A ilusão da maioria nas redes sociais

Dentre o sobe e desce do feed de notícias do Facebook, vi uma notícia que dizia o seguinte: "Youtuber é vaiada em Nova York após criticar o Brasil". Me perguntei duas coisas:

• Será que os populares do LinkedIn serão chamados de "Linkediners" também?
• Nunca ouvi falar dessa menina. Por quê?

Antes que me acusem de elitismo por não conhecer a dita cuja, lembrei-me de um artigo que falava sobre Ilusão da Maioria, publicado pela Universidade do Sul da Califórnia.

Por mais popular que tal pessoa seja, nunca representa, de fato, o todo. É uma visão verossímil da realidade. Você enxerga aquela pequena (às vezes nem tão pequena assim, com milhares ou milhões de seguidores) rede, mas que, de fato, representa um sexto, um décimo ou um trigésimo do público em geral.

A maioria das pessoas tem um número pequeno de amigos - enquanto um punhado de gente tem um número gigante de contatos - os assessores e social medias adoram chamar de "influenciadores". E assim esse segundo grupo acaba com a confiabilidade da média. Pense assim: você tira o peso médio entre o seu grupo de amigos e descobre que ele é de 75kg. A chance é que a seu peso esteja próxima desse valor. Agora imagine que você tem um único amigo que pesa algo em torno de 4 toneladas. Além dele precisar de uma dieta rica em proteínas, se você tirar a média entre todos os seus amigos e seu amigo gigante, o número será muito superior ao peso da maior parte do grupo. E a mesma coisa acontece em redes sociais. Tirar a média não é a melhor forma de analisar os dados nessa situação.

Existem estudos que mostram o quão paradoxo é este fenômeno e tem até nome: chamam de 'ilusão da maioria'. É um fenômeno no qual alguém observa um comportamento ou um traço na maior parte de seus amigos - apesar de ser raro na rede toda. Algo do tipo"não acredito que candidato X ganhou a eleição quando a maior parte do meu Facebook é claramente a favor do candidato Y". Basicamente, sua amostragem não representa o comportamento da rede como um todo.

O artigo fala sobre como a opinião das pessoas nas redes sociais não reflete a opinião pública (da maioria). Com a liberdade poética da social media linguística: "nobody yes door". Essa é a ilusão da maioria - a impressão que um atributo específico é comum quando, globalmente, ele é extremamente raro. O motivo? A ilusão da maioria só ocorre quando os círculos mais populares são coloridos - os que têm o maior número de ligações.

Provavelmente aconteceu isso com essa moça. O público de milhares de pessoas que ela têm nas redes corroborava com suas atitudes. Porém, ao mudar sua zona de conforto, uma crítica que até outrora seria aplaudida, fora vaiada.