Innovation Killers - os assassinos da inovação na sua empresa

Innovation Killers - os assassinos da inovação na sua empresa

Se tem algo que frustra um profissional da inovação são os innovation killers (IKs). Eles impedem que você veja o resultado do seu trabalho e esforço em um projeto de inovação. Eles podem ser crenças, hábitos, posturas e até mesmo regras formais que atravancam a inovação em uma companhia. Nesses 10 anos como facilitador e consultor em gestão da inovação, identifiquei pelo menos 5 IKs em projetos de inovação (em projetos com orçamento aprovado e "go!" dado pela diretoria): 1) incapacidade para mobilizar as pessoas; 2) organização muito burocrática; 3) muito bonito no papel; 4) falta de organização e negociação e 5) eu já sei tudo.

Será que sua empresa possui algum desses IKs?

1 - incapacidade ou falta de vontade para mobilizar as pessoas: esse innovation killer é muito comum, geralmente contrata-se uma consultoria em inovação para estimular novas ideias ou desenvolver uma ideia pré-aprovada. Mas na hora de implementar/testar, o gestor da área não consegue aliados na empresa, seja porque não se comunica bem com outras áreas, ou porque simplesmente não consegue priorizar o projeto na hora do "vamo ver". Este IK também ocorre quando o gestor da área acredita que não precisa das demais áreas funcionais da empresa para fazer acontecer. É muito comum o gestor atribuir o insucesso do projeto ao consultor terceiro nesses casos. Veja o caso do gestor de novos produtos que desistiu de uma nova solução, por medo de correr o risco e se expor ao insucesso ao testa-la no mercado - já que ele não queria ajuda dos demais setores da empresa!

2 - organização muito departamentalizada e burocrática: sem um trabalho prévio sobre cultura de inovação que envolva as diferentes áreas da empresa, ou pelo menos, as que devem estar embarcadas no projeto, dificilmente um projeto de inovação sairá do papel. Mesmo que alguns debandem no meio do caminho, é sempre melhor envolver as áreas-chave da empresa para evitar ciúme e boicote. Veja o caso de um departamento de tecnologia que gostaria de contratar uma startup e teve seu pedido congelado por 6 meses pelo departamento de compras, por puro... ciúmes!

3 - muito bonito no papel, mas aqui não vai funcionar: parece bizarro, mas empresas contratam consultorias longas e caras para simplesmente dizer ao consultor que não acreditam no projeto. Consultor não faz milagres: ele induz, elabora fatos e dados, mas a ação sempre dependerá daqueles que acreditam que possam mudar o futuro. Iniciar um projeto com desânimo e descrença, sempre levará o projeto para caminhos tortuosos. Veja o caso da empresa que decidiu revitalizar sua área de vendas e focar na experiência do cliente, mas não teve apoio do departamento... comercial!

4 - falta de organização e negociação: em tempos de design sprint, OKR, lean inception, ainda temos empresas que levam meses para simplesmente elaborar e validar um novo conceito de produto ou serviço internamente. Isso ocorre porque simplesmente as pessoas não aderem efetivamente a métodos de organização e consequentemente também não fazem uso de ferramentas para gestão de tarefas e tempo. O pior cenário é quando cada um usa uma ferramenta diferente para gerenciar seu tempo e suas tarefas. Ou quando o gestor da área não conversa ou negocia com o gestor da outra área com a qual você possui projetos, e a priorização das tarefas fica prejudicada...

5 - eu já sei tudo: essa é clássica! Já tive a oportunidade de prestar atendimentos a empresários que simplesmente ao final da minha exposição diziam: "o que você está falando é trivial, já fazemos", ou ainda "isso aí é fácil, já conheço o assunto". Infelizmente o ego ainda é um grande vilão. O gestor faz o famoso "teatro da inovação" para a diretoria, mostra que está investindo seu orçamento em iniciativas, mas na prática, acredita que o consultor ou agente de inovação é seu inimigo e tenta menosprezar o tema. Infelizmente, o consultor acaba desistindo de convencer o gestor, ou simplesmente crê que a empresa já possui maturidade no tema, e depois verifica-se que a empresa desenvolve mal ou porcamente aquilo que você tentou implementar.

Como se livrar dos IKs? Apostando em uma cultura de inovação aberta e sistematizada. Isto implica em permitir a experimentação de novas ideias, na formalização de um orçamento de inovação, no compartilhamento e troca de informações e tecnologias com o ambiente competitivo, dentre outras boas práticas da gestão da inovação. Boa sorte! Se quiser debater mais o assunto, deixe um comentário :)

Maísa Luana Silvestrin

Inovação, Startups, Tecnologia, Recursos para Inovação, Projetos e Educação empreendedora

4 a

Excelente texto!!

Maria Cecilia Flores Cordeiro

Economista. Consultora em inovação e negócios. Professora de graduação e pós graduação.

4 a

André Luiz Turetta, MSc você sempre direto e objetivo em “tocar nas feridas” da gestão de inovação! Parabéns pela clareza na abordagem e por nos manter atentos ao que realmente importa!

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