Gestor de Pessoas, você sabe com quem está falando?

Gestor de Pessoas, você sabe com quem está falando?

Não! Este não será um texto para falar da arrogância da pergunta acima – geralmente, usada como recurso retórico, para intimidação e constranger o interlocutor a fim de alcançar algum objetivo (popularmente conhecida como “carteirada”). Este texto faz uma pergunta objetiva ao Gestor de Pessoas: se ele, realmente, sabe quem é o objeto de sua gestão.

(pausa para uma contextualização)

Meu trabalho em tecnologia da informação deu-me, ao longo da carreira, a oportunidade de participar e familiarizar-me com universos – alguns mais, outros menos – restritos. Foi assim em relação à Engenharia Aeronáutica, à Engenharia de Automação, à Logística, ao Direito, à Televisão por Assinatura e, ultimamente, à Psicologia.

Em meu trabalho junto à Vetor Editora, tenho conhecido a utilidade da Psicologia (e de algumas especialidades como Psicopedagogia, Neuropsicologia, Orientação Profissional etc.) no dia a dia e, especialmente, na qualidade de vida das pessoas. Todo mundo, em algum momento, beneficiou-se de conhecimentos e contribuições da Psicologia ou dessas áreas mencionadas, que podem ser notadas, por exemplo, no trânsito, na segurança pessoal / patrimonial, na aviação, na educação, na gestão empresarial entre outras.

Um dos principais instrumentos usados para auxiliar esses profissionais é a chamada testagem e, em um conceito mais amplo, a avaliação. Pessoas em suas atividades profissionais podem e devem ser periodicamente testados e avaliados, para aferir algumas de suas características mentais, emocionais, além de identificar possíveis áreas de atenção, que podem afetar a motivação, a produtividade, a eficácia e mesmo a integridade física de pessoas em diversas áreas e situações do cotidiano.

(feita a contextualização, sigamos)

Dessa forma, profissionais que fazem gestão de pessoas precisam conhecer... as pessoas que estão ou estarão sob sua gestão – e isso não é tarefa fácil.

No primeiro momento, o aspecto que mais chama a atenção do gestor é o comportamento da pessoa – a maneira como ela age e reage às situações diárias – e de que forma essa maneira de fazer as coisas afeta a qualidade das tarefas executadas e, o clima entre as pessoas e na organização como um todo. Pode-se dizer que o comportamento é a porção visível de uma pessoa.

Em uma linguagem emprestada da biologia, podemos dizer que o comportamento é o fenótipo (conjunto de traços observáveis e mensuráveis de um indivíduo).

Avançando na analogia, o fenótipo é o resultado da interação do ambiente (fatores ambientais e estilo de vida) com o genótipo. E, nesse sentido, podemos dizer que o genótipo relacionado ao comportamento de um profissional é composto de certos aspectos cognitivos (especialmente memória, atenção, raciocínio) e de personalidade. Aspectos cognitivos e de personalidade (o genótipo), em boa parte das vezes explicam ou dão pistas importantes para o comportamento (fenótipo) de um profissional.

Nesse momento, aparecem como protagonistas os testes psicológicos, com os quais passei a conviver nos últimos anos – seus componentes, sua construção e seu processo de validação.

Futuramente, pretendo escrever sobre o processo de construção e validação de um teste – que é criterioso, rigoroso, cauteloso e conduzido por profissionais especializados em várias áreas da ciência.

Mas quero ater-me ao objetivo desta reflexão – que é destacar a importância fundamental dos testes de aspectos cognitivos e de personalidade para o gestor de pessoas, em complemento à análise comportamental do indivíduo.

Muitas vezes, o comportamento é resultado direto de características cognitivas de um indivíduo.

Pense consigo mesmo: alguma vez na sua vida, sua ação ou reação a alguma ocorrência inesperada foi afetada pelo seu estado de atenção naquele determinado momento? Se a resposta foi sim (e acho que foi), eis aí um caso claro do genótipo determinando o fenótipo e que, no ambiente de trabalho, pode fazer toda a diferença em uma situação crítica. Se falarmos de aspectos relacionados à personalidade, como neuroticismo, extroversão, amabilidade, conscienciosidade e grau de abertura à experiência, a coisa vai mais longe.

Portanto, se você faz gestão de pessoas ou presta serviço para quem tem esse tipo de responsabilidade, considere firmemente avaliar esses aspectos, em complemento à análise do comportamento de um profissional. Ela pode ser a diferença entre ter “um problema na equipe” e ter uma pessoa certa, no lugar certo e, sobretudo, gerido da maneira certa.


Nota: este texto teve a colaboração preciosa do Alexandre Serpa , que fez aquela leitura básica para eliminar algumas (por assim dizer) "inconsistências técnicas" no que estava escrito. Obrigado, meu amigo!

#gestão #pessoas #gestãodepessoas #rh #testes #avaliação


Alexandre Gomes Toledo

Sales Executive Brazil - NEMO GROUP | Líder The Climate Reality Project | Corredor-guia de Atletas com Deficiência na Visão

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