Gestão de Pessoas no Setor Público – Ambientação

Gestão de Pessoas no Setor Público – Ambientação

Como diz o ditado popular, “a primeira impressão é a que fica”!

Ainda que essa “primeira impressão” possa nem ser tão definitiva assim, vindo a mudar para pior ou para melhor ao longo do tempo, ao ingressarmos numa organização, é sempre desejável que essa primeira impressão seja a melhor e a mais impactante possível.

Na área pública, como o processo de Recrutamento & Seleção (R&S) ocorre majoritariamente por concursos públicos e esses concursos, via de regra, são realizados quando se há um “estoque de vagas” devido a aposentadorias e desligamentos voluntários, é comum que haja um grande volume de admissões concentrado no tempo e depois, enquanto o concurso estiver válido, são realizadas algumas admissões avulsas em função de novas vagas que surgiram no período. Em algumas organizações públicas, os novos contratados participam de um evento de ambientação para aqueles que entraram na “primeira onda” de contratações, mas muitas vezes, o mesmo não acontece para as contratações “avulsas” e nem para aqueles que ingressam esporadicamente em cargos de livre provimento.

Mais importante do que realizar um evento pontual de ambientação, é importante que se tenha um programa de ambientação de novos empregados ou servidores públicos bem estruturado para fazer com que esses novos colaboradores tenham a melhor “primeira impressão” possível da organização, conhecendo sua missão, visão de futuro, diretrizes, processos de trabalhos, cultura, estrutura organizacional e lideranças.

Todavia, na grande maioria dos casos, não é o que acontece. Não raro, os recém-concursados são contratados, tomam posse em seus cargos, mas não passam por nenhum processo, de ambientação e de conhecimento da organização onde irão trabalhar. Muitas vezes, os novos colaboradores nem mesmo dispõem imediatamente de infraestrutura básica de trabalho (mesa, computador, telefone etc.). Raramente lhes é apresentada a estrutura organizacional, o quem é quem, as instalações da organização ou nem mesmo uma rodada de apresentação de seus futuros colegas de trabalho acompanhados por alguém da área de Recursos Humanos. 

Naturalmente, isso não é uma regra. Há organizações públicas, principalmente algumas autarquias, empresas públicas ou de economia mista, onde há programas estruturados de ambientação de novos colaboradores. Não apenas por causa disso, mas também por causa desse “ingresso organizado”, essas organizações são exatamente aquelas onde se observa maior sentimento de pertencimento e de orgulho de fazer parte do time. Voltamos assim ao mito da “primeira impressão é a que fica (ou tende a ficar)”...

A ambientação de novos colaboradores é uma fase importante na construção da identidade funcional e institucional. É nesse momento que os colaboradores são apresentados de fato à organização onde passarão a trabalhar. Vale lembrar que os vínculos profissionais de empregados e servidores públicos tendem a ser longos, uma vez que a rotatividade é baixa e a tendência é de virem a se aposentar no órgão em que ingressou, após muitos e muitos anos de trabalho. 

A título de exemplo, a pior ambientação que já vi, em cerca de vinte anos na área, foi a fala de uma colaboradora do RH de uma organização pública indagando ao recém-contratado, logo após sua posse e antes de encaminhálo para sua área de lotação, o que ele estava fazendo ali, pois aquele local era o pior local para se trabalhar. Depois, vim a descobrir que ela repetia esse discurso para todos que chegavam. O que se pode esperar de alguém que recebe logo na chegada tal cartão de visitas institucional?

Ailton Dias (Consultor e Executivo de Gente e Gestão Empresarial, Docteur en Sciences)

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