Inflação no Brasil

Por que a inflação no Brasil é tão resistente?

_ Qualquer pessoa _razoavelmente racional, devo acrescenta, pode entender que quando um produto falta no mercado seu preço sobe, ou quando existe uma grande oferta (devido à safra, importação, mudança de mercado, etc..), o preço do produto tende a cair. Exatamente isso que ocorre com a subida de preços. Inflação é um fenômeno monetário, assim, cada vez que existe uma oferta de dinheiro (não vou entrar em que tipo de moeda para ficar mais fácil a compreensão) causada emissão do governo para suprir déficit basicamente, o preço da moeda tende a cair, causando assim inflação, como se houvesse um excesso de tomates (a moeda) seu preço/valor cai. Exatamente como quando se tem uma grande oferta de determinado produto ou quando o produto falta, seu preço cai ou sobe. Qualquer dona de casa que sabe exatamente como funciona o mercado, infelizmente nem todos nossos gestores financeiros conhecem a dinâmica do mercado ou, por pura teimosia acham que podem subverter sua regra básica do funcionamento com pedaladas, que em algum momento no futuro cobrarão seu preço com inflação e/ou recessão.

Moeda compra produtos ou serviços, produtos e serviços são produzidos por empresas (públicas ou privadas), ou pessoas, não importando quem os produza ou ofereça. O problema com uma rápida oferta de moeda (no caso um déficit gigantesco nas contas públicas) é que isso joga uma grande quantidade de moeda, sem o concomitante aumento de produtos ou serviços (produtividade) para serem oferecidos, desta maneira desequilibrando o mercado, assim como uma falta de tomate, batata, feijão ou manicure faz o seu preço aumentar no mercado ou nos salões de beleza e uma grande oferte dos mesmos faria seu preço cair.

Um déficit de 10% do Produto Interno Bruto significa que o governo está tendo que emitir moeda, ou colocar seus títulos de dívida no mercado a fim de cobrir esse buraco. Se por um lado à emissão de moeda vai se refletir em inflação, por outro a colocação de títulos no mercado de dívida vai aumentar o custo do dinheiro, inviabilizando novos projetos de investimentos de empresas e também reduzindo o crédito por seu maior custo, redundando em inflação e recessão, o que parece antagônico em um primeiro momento, mas esse fenômeno é visível na economia brasileira, com uma das maiores recessões do mundo desenvolvido e inflação acima de dez por cento anuais, além da política de taxas de juros superiores a qualquer projeto de investimentos, inviabilizando-os. Desta maneira e com uma visão bem simplista, que qualquer dona de casa entenderia rapidamente, o déficit nas contas do governo se reverte em inflação e recessão, contrariando assim boa parte da retórica daqueles que generosamente se chamam de “desenvolvimentistas”. Isso só não aconteceria caso houvesse um grande aumento de produtividade na economia como um todo, lógico que podemos inferir que isso não ocorre, caso contrário o governo não estaria tendo déficit ano após ano, caso ocorresse significaria que com o mesmo número de funcionários ele estaria produzindo mais e melhor (isso em uma visão bem simples para não complicar a explicação).

Outra forma de analisarmos a baixa flexibilidade da inflação em relação às altas taxas de juros reais no Brasil, em minha modesta opinião, é o caráter oligopolista da economia brasileira. Uma economia fechada, na qual seus agentes econômicos são protegidos por um governo que pouco se importa com os consumidores e no qual o lobby (doações eleitorais) das empresas importa mais a um agente político do que a baixa referência de seus eleitores, o agente econômico prefere reduzir a produção e manter preços em um cenário recessivo, melhorando, ou pelo menos mantendo sua margem de lucro do que melhorar seus índices de produtividade e assim reduzir seu custo de produção e ganhar na escala pelo volume.  Não consigo acreditar, sem teoria de conspiração que, poucos produtores de um determinado item, por exemplo pneus, não se reúnam  em uma associação de classe e definam sua margem, o mercado fechado e com proteção exagerada a produtores ineficientes foi o que gerou parte do enorme surto inflacionário da década de setenta, oitenta e parte da de noventa.

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