Fracasso eficiente e a cultura do experimento

Fracasso eficiente e a cultura do experimento

Vocês já ouviram falar em “fracasso eficiente”? Jake Knapp traz esse conceito no livro “Sprint — o método usado no google para testar e aplicar novas ideias em apenas cinco dias”. Fracassar de forma eficiente me fez pensar sobre como é importante nos prepararmos para os fracassos, muito mais do que para o sucesso de um experimento. É sobre isso que vou falar aqui.

O título desse livro é autoexplicativo, né? Utilizando as premissas básicas do design thinking (imersão, ideação e prototipagem) o design sprint é uma forma muito interessante de inovação acelerada. O sprint levantado no livro consiste em, basicamente, um manual passo a passo, extremamente didático e prático, de uma técnica de validação de ideias em um projeto, por meio da prototipação rápida e intensa em apenas cinco dias.

Após identificar o problema, esboçar soluções, tomar decisões e construir um protótipo realista, Jake relata, com bons exemplos, como ideias geniais não alcançaram a assertividade que se imaginava. Mas isso não é problema para um sprint como esse. Talvez a melhor parte dessa experiência seja o fato de que a gente nunca sai perdendo, mesmo que o protótipo não valide a ideia inicial.

No livro Jake traz o exemplo do Slack — programa de troca de mensagens para empresas — que tinha como objetivo simplificar a forma de explicar o Slack para novos usuários. Dentro do sprint, o time identificou duas soluções possíveis: a primeira que se tratava de um “Tour completo”, uma explicação passo a passo do software e a segunda de uma “Equipe de boots”, que trocaria mensagens automáticas com o novo usuário explicando a ferramenta. Ambas soluções tinham como finalidade resolver o problema dos usuários que achavam o Slack difícil de mexer.

No entanto, após testar as soluções, a equipe obteve dois resultados. O primeiro foi a descoberta de uma solução que não funcionava, que acabou economizando meses de trabalho de programação e reduzindo custos absurdos. O segundo foi um protótipo que carecia de aperfeiçoamento.

A equipe recolheu os aprendizados e três semanas depois voltou com uma versão melhorada do “Tour completo”. Dito e feito: o novo site foi compreendido e aceito pelos usuários que testaram. Logo em seguida, o Slack construiu e já colocou no ar.

Eu poderia detalhar o experimento e falar sobre como a solução foi um sucesso, mas esse artigo vai focar num momento específico. Embora o time tenha se empenhado para identificar duas soluções interessantes para o problema, ambas não foram inicialmente assertivas. Parece frustrante e quem vê de fora pode não entender. Mas independente de um experimento solucionar ou não a dor do cliente, ele sempre está nos preparando para o sucesso. É como se a cada fracasso, subíssemos um degrau rumo a solução ideal.

Percebo que a grande sacada aqui é, definitivamente, errar para aprender. Fracassos trazem a oportunidade de enxergarmos o problema sob uma nova perspectiva e ajudam a redefinir prioridades.

“Os resultados não seguem um modelo exato. Você pode ter fracassos eficientes que são boas notícias, sucessos com falhas que precisam ser resolvidas, e diversas outras combinações.”


Por isso é tão importante não se apegar ao protótipo e confiar no que se vê. Se os testes demonstram que a sua ideia não é válida para resolver o problema encontrado lá no começo do sprint, esteja atento para recolher o máximo de aprendizado possível e partir para outra solução. Quando se trata de experimento, é sempre um ganha-ganha e uma hora você vai chegar lá!

Realizar experimentos significa ver muitas ideias florescerem e muitas outras falharem. O fracasso é um aspecto imperativo na cultura de experimentação. Empregar mudanças rápidas e eficientes junto de ideias inovadoras, é o que pode ajudar na implementação de boas ideias. Isso é fracassar de forma eficiente!

Esse artigo foi originalmente publicado no Medium. Me segue lá! :)

Gianne Rosa

Sócia na Mosimann-Horn Advogados | Proteção de dados e Cibersegurança

2 a

Parabéns pelo conteúdo, Mel! Já quero ler o livro

Tudo é aprendizado, sempre! Texto bastante reflexivo e bem escrito. Parabéns, Mel! 

Muito boa a reflexão Mel! Concordo muito que o "fracasso" seja sim ganho de experiência e oportunidade de evolução, em todos os segmentos/produtos/empresas! Não poderia concordar mais, parabéns ❤ Ps.: quero ler o livro

Camila Meneghetti

Senior Product Manager | Product Mentor | Artificial Intelligence

2 a

Mel, parabéns pelo conteúdo 💙 é sempre soube se apaixonar pelo problema e não pela solução

Fabricio Corrieri Bizonin

Product Manager | UX/UI Designer | Bubble NoCode Enthusiast

2 a

Fazia tempo que não lia algo que fizesse tanto sentido! Hoje a maior parte das empresas só pensam em entregar algo, sem ter confiança no que vai entregar, apenas achismos. Experimentar é preciso e como tu mesmo colocou, o experimento pode ser validado ou não. E caso não seja, pelo menos a empresa deixou de gastar meses de trabalho e dinheiro em algo sem serventia, não é? Parabéns pelo texto! 👏🏻

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