Como a pandemia pode influenciar na sua privacidade
Informação é poder, isso todo mundo sabe. Há pouco menos que 5 anos ainda me questionava sobre como, subitamente, um anúncio de TV 42 polegadas aparecia no feed do facebook logo após comentar que precisava de uma. Estaríamos sendo vigiados através dos nossos celulares?
O tempo passou e esse tipo de estratégia de venda imergiu na nossa rotina. Hoje basta comentarmos sobre um determinado produto, que já somos bombardeados de anúncios pagos. Acontece que o setor da tecnologia da informação não tem servido apenas aos interesses comerciais de grandes empresas. A crise do coronavírus têm mostrado como a tecnologia pode ser útil no combate e controle da pandemia, se tornando um grande aliado dos órgãos públicos nessa luta.
Em um artigo publicado pelo jornal inglês Financial Times, Yuval Noah Harari - autor do livro “Sapiens, Uma breve história da humanidade” prevê que, mesmo que a tecnologia se apresente como um aliado nessa luta, a humanidade tende a ficar exposta a dilemas éticos importantes. Aqui, resumo a principal aposta do historiador sobre como a crise atual e a falta de cooperação da população pode acarretar em transformações significativas nas políticas de vigilância.
Harari levanta que, num futuro não tão distante, um dos pontos mais polêmicos sobre o combate ao vírus poderá ser a utilização da vigilância biométrica como justificativa para medidas autoritárias.
Sabemos que para interromper uma pandemia, sociedades inteiras precisam obedecer determinadas diretrizes. Evitar aglomerações, realizar isolamento social e controlar a circulação de pessoas em locais públicos são alguns exemplos de determinações já impostas, inclusive no Brasil.
Para facilitar o cumprimento de medidas parecidas, muitos países já utilizam tecnologias de geoprocessamento para garantir as ordens de isolamento da população. Na Coreia do Sul, por exemplo, quando um indivíduo é diagnosticado com o vírus, o governo é capaz de monitorar o histórico do seu cartão de crédito, identificando os locais onde essa pessoa esteve nos últimos dias. A partir disso, é possível cruzar a trajetória feita com o de outras pessoas e emitir alertas para os demais que possivelmente foram contaminados.
Infelizmente a falta de cumprimento das medidas brandas por parte da população para conter o avanço, pode abrir margem para a adoção de medidas mais severas. É por isso que o Harari acredita que o grande dilema dessa década será escolher entre vigiar a população de forma autoritária ou empoderar o público com informação transparente e livre de interesses políticos. “Tecnologias imaturas e até perigosas são colocadas em serviço porque os riscos de não fazer nada são maiores. Países inteiros servem como cobaias em experimentos sociais em larga escala.” afirma.
Responda rápido: você prefere privacidade ou saúde? Pois é, a segunda opção também me parece inquestionável. Mas se não tomarmos cuidado, essa pandemia pode justificar o surgimento acelerado de regimes autoritários.
Se empresas e governos começarem a coletar nossos dados biométricos em massa, eles podem nos conhecer melhor que nós mesmos, não só prevendo nossos comportamentos de consumo, mas manipulando o que sentimos, o que vestimos e quem apoiamos politicamente. Indo um pouco além, um Estado que toma medidas mais severas de controle, pode tranquilamente controlar nossas ações. E aí nossa liberdade de expressão e nosso direito de ir e vir podem ser questionados.
Então como evitar que medidas autoritárias sejam tomadas?
Para superar uma pandemia como essa, é preciso confiar nas autoridades e nos especialistas científicos. Se a população tem acesso a informação segura e se conscientiza sobre a importância de acatar as medidas impostas pelo Estado, não é necessário uma estrutura de vigilância que controle nossos passos. Harari diz que a melhor decisão que líderes estatais podem tomar na atual conjuntura mundial é munir as pessoas de informação correta, com embasamento científico, para que a saúde de cada um seja zelada.
Por fim, refletiremos sobre o que o próprio autor diz “uma população motivada e bem informada é geralmente muito mais poderosa e eficaz do que uma população ignorante e policiada.”
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Founder @seamebrand
4 aQue texto, que viés sensacional de ser pensado. Realmente, o sentimento de que somos vigiados o tempo todo existe, e causa certa inquietação. Por outro lado, informação o tempo todo, mas muita informação deturbada, corrompida e nem sempre bem interpretada. O sentimento é de que estamos numa sinuca de bico onde, concordo com o Fabrício, devemos ficar atentos. Há muita importância em levantar, refletir e debater questões como essa.
Product Manager | UX/UI Designer | Bubble NoCode Enthusiast
4 aImportante pensar nisto, até quando deve ir o limite do estado mesmo que seja por um motivo importante. Será que todos fins justificam os meios? Será que a sociedade está realmente pronta para utilizar esses dados apenas para o uso correto? Quanto ficaríamos expostos com isso? Perguntas que precisamos e devemos ficar atentos.