Governança corporativa na fase de ideação de uma startup

Governança corporativa na fase de ideação de uma startup

Afinal, uma startup em fase de ideação precisa de governança corporativa?

Essa é uma dúvida muito comum entre empreendedores que apostam na inovação, mas querem mitigar os riscos do negócio. 

A resposta direta para essa pergunta é: sim, você precisa – a menos que não esteja preocupado com a estatística da “curva da mortalidade”.

Explico melhor as razões a seguir.

Qual a importância da governança corporativa para startups?

“A governança corporativa é uma maneira genuína e sincera de administrar uma empresa”, mesmo que essa empresa esteja na fase de ideação – o marco zero das startups. 

A definição é de Marcos Perillo, CFO da Conta Azul e nosso convidado em uma série sobre o assunto no podcast Por Dentro do Foguete, da Comece.

O principal objetivo da governança é mitigar riscos e perpetuar o negócio com base em quatro pilares:

  1. Transparência
  2. Equidade
  3. Accountability
  4. Responsabilidade corporativa.

Cabe mencionar que o nível de complexidade da governança em uma startup, sobretudo em fase de ideação, é diferente do de uma empresa de capital aberto. 

Não há necessidade de implantar todas as estratégias de uma vez, apenas as mais relevantes para o estágio em que o negócio se encontra.

À medida que a startup sobe de patamar (e isso pode acontecer muito rápido), você amplia a política de governança dentro de uma estratégia de profissionalização.

A governança, portanto, é parte essencial do alicerce que suporta o crescimento exponencial e pode ser o diferencial na captação de recursos junto aos investidores.

Uma startup que adota uma política de governança desde a ideação tende a gerar mais valor para seus stakeholders – e isso reflete no valuation. 

Quais os desafios da governança corporativa na ideação de uma startup?

Vimos que a governança corporativa, de modo geral, se baseia em quatro pilares: transparência, equidade, accountability e responsabilidade corporativa.

No universo das startups, podemos estabelecer outros fatores igualmente importantes que precisam ser levados em conta em cada uma das fases de desenvolvimento e maturação. 

No nosso podcast, Perillo classificou-os como: 

  1. Sociedade
  2. Propriedade intelectual
  3. Pessoas 
  4. Prestação de contas. 

Para startups em fase de ideação, os dois primeiros pilares são os mais importantes, com atenção especial ao aspecto “sociedade”. 

Eu diria que 70% dos founders que batem à porta aqui na Comece não estão, de fato, alinhados em termos societários.

Muitos acham que um contrato social padrão da junta comercial é o suficiente para começar uma empresa inovadora, mas não é. 

É preciso “aterrissar no papel” os termos da parceria, que podem incluir:

  • Condição em que cada sócio ingressará na sociedade (sócio com dinheiro, sócio com conhecimento ou sócio com disponibilidade de tempo, por exemplo)
  • Como cada sócio vai ser remunerado (pelo trabalho, pelos aportes, numa eventual operação de M&A ou IPO)
  • Como ocorrerá a saída de sócios (será ressarcido pelos investimentos feitos? Se sim, a partir de quanto tempo e em quais condições?).

Todos esses detalhes precisam ser formalizados em algum documento jurídico, como um acordo de sócios, para evitar desentendimentos depois.

A falta de governança, nesse aspecto, pode destruir um negócio promissor, seja por desalinhamento de expectativas ou dificuldades de captar recursos. 

O segundo ponto é a propriedade intelectual. 

A legislação brasileira – Perillo fala sobre isso no nosso bate-papo – é lacônica quanto ao assunto, logo, é preciso se cercar de cuidados para não deixar arestas.

Uma dica é especificar no acordo de sócios que a ideia por trás do negócio pertence à startup (pessoa jurídica) e não ao sócio (pessoa física) que a teve.

Imagina se o sócio “dono da ideia” deixa a empresa e depois aparece argumentando que a ideia (transformada em negócio de sucesso) foi sua?

É um risco a ser mitigado pela governança na fase de ideação. 

Nos próximos episódios do nosso podcast, trataremos da governança em nas etapas intermediárias e avançadas das startups, quando outros pilares serão abordados em profundidade.

Se você gostou do assunto, aproveite para ouvir o podcast Por Dentro do Foguete e se inscreva para não perder nenhum episódio da série.

Até a próxima!

Alexei Weidebach

Governança Corporativa | Societário | M&A | Venture Capital

11 m

👏👏👏👏

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