Homem e natureza: é possível viver em harmonia?
O planeta vem sofrendo grandes ameaças por conta da interferência direta do ser humano na natureza. No entanto, essa relação, tão antiga quanto a própria existência humana na Terra, nem sempre foi nociva para o meio ambiente.
Nos primórdios, o homem estabeleceu a ocupação e o uso espacial do planeta, utilizando apenas os recursos necessários para garantir a própria sobrevivência. Mas, o “romance” acabou quando novos modelos de produção, consumo e serviços foram adotados como padrão pela sociedade.
O último estudo do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), por exemplo, deixa claro que há pouquíssima chance de evitar que o mundo aqueça mais de 1,5 °C até 2030, apesar dos esforços de uma parcela da população. Os impactos, no entanto, serão sentidos por todos e vão desde o derretimento de camadas de gelo profundas — que, por sua vez, liberaria grandes quantidades de gases na atmosfera — até alterações nos ciclos de vida de plantas e animais. Sem falar da ameaça para o nosso bem-estar.
A solução para (re)civilizar o homem em relação à natureza passa, dentre outros pontos, pela educação, que tem um papel fundamental no desenvolvimento da consciência crítica de forma a possibilitar o entendimento da situação e encorajar a adoção de novos modelos sociais menos nocivos à natureza. A ciência, por sua vez, fornece as informações, soluções e tecnologias para embasar as estratégias que garantirão essa relação sustentável.
Diante desse cenário, é primordial que haja investimentos nessas áreas para o desenvolvimento de projetos com o objetivo de mitigar os danos e conservar os biomas e ecossistemas.
Um dos exemplos é o Projeto Vou de Canoa , um dos projetos apoiados pela Fundação Toyota do Brasil. A iniciativa promove educação ambiental para crianças e jovens por meio de atividades na praia e uma experiência em uma canoa polinésia, para criarem conexão com o mar e a praia.
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No Pantanal, a educação ambiental faz parte do trabalho do Projeto Arara Azul para manter as populações de arara azul em vida livre e promover a conservação da biodiversidade da região. São feitas ações voltadas para os ensinos fundamental e médio, além do turismo ético das espécies em seu habitat natural. Criada em 1989, a iniciativa alcançou grandes resultados: mais de 12 mil ninhos monitorados, 1,5 mil ovos postos nas regiões monitoradas e cerca de 800 filhotes nascidos. O Projeto SOS Pantanal ( Instituto SOS Pantanal ) também atua na conservação do bioma, com treinamento da população para o combate a pequenos focos de incêndio e monitoramento das águas da Bacia do Alto Paraguai.
A APA Costa dos Corais, no Nordeste, protege os recifes e manguezais, lar do peixe-boi-marinho, mamífero aquático mais ameaçado de extinção do país, além de resguardar os recifes de corais que são considerados, juntamente com as florestas tropicais, uma das mais diversas comunidades naturais do planeta.
Para revertermos os impactos negativos no meio ambiente, devemos abandonar o conceito de desenvolvimento centrado no homem, advogar pela nossa coexistência harmoniosa com a natureza, desenvolver e utilizar racionalmente os recursos, prestar atenção às questões ambientais e construir o futuro do desenvolvimento humano com base no desenvolvimento sustentável. Preservar a natureza e conter a expansão humana sobre os ecossistemas visa não só evitar o ecocídio, mas também evitar o fim da nossa existência.
Luana Cardoso
Coordenadora de Projetos na Fundação Toyota do Brasil