INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: desenvolvimento do indivíduo e as organizações  

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: desenvolvimento do indivíduo e as organizações  

 Antes da década de 90, o sucesso de uma pessoa era avaliado pelo raciocínio lógico e habilidades matemáticas e espaciais (QI).  A capacidade de uma pessoa era medida por suas habilidades intelectuais, ou seja, QI (quociente de inteligência), avaliava a capacidade do raciocínio lógico, as habilidades matemáticas e espaciais de um indivíduo, o que gerava um diferencial para o mercado de trabalho.  O termo “Inteligência Emocional”, popularizou-se a partir do livro "Inteligência Emocional", de  Daniel Goleman, e é definida como a capacidade de raciocinar sobre emoções.  Em 1996 Goleman lançou o livro intitulado “Emotional intelligence”,  onde acontece um processo de ampliação e  mudança do conceito da IE  ,  retomando uma nova discussão sobre o tema.  Stephen R. Covey também traz uma proposição para o desenvolvimento da pessoa, através da efetividade pessoal e organizacional, no ambiente em que apresenta um cenário mundial em crescentes mudanças e desafios contínuos, exigindo de cada indivíduo se perceber e inserir-se neste contexto. O Goleman com uma visão psicológica e Covey com sua visão administrativa, dialogam neste problemas existenciais da era atual.

Uma superficial visão do mundo contemporâneo, percebe-se uma sociedade   emocionalmente doente, vícios, suicídios, depressão, frustração, entre tantos outros fatores. Um reflexo ou consequência do HOMEM moderno, em busca do conhecimento em detrimento da emoções. Mesmo nos tempos atuais, ainda é percebido esta dissociação da razão e a emoção.  O SER HUMANO como ser que pensa, deveria ter um maior domínio da sua razão e  o controle das suas emoções. 

 O controle das emoções é fundamental para o desenvolvimento da inteligência de cada um, e não é apenas uma habilidade basicamente cognitiva, e,  GOLEMAN (1996) ressalta em sua teoria que ser Inteligência Emocional é a capacidade de desenvolver e se automotivar, persistindo no objetivo, mesmo diante das adversidades, tais como  controlar impulsos, manter o estado de espírito equilibrado, impedindo que a ansiedade interfira na capacidade de raciocinar, de se relacionar bem, ser empático e autoconfiante. 

Daniel Goleman, em seu livro, mapeia a Inteligência Emocional em cinco tendências:

  1. Autoconhecimento – conhecimento que o indivíduo tem de si próprio, suas características, habilidades, dificuldades, comportamentos e a forma como lida com todas estas percepções. Sugere a nos perguntar:
  2. Autogerenciamento – saber lidar com os próprios sentimentos, adequando-os para a situação. Tais como:
  3. Automotivação - Canalizar as emoções que nos leva atingir objetivos. Pôr as emoções a serviço de uma meta é essencial para centrar a atenção, para a automotivação , a maestria e para a criatividade.
  4. Relacionamento - Reconhecer as emoções em outras pessoas. Capacidade de compreender a constituição emocional dos outros, uma habilidade para lidar com as pessoas de acordo com suas reações emocionais.
  5. Habilidade social - A arte de relacionar com o outro. Ser competente para cultivar boas relações sociais, liderar processos de mudança, e desenvolver equipes eficazes. .
  • Você se conhece?
  • Sabe porque se comporta da maneira como o faz?
  • Sabe o que deseja mudar na sua vida?
  • Sabe como mudar?
  • Gerenciar  sentimentos e impulsos
  • Escolher  as palavras
  • Tomadas de decisões  examinar ações e consequências
  • Evitar  julgamentos precipitados.
  • Controlar  impulsividade emocional
  • Rever  considerando fatores que podem  suavizar a situação.
  • Responsabilidade Pessoal considerar as consequências dos comportamentos.
  • Motivar  a si mesmo
  • Perseverar e lidar com frustrações
  • Compreender  o funcionamento do contexto social.
  • Entender   como as pessoas estão se sentindo em  uma situação.
  • Aceitar  que existe diversidade de pontos de vista e compreendê-los.
  • Enfrentar e clarificar   situações de conflito.
  • Ser amigável sem perder de vista o propósito (foco) de alinhar e mobilizar pessoas numa direção desejada.
  • Autoexposição  valorizar a abertura e a confiança nas relações pessoais. Identificar quando é seguro falar de seus sentimentos.
  • Excelência  em  persuadir e colaborar.
  • Demonstrar  comprometimento em ajudar no desenvolvimento das pessoas.
  • Acalmar-se  controlar impulsos
  • Usar sua percepção de si mesmo e do outro para administrar conflitos, negociar e liderar.

