França teme migração e ataque terrorista após chegada de Talibã ao poder no Afeganistão
Por Maria Paula Carvalho
Com feição séria, rosto fechado, o presidente francês Emmanuel Macron discursou na televisão na noite desta segunda-feira (16) para tratar de uma “mudança histórica com consequências para a comunidade internacional”, conforme definiu o chefe de Estado a queda de Cabul, capital do Afeganistão.
“Após 20 anos de cooperação internacional, iniciada logo após o ataque das torres gêmeas, em Nova York, o futuro do Afeganistão é incerto”, disse o presidente, destacando que a França esteve presente na coalizão dos países ocidentais de 2001 a 2014, a fim de combater a ameaça terrorista.
“O Afeganistão não pode voltar a ser um santuário da ameaça terrorista”, clamou, destacando que a intervenção francesa terminou em dezembro de 2014, seguida de uma operação civil junto ao povo afegão.
Macron se dirigiu, especialmente, “aos que combateram nessa guerra, às suas famílias” e relembrou os 90 soldados franceses mortos. “O combate não foi inútil”, disse ele, acrescentando que “a situação agora se degrada brutalmente” no Afeganistão, de onde o presidente já se retirou e os voos comerciais foram cancelados.
A urgência, disse, “é de colocar em segurança nossos compatriotas e os afegãos que atuaram ao lado da França”. Emmanuel Macron anunciou o envio de dois aviões militares ao país e prometeu iniciativas alinhadas com as forças ocidentais para “lutar contra as atividades terroristas”, acrescentando que “o Conselho de Segurança das Nações Unidas deve apresentar uma resposta”.
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Risco de fluxo migratório irregular em direção a Europa
Macron afirmou estar alinhado com as autoridades da Alemanha numa iniciativa capaz de “dar uma resposta robusta, coordenada e unida para combater os fluxos migratórios na Europa”. O objetivo é “defender os princípios e valores que nos tornam o que somos” completou.
De acordo com o presidente francês, em 2001 o Afeganistão “já era um país atormentado”. E prometeu defender a “liberdade de escolha e de consciência”.
“Os afegãos estarão expostos a provas terríveis”, disse. “As mulheres [afegãs] têm direito de viver em liberdade e com dignidade”, acrescentando que a França “continuará ao lado da sociedade civil” afegã. Por fim, Macron afirmou que “os que preferem a guerra, escolherão o isolamento”.
“A França fará de tudo para que os Estados Unidos, a Rússia e a Europa atuem juntos, porque têm os mesmos interesses”, concluiu.
Professor da UniverCidade
3 aIndignação inconsequente