Hérnia de disco torácica: pesquisa brasileira testa, com sucesso, metodologia minimamente invasiva e amplia alternativas de tratamento cirúrgico
A iniciativa buscou aumentar a segurança dos procedimentos e as opções cirúrgicas, de acordo com o local da hérnia e características anatômicas do paciente
Juntamente com um grupo de médicos brasileiros, tive a oportunidade de publicar, em abril deste ano, o resultado de uma pesquisa no periódico International Journal of Spine Surgery, que reforça a confiança da comunidade médica e de pacientes nas cirurgias endoscópicas da coluna, com abordagem interlaminar mesmo para a região torácica.
Nas áreas cervical e lombar da coluna vertebral, entre algumas das principais formas de alcançar o local da doença estão as abordagens transforaminal (pelo lado da coluna) e interlaminar (por trás da coluna).
Existe um conjunto de situações que levam o neurocirurgião a escolher o procedimento mais adequado a cada caso, como: localização da hérnia, estado de saúde geral do paciente, particularidades na anatomia da coluna do paciente e até mesmo a experiência do profissional.
A coluna torácica, por sua vez, fica na região do tórax, onde são raras as manifestações de hérnias discais. Mas caso ela se instale e acompanhe dores persistentes e deficiência neurológica, devido a compressão de nervos, a cirurgia pode ser indicada como tratamento.
Com pouca atenção de pesquisas científicas, se comparadas às áreas cervical e lombar, a coluna torácica tem recebido tradicionalmente a abordagem transforaminal, para a descompressão dos nervos e retirada da hérnia de disco.
Maior atenção às estruturas da coluna torácica
Devido a nossa expertise com a cirurgia endoscópica e suas diversas abordagens, que executamos amplamente desde 2013, refletimos sobre a importância de todos os elementos que devem ser considerados antes de uma cirurgia e que estavam minimizados quando tratava-se da coluna torácica.
Nessa região, por exemplo, há a preocupação primordial de evitar o manuseio da medula espinhal, que passa por um canal dentro da coluna vertebral e se conecta ao sistema nervoso central e periférico. Para evitar essa estrutura, o acesso ao local da hérnia de disco pode ser muito difícil.
Então as cirurgias tradicionais (abertas e mais invasivas) ou minimamente invasivas, mas com limitações na abordagem, podem não ser as mais apropriadas em determinado contexto e resultarem no desencadeamento de outros problemas de saúde decorrentes da cirurgia.
Propusemos, então, que o acesso interlaminar também seja considerado no momento de escolher o tratamento mais adequado para o paciente.
Para isso, documentamos o procedimento bem-sucedido no artigo “Discectomia torácica endoscópica completa: a abordagem interlaminar é uma alternativa à abordagem transforaminal? Uma Nota Técnica”, que resultou na total recuperação do paciente, mesmo após dois anos da cirurgia.
Vantagens do procedimento
A cirurgia endoscópica da coluna torácica, por acesso interlaminar, durou entre 50 e 80 minutos, com anestesia geral endovenosa total, e pequena incisão de 8mm. Por este espaço, o material de trabalho foi suportado por câmera que ilumina e fornece visão ampliada, favorecendo um trabalho preciso e minucioso.
Com isso, foi possível dissecção de menos tecido; sangramento reduzido, devido à irrigação contínua de soro; danos mínimos aos músculos e baixas taxas de complicações.
O paciente recebeu alta hospitalar após seis horas de cirurgia e já não apresentava qualquer sintoma da doença.
Concluímos que, embora a abordagem transforaminal já esteja estabelecida para a coluna torácica, a abordagem interlaminar é igualmente eficiente e ambas as técnicas devem ser consideradas no tratamento de doenças da coluna torácica.
Vale ressaltar que a técnica cirúrgica deve ser determinada para cada patologia caso a caso. Se os critérios de inclusão para uma técnica endoscópica completa não forem atendidos, a descompressão deve ser sempre realizada por um método convencional.
Psicóloga Especialista em Psicologia Jurídica e Psicopedagogia CRP 6/160576 | Relações Públicas Especialista em Gestão Empresarial e Relações Internacionais CONRERP 2/3414
2 aExcelente, Dr. Marcelo.