As três primeiras tendências estão relacionadas à Inteligência Intrapessoal, permite compreender a nós mesmos e trabalhar conosco.  Autoconhecimento e autoestima para orientar o próprio comportamento. Também é capacidade de superar os impulsos instintivos o autocontrole.

As duas outras tendências focam na inteligência Interpessoal, que é a habilidade de interagir com as outras pessoas,  entendê-las e interpretar seu comportamento.  Administrar conflitos. É observável em:  líderes, terapeutas, políticos, religiosos, professores, vendedores, que sabem identificar expectativas, desejos e motivações de outras pessoas, tornando-se extremamente sensíveis a suas necessidades.

A importância que se é dada a IE depende da  capacidade do sujeito em lidar com suas emoções no tumultuado contexto contemporâneo da vida, e,  profissionais de diversas áreas como psicólogos, educadores, empresários e pesquisadores têm estado em busca do conhecer como  a   inteligência das emoções  na vida das pessoas, tem contribuído para o sucesso ou fracasso, assim a aplicação  da IE nos contextos educacional, ocupacional e psíquico/social.   E, surgem perguntas destas buscas: qual a relação da IE com o sucesso/fracasso acadêmico e profissional?  como a IE afeta as relações interpessoais? 

 O cenário das organizações atual, a inteligência emocional é uma competência diferenciada, não dando as pessoas apenas um mérito pelo desempenho objetivo, técnico, também são levadas em consideração, não menos essenciais, as competências comportamentais, o saber lidar com o outro, conviver coletivamente. 

 Para Covey (2004), uma forma eficaz para alcançar resultados positivos é iniciar com um objetivo em mente, desenvolvendo um propósito de vida, uma missão pessoal, concentrando-se no que se deseja ser e fazer. É uma motivação intrínseca que procura seguir a seus valores essenciais.

 No entender de Covey (2004), a percepção que formamos do mundo, como o observamos, determina o nosso comportamento, a nossa maneira de pensar e agir. Por vezes, ficamos escravos dos problemas cotidianos e, assim, o que de fato é importante acaba sendo substituído por coisas urgentes, circunstanciais, tornando-nos imediatistas e reativos. Esse comportamento ressalta que o tempo deve ser utilizado segundo regras de prioridade, com metas estabelecidas e estando atentos à presença de hábitos dispersores de forma a harmonizar o tempo com a conquista das metas e atividades consideradas importantes. A falta de tempo é um indicador de excesso de atividades ou de comportamentos circunstanciais.

 O hábito mais importante na visão de Covey (2005), é o saber gerir a própria vida, uma vez que o resultado cotidiano das pessoas está vinculado às suas atitudes contínuas de fazer melhor. O autor acrescenta que a capacidade de saber gerir determina a qualidade com que um indivíduo está focado nos seus propósitos, ou seja, em fazer o mais importante em primeiro lugar. Percebe-se que no contexto do autor, a questão é didática e ressalta a importância para todo indivíduo que é capaz de responder aos desafios pessoais, a capacidade de superação.  Esse é o desafio que  cabe a cada indivíduo responder com a qualidade de nossas decisões e ações.

 Ressalta Covey (2004) ,  cinco sustentáculos do pensamento:

  1.  Paradigmas

Paradigmas são modelos mentais formados ao longo da vida, uma forma de explicar a realidade, o modo como se vê o mundo, como percebe a si mesmo neste mundo. 

