As imagens suplantam outras imagens

As imagens suplantam outras imagens

É de se supor que existam dois lugares de memória, um menor acessível rapidamente para o cotidiano e as coisas da vida e outro bem maior onde são depositadas as imagens para arquivamento ou imagens em processo de esquecimento. Esses dois lugares são intercambiáveis porque as imagens de fácil acesso podem ser deslocadas para o lugar da memória profunda e as do nível profundo podem ser carregadas para a superfície. O primeiro lugar, um lago com todas as imagens usuais de rápido acesso e o segundo lugar, um oceano de imagens arquivadas, quase que esquecidas até as enterradas que são acessíveis somente por meio de sonhos porque estão estacionadas no fundo do inconsciente. Esse pensamento só é eficaz quando, na medida em que o tempo se desloca, são suplantadas imagens recentes, que se deseja esquecer, por outras novas imagens. Imagens figurativas, imagens de ação, sentimentos, alegrias, dores, raivas, tristezas. Enfim, todas essas imagens construídas no decorrer do dia a dia podem, e às vezes, devem, com o processo de imagens sobre imagens, serem direcionadas do lago alcançável ao oceano quase inacessível da memória. À primeira vista, isso pode parecer evidente e fácil de processar, mas é preciso um esforço mental de pensamento consciente que empurre as velhas pelas novas imagens ao inconsciente. Isso é possível por meio de formas de raciocínio produzido pelo consciente para atuar no inconsciente. O método consiste em três fases processuais: na dedução relacionada ao pensamento analítico, ou seja, se ter um pensamento convergente que analisa informações e imagens e as direciona a um único resultado, a memória do abandono na imensidão do mar. Na indução relacionada ao pensamento sintético, associado ao método empírico que significa obter conhecimento pelos sentidos, da experimentação à observação, ou seja, degustar e observar novas imagens para esquecer as outras que se deseja aniquilar. E por fim, a abdução que atua entre esses dois extremos, onde buscamos a confiabilidade em substituir imagens velhas por novas e a validez de que essas imagens recentes vão, paulatinamente, se tornar antigas, esquecidas e que dificilmente vão emergir do fundo do oceano à superfície para seguirem o caminho de volta ao lago de memória recente, exceto nos sonhos ou pesadelos.

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