Jovens, saiam de casa e vivam a realidade

Jovens, saiam de casa e vivam a realidade

O título está dramático? Com certeza. E, piegas que sou, não paro por aí. No maior estilo “o que aprendi em 10 dias no Ceará”, compartilho com vocês os pensamentos que me tomaram durante as férias.

Trabalho em home office e convivo digitalmente com uma galera que também está sempre online. Grande parte das minhas amigas são mães, ou seja, estão sempre cansadas. Além disso, temos uma vida agitada, cheia de compromissos, incluindo a necessidade de ter presença digital.

Por isso, é fácil usar o esgotamento como desculpa para não sair de casa. Mantemos contato pelas redes sociais, inclusive compartilhando memes que exaltam a preguiça social e mostram como o convívio com as pessoas está cada vez mais complicado para nós.

Sobre as férias, minha história começa com uma frase antiga, mas que segue a mesma linha de raciocínio: "Prefiro cachorro do que gente."

Eu já tinha ouvido essa frase algumas vezes, mas nesta ocasião, dita por uma mulher com sotaque paulista, enquanto acariciava um labrador e fazia seu primeiro contato comigo, meu cérebro soltou um grande: jura?

Me contive e respondi com um sorriso, não queria ser polêmica.

Eu também amo cachorros, mas, pela primeira vez, achei estranho renegar a própria raça. Os “doguinhos” nos fazem sentir amados incondicionalmente, nos arrancam sorrisos e são inegavelmente lindos. Mas também me parecem previsíveis e eu me interesso muito pela complexidade humana e suas histórias.

É claro que tem muita gente fdp, ruim, chata, complicada... Mas eu ainda não estava convencida.

Paralelamente meu celular estava sem sinal em Icaraizinho de Amontada (cidade onde estava). Aproveitei para limitar o uso dele apenas com o Wi-Fi da pousada e viver offline.

Convivi com pessoas com vivências extremamente diferentes das minhas: locais que nunca saíram da cidade, gringos em férias, outros que largaram tudo para viver no interior do Ceará, turistas brasileiros que viajaram o mundo, um gestor de projetos aposentado que abriu um japonês no estilo omakase em meio às ruas cobertas por areia...

Então, concluí que prefiro gente, tirando algumas.

Minhas conclusões não pararam por aí. Lembrei de algo que não é mostrado no maravilhoso mundo das conquistas das redes sociais: as pessoas têm problemas.

Alguns grandes, outros menores, mas cada um com o seu. O óbvio precisa ser dito e, nesse caso, lembrado para que possamos colocar nossos problemas em perspectiva: será que eles são mesmo do tamanho que os vemos?

Pode ser que sim, pode ser que não. O importante é não se achar o único com uma vida difícil e ser tolerante com os outros, não sabemos o que eles estão vivendo.


Ouve-se por aí: Frases aleatórias que ouvimos por aí, seja na conversa da mesa ao lado, no metrô, no escritório ou até na nossa casa.

“Quando você está bem, você toma uma tequila para ficar melhor” - homem na mesa ao lado em Icaraizinho de Amontada - CE.


Sugestão da semana: Livro - Viola Davis, em busca de mim

Seguindo a linha de colocar nossos problemas em perspectiva, como mencionei acima, a obra tem sido um verdadeiro chacoalhão para mim.

Ainda não terminei, mas já tive insights poderosos, como a importância da representatividade e das mãos que se estendem ao longo da nossa trajetória. Ninguém vence nada sozinho. Sem mencionar as dificuldades da pobreza extrema, do racismo, da violência e do abuso doméstico.

É uma daquelas leituras que nos tiram do lugar. 


Angela Lemos

UX Writer | Copywriting | Engagement | Digital Transformation

4 m

Vou adotar o "prefiro gente, tirando algumas pessoas" hahaha.

Tatiana Dantas Aldrey

Legal Collections Specialist SELAME Region - South Europe-Latin America - Middle East

5 m

Muito bom, Lore! e gostei da indicação do livro, já coloquei na lista!

Reginaldo de Almeida Costa

Diretor de Recursos Humanos | VP de RH | CHRO | Gerente Regional de RH | Gerente Senior de RH | Head of People | Head de RH

5 m

Boa Lore...eu também acredito que gente (tirando algumas rsrsrsr) ainda é uma boa alternativa para o mundo.

Clarissa Padovani Mussoi

Copywriter, Redatora, Roteirista, Escritora e Bibliotecária

5 m

Então, concluí que prefiro gente, tirando algumas. HAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHA essa mereceu minha gargalhada sincera e despretenciosa! Aliás, porque você ainda não soltou ... e eu, de gatos!? O ser humano é legal, tem histórias.... mas imagina se um cachorro ou um gato falasse... cara.. eles teriam muitas histórias engraçdas pra contar!! Brincadeiras à parte! Adorei o texto!

Gustavo Bayma

Fazendo tudo que faz bem.

5 m

Adorei o texto (o melhor LoreNews até agora)! Fiquei com gostinho de quero mais... parece que quando ia esquentar acabou 😅

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos