Hoje vai ter textão SIM.

Hoje vai ter textão SIM.

Justamente em um dos dias que eu mais admiro, por ser uma data de comemoração pelo dia do trabalho ou do trabalhador, como queiram.

Ontem recebi a informação de que fui nomeado para ser analista judiciário.

Estou saindo da iniciativa privada, para adentrar na esfera pública, depois de alguns anos dedicados aos estudos.

Essa decisão de me dedicar aos estudos não foi fácil e ocorreu em um momento, em que vários de nós estávamos sem saber exatamente como lidar com a circunstância que estávamos vivendo naquele momento (período de pandemia). Naquela ocasião, eu trabalhava em uma empresa (@AlgarTelecom) que admiro demais da conta por vários motivos. É uma empresa séria, organizada, que tem seus valores realmente colocados em pratica todos os dias, respeita e valoriza seus os funcionários, mas uma mudança na gestão, levou ao meu desligamento, mesmo eu atingindo todos os meses as metas estabelecidas pela organização. Creio que o novo gestor não deve ter ido muito com minha cara. Naquele momento, sem dúvida nenhuma, fiquei sem chão. Tinha acabado que completar 5 anos de empresa, estava fazendo novos planos no intuito de buscar novas oportunidades dentro da organização, mas aí veio a demissão e acabou com tudo. Eles não sabiam o que estavam fazendo... primeiro por perderem um excelente colaborador que sou e segundo por despertar na minha pessoa um desejo de nunca mais passar por aquela situação novamente.

Depois de refletir por alguns dias, conversei com minha esposa (@Julianabarbosa) e decidimos enfiar a cara nos livros, aulas, fazer resumos, anotações, colar na parede esquemas com resumos, enfim, tudo que um concurseiro costuma fazer, para aprender novamente algumas coisas que eu já havia estudados anos atrás e recomeçar novamente do zero.

Não foi uma decisão fácil, por que eu amo de coração fazer o meu trabalho de vendedor. Eu sou vendedor, eu adoro ser vendedor. Infelizmente a maioria das empresas não valorizam. Nos últimos dias já estava buscando uma nova recolocação no mercado de trabalho, por que minhas economias já se tinham indo embora. Simplesmente recebi proposta absurdas de companhia de médio e grande porte oferecendo uma remuneração esdruxula para um cara que tem mais de 15 anos de experiência com vendas no segmento B2B.

Na verdade, são muito mais de 15 anos. Trabalho desde criança com a intenção de ajudar minimamente dentro de casa. Vendi picolé, engraxei sapatos, vigiei carro na porta da igreja ao domingos, trabalhei em feira, mas minha mãe, com sua sabedoria de nordestina arretada, que Deus a tenha, sempre me dizia: VAI ESTUDAR MENINO.

Demorei muito a entender esse aviso dela. Estudar sem dúvida nenhuma é um ato de rebeldia contra o sistema para que nasce pobre. Um professor de Direito Constitucional, em uma das centenas de aulas que já assisti dele, uma vez contou brevemente sua trajetória: de técnico administrativo na empresa de abastecimento de água de Brasília à Juiz de Direito do DF. Em um dos momentos desta trajetória, no ato de posse como Promotor de Justiça, andando no tapete vermelho, com os dragões da independência perfilados para ele passar, ele disse: a favela venceu. Hoje, apesar de ser o meu primeiro passo de muitos que ainda estão por vir, eu posso dizer que o favelado aqui também venceu pelo estudo, pela educação, pela dedicação, resiliência, foco, determinação, entre vários outros adjetivos, pois estudar não é fácil. É uma ato extremamente solitário e que muitas pessoas não entendem e não valorizam.

Um professor da faculdade dizia que estudar doí. E doí mesmo. Quantas milhares de horas eu passei sozinho, assistindo aulas, lendo a Constituição da República, leis, fazendo exercícios.

Mas o dia chegou e meu nome está publicado no diário oficial.

Agradeço a todos meus colegas da iniciativa privada com quem tive o prazer de trabalhar e desejo sucesso a todos.

Sem dúvida, hoje é um dos dias mais felizes da minha vida.

Bora continuar os estudos, por que domingo, dia 05 de maio, tem prova de novo.

Uma nova estória vai começar...