G20 e o papel do Brasil no protagonismo global

G20 e o papel do Brasil no protagonismo global

Durante esses dias, estou tendo a oportunidade de estar no Rio de Janeiro, reforçando os olhares atentos do mundo todo aqui para o Brasil. Os líderes do G20 estão reunidos  em um momento crítico para o planeta, com múltiplas crises, sejam políticas, sociais, ambientais e econômicas. Apesar de ser um encontro extremamente diplomático, o debate entre as maiores economias do mundo é extremamente importante para transformar palavras em ações concretas . A declaração final desse encontro reforçou compromissos urgentes em relação ao desenvolvimento sustentável, às mudanças climáticas e à reforma da governança global. Abaixo compartilho alguns pontos importantes que irão influenciar decisões globais e consequentemente impactar a vida da sociedade como um todo.

Desenvolvimento Sustentável: Erradicando a Fome e a Pobreza

Um dos principais destaques foi o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma coalizão global que reúne 82 países. A iniciativa ao meu ver é uma grande vitória para o Brasil, visto que era uma pauta prioritária do governo. A Aliança um chamado à ação para enfrentar a insegurança alimentar crescente e reverter as desigualdades que marcam nosso tempo. A Aliança vai priorizar transições inclusivas e justas e opera por meio de três pilares: nacional, financeiro e de conhecimento, projetados para mobilizar e coordenar recursos para políticas baseadas em evidências adaptadas às realidades de cada país membro.

Ainda mais ousada foi a proposta de cooperação internacional para taxar superricos, um movimento que visa financiar programas sociais em escala global. Esta abordagem, que já temos ouvido por algum tempo, reflete a urgência de se enfrentar as desigualdades econômicas exacerbadas pela pandemia e pela crise climática.

Mudanças Climáticas e Transições Energéticas

Na pauta ambiental, o G20 reafirmou compromissos para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, com destaque para o financiamento climático e a ampliação de energias renováveis. A meta de triplicar a capacidade global de energias renováveis até 2030 é ambiciosa, mas essencial. Países em desenvolvimento, frequentemente os mais vulneráveis aos impactos climáticos, receberão apoio específico para suas transições energéticas.

Além disso, os líderes concordaram em negociar uma nova meta financeira climática na COP29, o que pode impulsionar ações concretas nos países mais necessitados. Esse esforço, entretanto, só terá impacto real se a cooperação internacional for acompanhada de responsabilidade compartilhada e transferência de tecnologias.

Reforma da Governança Global

Outro ponto crucial foi o chamado para reformar instituições centrais da governança global, como o Conselho de Segurança da ONU, também um tema forte puxado pelo governo brasileiro. Tornar o conselho mais representativo e eficiente é vital para enfrentar os desafios do século XXI, desde a manutenção da paz até a gestão de crises globais, como mudanças climáticas e segurança alimentar.

A reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento também foi uma pauta prioritária. A necessidade de ampliar o acesso ao financiamento para projetos sustentáveis, especialmente em países em desenvolvimento, foi reconhecida como indispensável. Essa reforma tem o potencial de reconfigurar a arquitetura financeira internacional para apoiar ações transformadoras.

O Papel do Brasil na Liderança Global

Sob a presidência brasileira, o G20 adotou uma abordagem inovadora. A inclusão da sociedade civil, por meio da Cúpula Social do G20, foi um exemplo de como governos e atores não estatais podem colaborar na construção de soluções globais. Além disso, o foco em questões como fome, pobreza e clima coloca o Brasil em uma posição de liderança moral e estratégica no cenário internacional.

Embora a declaração final do G20 traga um discurso promissor, as críticas persistem. Há quem questione a capacidade dos líderes globais de traduzir compromissos em ações concretas. De fato, o histórico de declarações anteriores do G20 sugere que o verdadeiro teste ainda está por vir.

O mundo está em um ponto de inflexão. Temos as ferramentas, os recursos e o conhecimento necessários para resolver muitos dos problemas que enfrentamos, mas falta-nos, muitas vezes, a vontade política e o senso de urgência para agir.

As decisões tomadas no Rio de Janeiro têm implicações profundas, tanto globais quanto locais. À medida que as discussões evoluem, é essencial que governos, empresas e cidadãos se comprometam com a implementação de soluções práticas.

A pergunta que fica é: como cada um de nós, em nossas esferas de atuação, pode contribuir para que essas promessas globais se tornem realidade?

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