  1. Princípios

Na visão de Covey,  são verdades enraizadas através do tempo, que fundamentam a eficácia e que não podem enfraquecer diante da vida.  Enquanto os paradigmas é o mapa, os princípios é o território. Pode-se citar a qualidade, mudança, desenvolvimento, dignidade,  ética.

  1. Processo de dentro para fora

Processo de mudança e desenvolvimento pessoal só acontece de dentro para fora.  É um aprendizado, uma mudança de comportamento tornando os hábitos excelentes

  1. Hábitos de efetividade

Os hábitos de efetividade resulta do conhecimento, o que fazer, somado a capacidade de realizar e o desejo de querer realizar.  

  1. Níveis de efetividade

A efetividade pessoal, a relação intrapessoal;

A efetividade interpessoal;

A efetividade gerencial, ou seja, de conduzir com que o outro realize;

 A efetividade organizacional, alinhar objetivos organizacionais com os pessoais. 

A Inteligência Emocional é considerada por Covey no longo prazo mais importante para os relacionamentos e a liderança do que a inteligência mental. O autor considera que através dos  7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes,  o meio eficaz do uso da Inteligência Emocional.

  1.  Ser proativo: a capacidade de fazer as próprias escolhas e o livre arbítrio de agir fundamentado em princípios e valores.
  2. Estabelecer objetivo: desenvolver uma visão mental de onde se quer chegar com .
  3. Priorizar o que é mais importante: organizar ações e executar em torno das prioridades mais relevantes.
  4. Pensar no ganha-ganha: o que é bom para mim tem que ser bom para todos, respeito mútuo em todos os relacionamentos.
  5. Compreender antes o outro: torna a relação saudável ouvindo.
  6. Sinergia: é o produto da qualidade das relações.
  7. Afiar a serra: pode ser interpretado como a melhora contínua que oferece um horizonte de superação pessoal em todas e cada uma das áreas de nossa personalidade. Este é o hábito que permite entender o melhoramento pessoal nas dimensões física, mental, sócio-emocional e espiritual.

Na percepção de Covey (2004) a gestão pessoal para ser feita com eficácia, não é determinada por alguma técnica ou qualquer outro fator externo, mas sim, por quem sabe lidar com as atividades importantes e não urgentes, onde o foco das atividades está priorizado por um grau de importância e não urgência. Ressalta ainda que quando as pessoas, planejam a longo prazo, mantêm a disciplina e pensam preventivamente, ampliam a sua capacidade de organizar e viver, dia-a-dia, em torno das atividades importantes, obtendo uma melhor qualidade de vida, através do planejamento e organização das atividades diárias. No entanto, faz-se necessário ser proativo, sabendo dizer “sim” ou “não” para as coisas importantes do cotidiano. É essencial centrar-se nos princípios corretos, mantendo-se focado na missão pessoal.

Qualquer um pode ficar zangado – isso é fácil. Mas ficar zangado com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa – isso é difícil”.          ARISTÓTELES (1073)

 A  temática Inteligência Emocional, pode ressaltar a sua significância e uma essencial necessidade de ser aplicada nos dias atuais. Ficou percebido as contribuiçõe/benefícios que IE pode proporcionar as pessoas. Podemos também observar o quanto amplia a visão sobre o contexto de vivemos e convivemos e os impactos das emoções que nele estão inseridas. Ainda encontra-se um grande número de pessoas que não aplicam para si este competência, o que pode ser uma questão acadêmica, aprimorar e aprofundar esta temática nas escolas e academias, como exercício além do conhecimento técnico pedagógico, mas proporcionar habilidades comportamentais para lidar com o mundo. 

REFERÊNCIAS

Covey, S. R. (2004). Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes (40ª ed.). Rio de Janeiro, RJ: Best Seller.

Covey, S. R. (2005). O 8º. Hábito: da eficácia à grandeza (9ª. ed). Elsevier: São Paulo.
Goleman, D. (1996). Inteligência emocional (M. Santarrita, Trad.). Rio de Janeiro, RJ: Objetiva.

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