"O Equilíbrio Estratégico entre Conselho e Executivo: Aperto de Mão ou Queda de Braço?”
Em primeiro lugar, é essencial compreender os papéis distintos desempenhados por conselheiros e executivos em uma empresa.
Os executivos são responsáveis pela enorme e desafiadora tarefa de gestão cotidiana da empresa, da implementação eficaz das estratégias delineadas pelo conselho e da condução das operações diárias que impulsionam o desempenho e os resultados.
Por outro lado, os conselheiros, detentores de uma visão abrangente da empresa, têm a responsabilidade e o dever de fornecer orientação estratégica aos executivos em questões-chave, supervisionar a gestão executiva e sobretudo garantir, dentre outras boas práticas, a ética, a transparência e a manutenção da cultura e propósito da instituição.
Sua expertise e capacidade de visão macro do negócio, são recursos valiosos e que devem ser considerados como promotores das melhores práticas gerando valor, credibilidade e alavancando a reputação.
Para que essa relação seja de fato eficaz, a comunicação clara e aberta desempenha um papel fundamental.
Conselheiros e executivos precisam estabelecer canais de comunicação eficazes para que possam compartilhar informações, discutir desafios e oportunidades, e sobretudo, assegurar o estreito alinhamento em relação aos objetivos organizacionais.
Como elementos-chave nesse processo, encontram-se a integridade, transparência e ética, pois permitem que ambas as partes entendam as decisões tomadas e as razões por trás delas.
De fato, são absolutamente necessários para construir confiança e respeito mútuo, essenciais para uma sinergia de êxito.
Quando ambos os lados acreditam e agem imbuídos desses conceitos, é mais provável que colaborem de maneira sinérgica e eficaz, garantindo que os interesses da empresa sejam colocados sempre em primeiro lugar.
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Entretanto, não é incomum que se observe, mesmo que de forma não intencional, uma desconexão em maior ou menor grau nesse sentido.
Quando existe uma percepção autocrática de liderança, qualquer que seja a justificativa colocada, inevitavelmente serão criadas tensões e descrença entre as partes.
A situação tende a piorar, e muito, quando os conselheiros são excluídos do processo de tomada de decisões ou suas considerações são minimizadas nas questões estratégicas da empresa. O resultado disso é um profundo comprometimento da governança corporativa, impactando negativamente nos resultados e na geração de valor.
Ainda nesse sentido, quando há resistência à implementação de políticas de governança que visam aprimorar a transparência, a responsabilidade e a prestação de contas, a empresa pode enfrentar desafios significativos em termos de compliance, desempenho e não menos importante, de reputação. Isso mostra-se ainda mais deletério se a empresa passa por algum momento de crise, o que pode culminar em um efeito devastador nos negócios e por vezes irreversível.
Importante destacar que isso não se trata pura e simplesmente de discordâncias, que podem e vão emergir sobre algum tema ou pauta estratégica. Nesse sentido, isso é algo não só comum, mas também produtivo. Citando Peter Drucker: "O desacordo fornece alternativas e faz você pensar mais profundamente sobre o assunto. Na verdade, se você não tem discordância, você não está pronto para decisão."
Desta forma, e contextualizando as diferenças, deve-se sempre e prioritariamente buscar o entendimento claro e cuidadoso dessas dinâmicas de interação, e assim alinhar as relações e expectativas entre esses dois importantes atores.
É com a criação e desenvolvimento de um ambiente onde estão claros os deveres de cada um, onde a comunicação aberta e ética sejam promovidas e valorizadas em detrimento a autocracia e a resistência às boas práticas de governança, que as organizações podem promover uma cultura de colaboração, transparência e responsabilidade, gerando valor e garantindo a sustentabilidade e o sucesso a longo prazo.
E você, acredita que deve investir no aperto de mão ou insistir na queda de braço?