Geração Z: Desafios e Choques de Cultura no Mercado de Trabalho.

Introdução

A entrada da Geração Z no mercado de trabalho traz desafios e novas oportunidades de aprendizado tanto para esses jovens quanto para líderes e executivos. Nascida entre meados dos anos 1990 e o início de 2010, essa geração apresenta comportamentos que contrastam com práticas tradicionais, especialmente no contexto pós-pandemia, onde o home office e as interações virtuais são cada vez mais comuns. Executivos relatam, com frequência, que percebem na Geração Z uma abordagem mais flexível com relação à hierarquia e normas, além de uma comunicação direta que, em muitos casos, é vista como arbitrária.

Comportamentos Observados e Percepções dos Executivos

Em mentorias e treinamentos, alguns líderes expressam queixas sobre como a Geração Z lida com o trabalho. Entre as observações mais comuns estão a aparente falta de respeito por hierarquias estabelecidas, uma flexibilidade em relação às regras e uma comunicação considerada pouco diplomática. Essas percepções podem refletir a formação desses jovens em um ambiente digital, onde a horizontalidade e a agilidade na troca de informações são altamente valorizadas. Para executivos acostumados com estruturas hierárquicas rígidas, esses comportamentos podem parecer desafiadores.

Impacto da Pandemia e Adoção do Home Office

A pandemia de COVID-19 acelerou a transição para o trabalho remoto, afetando significativamente a Geração Z. Muitos desses jovens começaram suas carreiras durante a pandemia, o que os privou da experiência de um ambiente de trabalho tradicional e presencial. Uma pesquisa realizada pelo LinkedIn revelou que 70% dos profissionais da Geração Z acreditam que o home office pode impactar negativamente seu crescimento profissional, especialmente pela falta de interações presenciais com colegas e mentores mais experientes (g1.globo.com).

Adicionalmente, 72% dos jovens profissionais sentem que a pandemia prejudicou o desenvolvimento de habilidades comportamentais, como a comunicação interpessoal e a inteligência emocional, que são essenciais para o avanço na carreira. Esses dados refletem uma preocupação crescente sobre o impacto do trabalho remoto no desenvolvimento de soft skills, fundamentais para o ambiente corporativo (g1.globo.com).

Reflexões e Ações para Executivos e Jovens Profissionais

Para facilitar a adaptação mútua e promover um ambiente de trabalho harmonioso, algumas práticas podem ser adotadas por ambas as partes:

• Para Executivos:
• Flexibilizar abordagens de gestão: Considerar a comunicação direta e a busca por propósito como características inerentes dessa geração, e não como sinais de desrespeito. Estudos indicam que a Geração Z é impulsionada pelo desejo de encontrar sentido no trabalho e de estar em ambientes colaborativos e horizontais (Smith & Anderson, 2018; Twenge, 2017).
• Investir em programas de mentoria: Oferecer orientação para alinhar expectativas e ajudar a Geração Z a entender a importância de certas estruturas organizacionais e de processos formais.
• Criar oportunidades para o desenvolvimento de soft skills: Incentivar o crescimento das habilidades interpessoais e de resolução de conflitos, com foco em situações que simulam o ambiente presencial.
• Para Profissionais da Geração Z:
• Compreender o valor das normas e da hierarquia: Essas estruturas são essenciais para a realização dos objetivos comuns e para garantir a organização interna.
• Adaptar a comunicação ao ambiente profissional: Ajustar o tom e o nível de formalidade de acordo com o contexto e as expectativas dos colegas e superiores.
• Buscar aprendizado contínuo com os mais experientes: Valorizar o feedback e as oportunidades de crescimento que a convivência intergeracional proporciona, desenvolvendo uma visão mais ampla sobre a cultura organizacional.

Conclusão e Prospecção para o Futuro

A Geração Z, com sua adaptabilidade e fluidez no ambiente digital, traz uma perspectiva inovadora para o futuro do trabalho. Contudo, o desafio de equilibrar suas expectativas com as tradições corporativas demanda um ajuste cultural de ambas as partes. À medida que as empresas se adaptam para acolher essa geração, é provável que vejamos uma transição gradual para modelos de gestão mais flexíveis e híbridos, onde a liderança horizontal e o feedback constante terão um papel central.

Essa convergência cultural pode criar um ambiente de trabalho mais inclusivo e dinâmico, onde a inovação e a experiência coexistem. Estudos prospectivos sugerem que, nos próximos anos, empresas que investirem em programas de integração intergeracional e no desenvolvimento de soft skills terão maior sucesso em reter talentos da Geração Z, além de fortalecer a coesão entre equipes multigeracionais (Twenge, 2017; Smith & Anderson, 2018).

E você, como está lidando com a entrada da Geração Z no mercado? Compartilhe suas experiências e reflexões nos comentários!

por Dra. Nazareth Ribeiro, PhD. Mentora de lideres, Profissional de relatórios sustentáveis pela COPPEAD UFRJ e profa. dos MBAs da Fundação Getulio Vargas

Referências:

• "7 em cada 10 profissionais da geração Z acreditam que home office pode impactar crescimento profissional." G1, 13 de outubro de 2021. (g1.globo.com)
• "Home office gera ansiedade entre os jovens da geração Z, mostra pesquisa." Época Negócios, 11 de dezembro de 2023. (epocanegocios.globo.com)
• "Geração Z e o desafio da autonomia no mercado de trabalho." Folha Vitória, 2 de novembro de 2024. (folhavitoria.com.br)
• Smith, A., & Anderson, M. (2018). Social Media Use in 2018. Pew Research Center.
• Twenge, J. M. (2017). iGen: Why Today’s Super-Connected Kids Are Growing Up Less Rebellious, More Tolerant, Less Happy–and Completely Unprepared for Adulthood–and What That Means for the Rest of Us. Simon & Schuster.