A incrível arte de fazer tudo - e não fazer nada

Chego no trabalho, abro o primeiro email. Leio, é demanda rápida, começo a responder.

O telefone toca, pessoal da agência com dúvida sobre o job.

Minutos depois, volto para o email. Já não lembro mais daquele que tinha começado a escrever e sigo para o próximo. Respondo. Enviar.

Leio mais uns 5, dispara o aviso de reunião. Saio. 

No meio da reunião, sou surpreendida por uma pergunta. Não sei do que estavam falando, pois aproveitei para conferir se o post da empresa tinha subido certo no Instagram. Largo o celular. Concentra!

Volto para sala com mais duas novas demandas. Mas... tem mais 5 e-mails novos.

Penso: melhor fazer minha lista de prioridades. Me chamam pelo WhatsApp, paro a lista na metade. 

Quando termino de responder, volto para o email - a lista já está esquecida - e começo a ler. O colega me chama pedindo para ir até a mesa aprovar um material.

Quando volto, olho a lista começada. Hmmm, esse primeiro item é para agora. Escrever e-mail marketing. Leio o briefing, faço o esboço. Vou revisar. Não, espera, chefe chamando no WhatsApp.

Olho para a tela do computador de novo. Várias abas de e-mails abertas. Ai meu Deus, deixa eu disparar tudo isso! Envio dois, lembro da revisão do texto. Os e-mails vão ter que esperar um pouco mais.

Termino, mas antes de passar o job para a arte, recebo a tréplica do email que acabei de responder. Vou checar. Não respondi todas as dúvidas porque não li até o final. Frustrada pela desatenção, começo a digitar de novo. 

O telefone toca. Hora do almoço. Levanto meio desnorteada sem saber como já chegou o meio do dia.

Saio pensando que à tarde vai ser melhor. Tenho só duas reuniões. Posso colocar o celular no modo avião. Mas e se alguém precisar de alguma coisa? 

No caminho, passando pelos outros departamentos, lembro do texto que ainda não foi para a arte, do e-mail respondido pela metade, daqueles que não enviei e daqueles que nem consegui abrir.

Sensação de improdutividade. Conhece? Já viveu?

Na ânsia de fazer tudo, não dizer não, querer abraçar o mundo, acaba que não fazemos nada. Mudar isso é desafio diário. Que a gente consiga começar e terminar, focar por mais tempo, aprender a priorizar e terminar o dia com aquela sensação boa do dever cumprido.