Inclusão digital além do ensinar - parte IV

Inclusão digital além do ensinar - parte IV

Nas primeiras aulas os alunos estavam à procura de programas que os motivassem a estar conectados, pois eles queriam aprender a utilizar o YouTube, redes sociais (Facebook), Google, para realizar pesquisas, dentre outros, que possibilitassem a comunicação com seus amigos e familiares. Ao iniciar à aula, percebi que muitos alunos não tinha conhecimento prévio relacionado ao computador. Por esse motivo, comecei a ensinar o “básico”, ou seja, a ligar/desligar o computador, a realizar atividades que exigem digitação no Microsoft Word para serem desenvolvidas. Com isso eles aprenderiam técnicas para digitar de forma correta e segura. Além disso, eles compreenderiam melhor as funções de cada tecla e ícone, a fim de melhorem o seu desenvolvimento.

No decorrer das aulas, observei que muitos alunos sentiam-se frustrados, pois pensavam que ao chegar na sala de aula logo aprenderiam a usar o YouTube, como exemplo. Mas não tinha outra forma de começar, pois era necessário que eles aprendessem o “básico” para avançar gradativamente. As aulas foram passando e eles perceberam o como era importante ter começado do “básico” para auxiliar no desempenho de suas atividades diárias.  

No terceiro artigo comentei que os alunos gostavam muito de contar suas histórias inspiradoras, pois elas têm um impacto especial em suas vidas, e foi nesse exato momento em que elas começaram a surgir....

Ao sentar ao lado do aluno T.R.B, com o Microsoft Word aberto, compreendi que ele tinha um certa limitação na escrita. No primeiro momento, pensei que era insegurança, mas acompanhando-o de perto, vi que ele ainda não era alfabetizado, mas sabia escrever o seu nome, que considero um passo enorme.  No mesmo instante, pensei que seria um desafio, é foi, mas não imaginava o quanto prazeroso e produtivo seria.                                      

 T.R.B, era sempre o primeiro a chegar e o último a sair da sala de aula, sem contar que ele morava na Zona Rural e vinha para cidade toda semana para assistir à aula, não importava se a estrada estava cheia de lama ou não, ele sempre dava um jeito para estar presente. Ao longo do curso, aproximava com mais frequência desse aluno, deixando-o sempre, no centro da atenção, ou seja, mostrando que ele também tinha conhecimentos, curiosidades e experiências para me ensinar. Além dos benefícios de uma conexão afetiva, minhas aulas transcendiam o limite, tornando-se um momento não só de aprendizagem, mas de entretenimento e troca de conhecimentos.

A história não termina aqui, mas vou dar continuidade na semana que vem...

Obs.: T.R.B é um nome fictício.

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