necessário para a segurança das operações dos empreendimentos. Parabéns pelo artigo!

Simone Picarelli

Sustainability and Environmental Strategy | Mine Closure | ESG | New Business Models| Legacy Asset | Circular Economy | Certified Risk Professional

1 a

Grande verdade Flávia. A análise do risco do processo via de regra não tem uma visão multitecnica e disciplinar não mapeando adequadamente os riscos.

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