“A GUERRA NÃO DEIXA INIMIGOS NEM ÓDIOS!”
A guerra não deixa inimigos nem deixa ódios.
Entre os vencidos e os vencedores estão as vidas,
O que nos resta d’ um teatro onde morrem vidas?
Na guerra, já não se olha para os inimigos com ódios,
Há inimigos e ódios onde não há vítimas nem carrascos.
Uma guerra apenas deixa as vítimas e os carrascos.
Como falar de inimigos onde só há vítimas e os carrascos?
Há inimigos e ódios apenas na eminência da guerra entre pessoas.
Porque na guerra deixa-se de olhar para as pessoas como pessoas.
Os sobreviventes não conseguem olhar para os ex-adversários com ódios,
Porque apesar dos ideais passam a ser apenas as vítimas e os carrascos
Escutar quem vence a guerra é olhar as vítimas pelos olhos dos carrascos.
Quando vencido fala como se tornou vítima, não fala de inimigos nem ódios
Porque após guerra vê-se vítima e carrasco entre vencedores e vencidos.
Autor: Nuno Silva.
(Inédito c/ Direito Reservado)
Baseado no testemunho de um Capitão de guerra de Kosovo[1].
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[1] SUGESTÃO À RETER: A guerra não deixa inimigos nem ódios. Porque, por um lado, uma luta de guerra se deve a um ideal que com o fim da guerra deixa de ser factor de confronto ou de interesse das partes. Por outro lado, a guerra faz vítimas e carrascos entre os vencidos e os vencedores. Isto é, cada um “de per si”, independentemente da organização ou sociedade de que faz parte constitui uma vida. Deve ser sempre respeitado. Por ex., quando o carrasco diz que a vítima estava sedento de viver, não queria ser morto olhando para todo o lado… Tudo que for feito e dito reporta um ser humano.