A hora e a vez do Turismo
Há décadas, os mais variados meios de comunicação e especialistas têm propagado a importância do turismo como um vetor de desenvolvimento do Brasil. Uma retórica que, infelizmente, nunca se traduziu em números expressivos e permanece nos discursos e nas ações pontuais de governantes e políticos, que na sua maioria se utilizam do tema para promoção pessoal, em detrimento do coletivo. Consequentemente, o que vemos é uma potência turística global ainda com dificuldades de assumir o seu protagonismo e dar uma contribuição efetiva para o desenvolvimento econômico do país.
Não me canso de repetir o exemplo de países que, com a contribuição do turismo, conseguiram dar uma verdadeira guinada e se destacarem economicamente. Volto a falar de Portugal, onde a atividade turística teve um papel preponderante na sua recuperação econômica, se traduzindo numa contribuição expressiva para o PIB acima de 15%, até 2019. E o Brasil, apesar do seu potencial turístico único, belezas naturais incomparáveis e uma relevante diversidade cultural e histórica, nunca passou de 8,8% do PIB, mesmo sendo considerado mundialmente como o número um em atrativos naturais e o número oito em atrativos culturais. É triste constatar que ainda não tenhamos conseguido nos estruturar minimamente para gerar mais oportunidades de experiências turísticas e infraestrutura que atendam o segmento de forma extremamente profissional, nas suas mais variadas possibilidades, como lazer, cultura, negócios, saúde, eventos, meio ambiente, entre outros.
O turismo, apesar de todas as adversidades, é a atividade do setor terciário que mais cresce no mundo, movimentando mais de US$ 8 trilhões e criando, direta ou indiretamente, um contingente expressivo de postos de trabalho. Na última década, de acordo com o Conselho Mundial de Viagens (WTTC), o turismo foi responsável por um em cada cinco empregos gerados no mundo. Uma atividade que representa mais de 10% do PIB global. Números incontestáveis, que demonstram a relevância do setor e sua enorme capacidade de geração de trabalho e renda, de oportunidades de capacitação para inserção no mercado de trabalho, de trocas de experiências entre povos e de preservação de patrimônios histórico-culturais e do meio ambiente.
Apesar de todas as dificuldades recentes, acredito que estamos diante de uma grande oportunidade. O ano de 2021 apresentou um retorno gradual das atividades turísticas ao redor do mundo e, com o aumento da vacinação e o controle da pandemia, a tendência é de uma retomada razoável do setor ao longo de 2022. No Brasil, vejo este ano como um momento único para iniciarmos um processo de mudança e começarmos a assumir um verdadeiro protagonismo no cenário turístico mundial. Para isso, além da oferta de uma boa infraestrutura, precisaremos investir fortemente em capacitação, estar atento às tendências globais de consumo do segmento e avaliar todas as pesquisas e estudos recentes, não meramente como dados, mas sim como oportunidades para geração de negócios.
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Segundo estudo recente da OIT (Organização Internacional do Trabalho), essa oportunidade de retomada e crescimento passa também pela necessidade de redesenharmos políticas públicas para garantirmos empregos mais sustentáveis no setor, enfrentando assim a informalidade e o subemprego. Além do fato de que estamos diante de uma clara preocupação do mundo em relação à preservação do meio ambiente e temas ligados à sustentabilidade, que precisam estar na mesa de discussão de toda e qualquer estratégia de promoção turística, especialmente quando falamos de Brasil.
O momento é de pesquisar, avaliar, planejar e executar ações estratégicas que promovam a recuperação econômica do setor, no curto, médio e longo prazo. Temos diversas oportunidades de ativarmos o segmento, seja na promoção do turismo doméstico e de proximidade, como na diversificação de um calendário de eventos ou no incentivo de atividades ecoturísticas. Outro ponto importante, está na ampliação de certificações e fiscalização de empresas e profissionais dentro dessa cadeia produtiva, para garantir maior profissionalismo, segurança e credibilidade junto a todas as partes interessadas ao negócio.
Por fim, o governo precisa de uma vez por todas entender que o pequeno e médio empresário do setor necessita de apoio, através de oportunidades de crédito que contribuam para o desempenho de suas atividades e a sua sobrevivência. Nada disso será custo, mas sim investimento sustentável, se olharmos para os resultados possíveis no longo prazo. A hora é essa!
Francisco Guarisa - Artigo de 19/02/2022 - Jornal Correio da Manhã - Opinião
Excelente artigo!
Director Comercial na TURIM HOTEIS
2 a👍
MBA Gestão Estratégica de Marketing
2 aExcelente texto!!!!
Doutora em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social, Mestre em Administração - CRA-RJ | Professora e Consultora em Educação, Sustentabilidade, Responsabilidade Social e ESG "Marketing Ecosófico".
2 aMatéria imprescindível para os atores-rede do trade turístico; assim como, para a sociedade e a economia brasileira no geral. Acorda Brasil!
Diretor Associado na NewIt Tours com expertise em Negócios de Operação Turística Global, Professor de Turismo, graduacao e MBA
2 aboa, Guarisa