Finanças para Conselhos - Programa de Formação e Certificação de Conselheiros da @Boardacademybr
O Conselho é parte do núcleo central da Governança Corporativa. O conselheiro desempenha uma função determinante quanto ao direcionamento estratégico com foco na saúde financeira, essencial para a perpetuação do negócio. Ainda que se trate de um Conselho Consultivo, para o qual não há exigência legal de existência, o conselheiro consultivo tem a obrigação moral de pautar sua atuação na ética para cumprir o seu papel.
A responsabilidade dos Conselheiros
O código de boas práticas de governança corporativa do IBGC, que se baseia nos pilares da equidade, transparência, prestação de contas e responsabilidade corporativa atribui aos conselheiros o dever de incentivar as boas práticas. Compreendendo melhor o significado destes pilares, a equidade é o dever de tratar todas as pessoas de forma igualitária, a transparência é o dever de disponibilizar os relatórios financeiros ao público de interesse, a responsabilidade corporativa é o cuidado pela organização tendo em vista a longevidade e a prestação de contas afirma que os atores da governança devem assumir as consequências de seus atos, inclusive as omissões. Os três últimos pilares remetem aos indicadores financeiros. Portanto, conselheiros devem estar capacitados a analisa-los e extrair deles os sinais de saúde ou falta dela.
Planejamento orçamentário
O orçamento é composto por um mapa que define as receitas e despesas previstas para um dado período. Deve conter a previsão de vendas, gastos com a contratação de pessoas, aquisição de insumos, energia e serviços necessários à eventual transformação para o caso de indústria e custo do esforço de vendas. O plano exibe o comportamento previsto da operação e do fluxo de caixa. O acompanhamento mensal permite a tomada de decisões para corrigir a rota ou pelo menos reduzir os desvios na busca pela meta principal.
Demonstração de Resultados
Aqui não vamos abordar as exigências de entregas legais, as quais obviamente devem ser cumpridas, nem tampouco entrar em pormenores como a diferença entre custo e despesa, pois o relatório tem um valor que vai muito além para fins gerenciais. Nele devem ser demonstrados a as receitas, os gastos e o lucro, para um determinado período, comparados às previsões orçamentárias. Um infográfico bastante útil é a análise das mudanças (change analysis), que demonstra quais fatores influenciaram o valor de orçamento para mais ou para menos até chegar no valor realizado. Os principais fatores desta análise são preço, volume, gastos com matérias primas, gastos com mão de obra, variações de câmbio e outros de interesse específico de cada negócio. Esta análise permite uma compreensão clara de quais fatores causaram os maiores desvios e resulta em importante instrumento para a tomada de decisões a fim de reduzir os desvios. Comparações contra períodos anteriores realizados, respeitadas as sazonalidades também constituem informações relevantes para formar decisões. Um indicador particularmente interessante deste relatório é o EBITDA, sigla composta pelas letras iniciais das palavras em inglês, para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, pois ele representa a geração operacional de caixa.
Balanço Patrimonial
Igualmente ao anterior há obrigações legais a cumprir, mas este não é o foco deste artigo. O relatório oferece uma visão bem objetiva da saúde financeira. Composto pelo ativo, o que a empresa possui e pelo passivo, que são as obrigações a cumprir. Sem esta fotografia decisões erráticas podem ser tomadas. O ativo divide-se em Circulante, que pode ser convertido em dinheiro no curto prazo e Ativo Fixo ou Não Circulante, que não pode ser convertido em dinheiro no curto prazo. De modo similar, o passivo divide-se em Circulante e Não circulante, sendo o prazo de vencimento das obrigações que separa estas duas partes. Decorre-se daqui que o ativo circulante deve ser suficiente para cobrir o passivo circulante, contrário não haverá recursos suficientes para cobrir as obrigações.
Além dos indicadores financeiros
A análise do resultado econômico e financeiro da empresa está entre as principais prioridades do Conselho, seja ele Administrativo ou Consultivo. Contudo, isso não basta. A nova economia compele as empresas a um propósito maior, que dê o mesmo nível de atenção a todos os stakeholders. Os temas de ESG caminharam para o centro da estratégia. Negligenciá-los é fazer a empresa perder valor. Em meu artigo Capitalismo Consciente & Sustentabilidade referente à aula ministrada pela Professora Francine Povoa, cujo link segue nas referências, o tema é abordado. Estudo comparativo de longo prazo, elaborado por Raj Sisodia, quanto ao crescimento de um grupo de empresas humanizadas, que adotam as práticas do capitalismo consciente e outro grupo de empresas da S&P500 mostra que as primeiras obtiveram resultados substancialmente maior. Este trabalho evidencia que a incorporação dos temas de ESG alavancam o resultado econômico-financeiro ao invés de sacrificar uma fatia dele, como muitos criam anteriormente.
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Conclusão
Este artigo não tem a pretensão de esmiuçar os relatórios contáveis e econômico-financeiros. O alvo é trazer à luz a importância que eles oferecem para fins de compreensão da saúde da empresa e como eles permitem a tomada de decisões ao longo da execução do planejamento na perseguição da meta principal. Conselheiros são chamados a cumprir o seu dever de deliberar ou fazer recomendações, conforme o tipo de conselho, de modo assertivo em favor do melhor para a empresa não somente no curto prazo, como também assegurando a perenidade dela.
Referências
Artigo Capitalismo consciente & sustentabilidade
Sisodia, Raj; Mackey, John. Capitalismo Consciente como libertar o espírito heróico dos negócios. 2018
Sisodia, Raj et al. Capitalismo Consciente: Guia Prático. Curitiba: Vôo, 2018.
Farias Souza, BOARD Marcelo Simonato, BOARD Eduardo Gomes, MBA, CCA IBGC Udo Kurt Gierlich Nilton Pedreira Cida Hess
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Transformation to Strengthening the Decision-Making require Action!
1 aGilberto Zanlorenzi , excelente! 👏🙌