HealthCare Metaverso: A chave é o grau de imersão
O potencial do Metaverso na saúde irá aumentar exponencialmente à medida que o grau de imersão for ampliado. A atual tecnologia disponível em larga escala ainda é bem rudimentar. Em sua essência, ela permite apenas enxergar um mundo semelhante a um desenho animado e ouvir sons com pouca percepção de profundidade.
A perspectiva é de que entre 10 e 20 anos a experiência seja muito mais imersiva e que possamos, desta forma, entrar em uma realidade em alta definição, ouvir sons em três dimensões e, também, ter sensações táteis, de calor, frio, olfativas muito próximos das que experimentamos no mundo real.
Uma analogia realista que podemos fazer é a seguinte: o momento atual do Metaverso é similar ao vivenciado nos anos 90, no início da telefonia móvel. Naquele momento, os usuários tinham aparelhos como Motorola PT-550 como top de linha.
A evolução dos celulares nos últimos 30 anos permitiu aplicações inimagináveis nos longínquos anos 90. De forma similar, testemunharemos a evolução dos dispositivos de imersão nas próximas décadas que irão permitir usos que hoje em dia são difíceis de alcançar, como, por exemplo, ter a sensação de abraçar outra pessoa.
AFINAL, QUANDO PODEREI BEIJAR NO METAVERSO?
Já existem tecnologias que proporcionam a sensação de beijar, beber água ou mesmo fumar no Metaverso. A universidade Carnegie Mellon desenvolveu uma pesquisa que integra transdutores ultrassônicos nos headset VR. Estes transdutores concentram a energia acústica transmitida pelo ar nos lábios e na boca, criando sensações como toques e vibrações. Quando associados a um feedback gráfico coordenado, o nosso cérebro faz a mágica e os efeitos são convincentes.
Outras tecnologias de imersão no Metaverso foram destaques na CES 2022: PebbleFeel que simula sensações de calor e frio (entre 9 e 42 graus Celcius); Haritorax que monitora movimentos das pernas e leva este movimento para o mundo virtual; Skinetic uma vestimenta que cria ilusões táteis extremamente realistas e permite sentir sensações como vento, chuva e impacto de prójeteis de armas de fogo. Esta tecnologia da vestimenta consiste em 20 motores que vibram em frequências que cobre 100% da percepção vibrotátil humana.
Ainda mais supreendente foi o experimento realizado por neurocientistas da Universidade de Duke (EUA) e publicados na revista Nature, em que macacos experimentaram as sensações táteis de um braço virtual controlado apenas com a força da mente.
Para criar esse “tato artificial”, pequenos eletrodos foram inseridos no córtex motor e no córtex somatossensorial. Além disso, sinais elétricos eram enviados ao cérebro à medida que os braços virtuais tateavam objetos no Metaverso.
SERÁ POSSÍVEL O CÉREBRO DE UM CIRURGIÃO OPERANDO REMOTAMENTE NO METAVERSO INTERPRETAR QUATRO BRAÇOS MECÂNICOS COMO SE FOSSEM PARTE DE SEU CORPO?
A imersão se dará por meio de um “estímulo de ficção”, criado fazer nosso cérebro acreditar que aquilo é efetivamente real.
Analisando a forma como sentimos, podemos constatar que nosso cerébro interpreta os sinais que recebe. Tomemos como exemplo dois toques exatamente iguais, de alguém amado e de um desconhecido. Eles produzirão, respectivamente, sensações de prazer e de repulsa.
Um exemplo surpreendente é o caso de um japonês que se casou com um holograma em 2D no ano de 2017. Esta união o ajudou a superar uma depressão e ter uma vida feliz por alguns anos. Um dia ele chegou em casa e, ao invés de encontrar sua esposa, se deparou com uma mensagem de erro de rede. Após este evento, ele se declarou viúvo, e disse que irá se manter fiel até ele reencontrá-la no Metaverso.
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Casos como estes estão se tornando comuns. A empresa que oferecia o serviço disse ter emitido quase 4,000 certificados de casamento e várias empresas no Japão passaram a oferecer o mesmo benefício a casamentos com personagens 2D do que o tradicional. Este fenômeno vai muito além do Japão. Recentemente, uma reportagem do NYT relatava casos similares de meninas pré-adolescentes se apaixonando por personagens 2D, em substituição aos amores platônicos relacionados aos cantores de bandas famosas e artistas de televisão e cinema.
Importante lembrar que ainda estamos nos primórdios destes dispositivos. Exemplos como estes nos mostram a complexidade relacionado ao tema.
Quais implicações dos nossos sentidos serem “fabricados”, e não literalmente “interpretados” pelo nosso cérebro?
Fótons de luz não têm cores, ondas acústicas não tem som, móleculas olfativas não tem cheiro. Quase toda a riqueza da vida é criada dentro de nossas cabeças. Isto tem uma implicação profunda, em especial para o que vamos vivenciar no Metaverso.
Em termos práticos, acredito que em algumas décadas, iremos, por exemplo, identificar a combinação de móleculas olfativas que permitem um cachorro farejar câncer de mama em estágios iniciais.
Imaginem um dispositivo que consiga identificar esta combinação, enviar um sinal elétrico diretamente a área olfativa frontal em nosso córtex cerebral.
Neste cenário um clínico bem treinado poderá sentir o cheiro de câncer durante uma consulta no Metaverso.
SERÁ QUE NÓS TEREMOS NOSSOS SENTIDOS AMPLIADOS DENTRO DO METAVERSO PELOS LIMITES CONHECIDOS HOJE NO REINO ANIMAL?
Fonte: Revista Superinteressante
Enfim, a máxima de que superestimamos o que acontecerá em 2 anos e subestimamos o que acontecerá em 10 anos é bem apropriada quando o assunto é Metaverso.
Concluo afirmando que, a partir de um certo nível de imersão, o cuidado médico no Metaverso será equivalente ao do mundo real. Passadas algumas décadas, este cuidado será superior às possibilidades atuais.
Difícil enxergar esta realidade? Assim como o grau de imersão fará toda diferença para ampliar as possibilidades no Metaverso, o grau de abertura ao novo é o divisor de águas para a criação e incorporação das enormes possibilidades que estão postas e as que estão por vir.
Sigamos. Juntos. Ser Humano e Estar Avatar.
Gerente Comercial / Representante comercial de vendas - PJ / Executivo de Vendas
2 aÓtimo texto; o caminho é relativamente longo, mas sem volta; o crescimento exponencial. Te vejo lá.
Integration Leader of Shockwave Medical - Johnson & Johnson MedTech
2 aExcelente provocação, Fabricio!
Muito bom Fabricio! Claro e preciso.
Head of Planning | Pixit
2 aFabricio Campolina excelente artigo. Esse final de semana que passou eu participei de um Festival de inovação e só se fala em como o Metaverso marca a virada do que hoje conhecemos como mundo. A mudança será em todas as áreas, mas as possibilidades que são abertas na área da saúde é impressionante. Como você mesmo compara estamos no começo dessa fase e preciso te dizer que é um orgulho fazer parte dessa entrada da Janssen no Metaverso. Estamos no começo dessa onda, mas já começamos com algo páupavel, capacitando e ampliando os conhecimentos dos médicos atrávez do Paciente Virtual e de tantos outros projetos no Metaverso que lançaremos esse ano.
Quality Management & Regulatory Affairs Sr. Executive - Latam / CIS / MEA - Board Member
2 aExcelente!