Inevitável Mundo Novo
Bob Dylan disse certa vez que se você não está ocupado nascendo está ocupado morrendo. Se ele estiver certo, nascer significa construir algo relevante e entusiasmante que traga um novo significado para você e morrer podemos associar a algo que não tem mais valor, não é frutífero e não engaja.
Vivemos em uma transição da era moderna onde vemos que se a internet é um divisor de águas, o covid é um separador de mundos. Para aqueles que nasceram com a internet, o mundo virtual é mais do que normal, no entanto, na covid não há condições de previsão. Viver na incerteza será cada vez mais comum.
Em uma pandemia, a decisão da manhã pode ser mudada à tarde, então a velocidade é maior, o volume de fatores e impactos são maiores e a variedade de elementos para considerar gera alguma complexidade. Um dia representa uma semana, um mês talvez um semestre.
Entramos de vez no mundo dos 3 V’s das relações:
- Velocidade – Variedade – Volume
Tudo é veloz. As pessoas querem entender, comprar, decidir, pesquisar de forma mais rápida e agora com segurança. Os dispositivos deverão ter todos os certificados para que as pessoas se sintam à vontade para comprar e relacionar seus dados. Outro fator chama-se autonomia. Como construir um ambiente onde as pessoas queiram ganhar autonomia e se responsabilizar por ações, decisões e projetos? Autonomia que não é construída de dentro para fora, não tem consistência. Empresas velozes tem equipes autônomas e respondem mais rápido às situações.
A liderança precisará entender cada vez mais de gente e de variedade de comportamentos. O coração passa a ser um fator não romântico da gestão mas essencial para engajamento e empatia. Veja também o volume de informações e lives na internet. Estamos na era da big data. Em muito breve precisaremos do gestor de algoritmos.
O que isso tem a ver com você ou com sua empresa? Tudo! Entramos na era da cocriação onde a forma de ver e trabalhar será completamente diferente. Os problemas serão outros, mais dinâmicos e mais complexos. O consumidor de hoje já é outro! Suponha que uma pessoa só goste de pagar suas contas indo ao banco. Chega um momento que o banco não lhe incentiva mais a fazer isso e então a pessoa resolve pagar via internet banking. Quando ela passa a entender como funciona, se anima e também passa a pagar tudo pela internet. Quando percebe já está pagando pelo celular. Desta forma ela descobre que tem aplicativos que pode usar para outras coisas como pedir comida, encontrar serviços, comprar diversos outros produtos, aprender um idioma, taxi, etc. Pronto, temos uma pessoa que antes era aversa à internet, agora foi inserida à fórceps pelo covid no mundo digital e vai querer tudo em forma de facilidades. Assim, todos mercados serão exigidos na sua devida proporção. As empresas precisarão viver o cliente e se organizar tendo ele no centro da experiência e formulação estratégica.
E quando chegar a hora do fim dos celulares, onde todo movimento estará em nosso corpo com dispositivos tecnológicos? Este será outro desafio de transformação para as empresas!
No entanto, já podemos ver 3 reflexos desses tempos de transformação que se iniciam:
Primeiro: As pessoas não serão mais fiéis! Qualquer outro serviço online que oferecer lógica, serviço e vantagem, leva o cliente.
Segundo: Se você que trabalha ou tem uma empresa tradicional e não enxergou a internet nos seus negócios, pode estar se colocando em um lugar com risco de extinção ou diminuição das atividades. O desafio agora é desenhar a experiência do cliente no digital, pois o que temos ainda é muito precário.
Terceiro: Se você tem ou trabalha em uma empresa que a internet é crítica e fundamental, você precisará estar criando algo novo todo dia, caso contrário tornará obsoleto muito facilmente. Ou seja, nada será estático mais, mesmo para aqueles que hoje surfam nas ondas tecnológicas.
Estamos então diante de uma grande transição: o velho e o novo mundo.
Não há como escapar! O mundo novo já entrou em você e agora resta saber como vai lidar com ele, o modelo velho de gestão e conceito de trabalho que ainda restam em você. Se você não estiver olhando para frente, acreditando em seus sonhos e buscando um propósito maior para estar neste mundo, irá entrar na categoria dos sobreviventes de um velho mundo, ou seja, uma vítima assustada ou aquela pessoa revoltada que só fala em passado. No entanto, se quiser ser protagonista e dar um novo significado em sua vida e negócios, mergulhe de cabeça em todas as possibilidades que se relacionam com o que você faz e descobrirá que tudo ainda está por criar e vivemos apenas o embrião dos novos tempos.
Segundo Pierre Lévy, filósofo francês da cultura virtual contemporânea e um dos maiores estudiosos sobre o tema internet, o virtual não se opõe ao real e nem pode ser considerado sinônimo de imaginário. O que acontece no computador, por intermédio da tecnologia, também faz parte da realidade, mesmo existindo virtualmente.
Criar expectativas é bem diferente de criar possibilidades. Permita-se nascer para um mundo inevitável de possibilidades!
LOUIS BURLAMAQUI é escritor e Ceo da Jazzer Consulting, uma empresa especializada em desenvolvimento da cultura organizacional a partir das subculturas e lideranças.
Coordenadora Financeira | Coordenador FP&A | Coordenadora de Planejamento Financeiro | Gerente Financeira
4 aÓtimas colocações Louis Burlamaqui! Acredito que um dos grandes desafios desse processo de transformação são as pessoas tornarem responsáveis por suas escolhas e usarem a autonomia para criar novas possibilidades.