Inspirações Psicanalíticas - Filme "As vantagens de ser invisível"
O filme “As vantagens de ser invisível” é baseado num livro de mesmo nome, de Stephen Chbosky (autor do livro e diretor do filme). Ambos tratam sobre as peculiaridades da invisibilidade daqueles que se mantêm à margem das relações sociais, estando na “ilha dos subestimados”. O filme aborda temas como: sexualidade, adolescência, bullying, abuso de álcool e outras drogas, abuso sexual infantil e, sobretudo, como a constituição subjetiva se forma e transforma em meio a tudo isso.
No filme, o protagonista Charlie se muda de escola durante seu tratamento para depressão, após seu único amigo ter se suicidado. Ele se depara novamente com o desafio de ter que se enturmar, conhecer gente nova, quando encontra Sam e Patrick que o ajudam a vencer suas inibições.
No livro, as cartas de Charlie estabelecem um diálogo estranho e único com o leitor; são profundamente intensas e íntimas. Ele compartilha sua forma de ver e compreender o mundo, gerando muita identificação com grande parte de quem lê, sobretudo adolescentes, que precisam enfrentar o laço social, vencendo a barreira da timidez.
É marcante o conflito de Charlie e sua ambivalência entre o desejo de viver sua vida e de fugir de desafios que o levem a enfrenta-los, mas é lindo como ele se permite, junto com seu grupo “estranho e invisível”, a ter uma série de experiências novas: os primeiros encontros amorosos, os tropeços da convivência, o ressurgimento de dramas familiares atualizados em novas situações, o fato de fazer novos amigos. “Neste momento, nós somos infinitos”.
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Um dos pontos altos do filme é o diálogo entre Charlie e seu professor: “Por que as pessoas legais escolhem as pessoas erradas para namorar? - Nós aceitamos o amor que achamos que merecemos. Podemos fazê-las saber que merecem mais? - Podemos tentar”.
Tentando fazer uma aproximação com a Psicanálise, Freud elucida em “Introdução ao Narcisismo” (1914) que “O que o ser humano projeta diante de si como seu ideal é o substituto do narcisismo perdido de sua infância”, que é uma representação do amor dos pais pelos seus filhos, normalmente desejados desde antes de virem ao mundo. Logo, na repetição da “escolha de pessoas erradas para namorar” quase sempre opera um deslocamento de objeto, em que o sujeito sai em busca de um amor que complete a sua falta. Portanto, a mudança subjetiva realmente se opera de dentro para fora. Nessa busca, o sujeito faltante sai ao encontro desse relacionamento ideal que (supostamente) completaria o que falta, mas essa completude não existe: a realidade apresenta uma série de furos. Por isso, é preciso recusar esse desejo de ser amado incondicionalmente e ser completo por alguém, entregando-se desamparadamente à relação, para ter a possibilidade de amar, e de forma real, apreciar e ser apreciado pelo outro em sua incompletude, tão faltante quanto si mesmo.
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Engenheiro SR na Acelen
2 aAcabei de assistir. É realmente uma linda história. Feliz Ano Novo