Governança corporativa na fase de ideação de uma startup
Afinal, uma startup em fase de ideação precisa de governança corporativa?
Essa é uma dúvida muito comum entre empreendedores que apostam na inovação, mas querem mitigar os riscos do negócio.
A resposta direta para essa pergunta é: sim, você precisa – a menos que não esteja preocupado com a estatística da “curva da mortalidade”.
Explico melhor as razões a seguir.
Qual a importância da governança corporativa para startups?
“A governança corporativa é uma maneira genuína e sincera de administrar uma empresa”, mesmo que essa empresa esteja na fase de ideação – o marco zero das startups.
A definição é de Marcos Perillo, CFO da Conta Azul e nosso convidado em uma série sobre o assunto no podcast Por Dentro do Foguete, da Comece.
O principal objetivo da governança é mitigar riscos e perpetuar o negócio com base em quatro pilares:
Cabe mencionar que o nível de complexidade da governança em uma startup, sobretudo em fase de ideação, é diferente do de uma empresa de capital aberto.
Não há necessidade de implantar todas as estratégias de uma vez, apenas as mais relevantes para o estágio em que o negócio se encontra.
À medida que a startup sobe de patamar (e isso pode acontecer muito rápido), você amplia a política de governança dentro de uma estratégia de profissionalização.
A governança, portanto, é parte essencial do alicerce que suporta o crescimento exponencial e pode ser o diferencial na captação de recursos junto aos investidores.
Uma startup que adota uma política de governança desde a ideação tende a gerar mais valor para seus stakeholders – e isso reflete no valuation.
Quais os desafios da governança corporativa na ideação de uma startup?
Vimos que a governança corporativa, de modo geral, se baseia em quatro pilares: transparência, equidade, accountability e responsabilidade corporativa.
No universo das startups, podemos estabelecer outros fatores igualmente importantes que precisam ser levados em conta em cada uma das fases de desenvolvimento e maturação.
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No nosso podcast, Perillo classificou-os como:
Para startups em fase de ideação, os dois primeiros pilares são os mais importantes, com atenção especial ao aspecto “sociedade”.
Eu diria que 70% dos founders que batem à porta aqui na Comece não estão, de fato, alinhados em termos societários.
Muitos acham que um contrato social padrão da junta comercial é o suficiente para começar uma empresa inovadora, mas não é.
É preciso “aterrissar no papel” os termos da parceria, que podem incluir:
Todos esses detalhes precisam ser formalizados em algum documento jurídico, como um acordo de sócios, para evitar desentendimentos depois.
A falta de governança, nesse aspecto, pode destruir um negócio promissor, seja por desalinhamento de expectativas ou dificuldades de captar recursos.
O segundo ponto é a propriedade intelectual.
A legislação brasileira – Perillo fala sobre isso no nosso bate-papo – é lacônica quanto ao assunto, logo, é preciso se cercar de cuidados para não deixar arestas.
Uma dica é especificar no acordo de sócios que a ideia por trás do negócio pertence à startup (pessoa jurídica) e não ao sócio (pessoa física) que a teve.
Imagina se o sócio “dono da ideia” deixa a empresa e depois aparece argumentando que a ideia (transformada em negócio de sucesso) foi sua?
É um risco a ser mitigado pela governança na fase de ideação.
Nos próximos episódios do nosso podcast, trataremos da governança em nas etapas intermediárias e avançadas das startups, quando outros pilares serão abordados em profundidade.
Se você gostou do assunto, aproveite para ouvir o podcast Por Dentro do Foguete e se inscreva para não perder nenhum episódio da série.
Até a próxima!
Governança Corporativa | Societário | M&A | Venture Capital
11 m👏👏👏👏