As janelas do mundo abertas para a Praça
Feira do Livro de Porto Alegre, Novembro 2019

As janelas do mundo abertas para a Praça

Sou porto-alegrense, tomo chimarrão, torço pro lado azul dos pampas e o por-do-sol do Guaíba é um dos mais lindos do mundo. Pronto, falei! 

Eu morava no centro de Porto Alegre e amava, todos os anos, visitar a Feira do Livro na Praça da Alfandega, que está na sua 66ª edição e que já recebeu a medalha da Ordem do Mérito Cultural, concedida pela Presidência da República, que a reconheceu como um dos mais importantes eventos culturais do Brasil. 

Há vinte anos mudei para o Rio e depois para Sampa, porém todo ano voo para POA para visitar a família e amigos e sempre que possível flanar pela Feira do Livro ao sol da primavera. 

Uma grande parte dos livros que tenho foram prazeirosamente pescados e adquiridos entre uma banca e outra da Feira. Visito a Feira desde os anos 80. Uma passagem especial foi a vez em que, feito um rato de Sebo, eu revirava livros num balaio duma banca quando folhei um livro e ouvi uma voz susurrando atrás de mim “esse parece ser um bom livro”, e não é que era o próprio Moacyr Sclier, autor do livro, sorrindo. Claro, comprei e levei o livro autografado. 

Não leio tanto quanto gostaria ainda assim aprecio muito os livros. Talvez por iniciar minha jornada pelo curso de história, ou quem sabe por influência de amigos e conhecidos que hoje ganham a vida como professores, jornalistas, escritores e poetas. 

Vale observar também que a leitura engrandece a alma, nos agrega entendimento, conhecimento, cultura, reflexão, vocabulário, diversão, senso crítico, entre um universo de outras coisas. Eu particularmente prefiro o livro físico ao e-book (digital), gosto de folhar a obra e sentir seu cheiro, de toda forma, tem para todos os gostos. 

Penso que sobre os livros certo mesmo estava Mario Quintana: “livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas."

Entretanto, esse ano não fui e não irei a POA. Os tempos são duros. A pandemia não permite. Então neca de Feira do Livro? Nã nã não. Esse ano, assim como muitos eventos, a Feira do Livro é virtual, on-line e gratuita. 

Pensando aqui com meus botões: o que seria desse nosso mundinho atual sem o profissional de TI? 

A meu ver, esse é mais um exemplo positivo do que esse mundo digital pode nos proporcionar. As possibilidades das tecnologias digitais são inúmeras e os limites inimagináveis, cabendo a cada negócio ou serviço tornar tais avanços grandes aliados do nosso dia a dia. 

Claro, alguns mais precipitados dirão que não é a mesma coisa. 

Afinal a Feira do Livro sempre foi um evento social, ponto de encontro dos amigos, local de palestras e discussões, oficinas, amostras e contações de histórias entre um café ou um chope. Sem falar, e já falando, que o passeio a pé pelo Centro Histórico revitalizado da capital gaúcha onde, em anos não atípicos como esse, se estabelece a Feira, é algo muito agradável. 

No entanto, é como observa o manifesto da própria Feira do Livro: “neste mundo que está ao alcance do nosso olhar, passamos a acompanhar a vida pelas formas de quadrados e retângulos, de janelas e telas.” Ou ainda, como nos fala Jeferson Tenório, escritor e patrono desta edição da Feira do Livro: “acho que a gente tem que trabalhar com as metáforas do espaço. A pandemia fez com que essa perda de espaço se acelerasse, mas a gente é capaz de ressignificar esse momento dentro da plataforma (virtual) como um espaço de resistência.” 

Neste ano a plataforma www.feiradolivropoa.com.br é a Praça e a Feira ao mesmo tempo. De forma estruturada, podemos encontrar a programação, notícias, galeria de fotos e vídeos, reflexões e livros com descontos. 

Como diria a enxadrista do inescapável seriado da Netflix O Gambito da Rainha: “o jogo começou, mova suas peças”. 

Então galera, bora visitar a Feira do Livro de Porto Alegre. Saúde a todos.


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