Lemniscata

Lemniscata

A escravocracia contemporânea, encurralou a nossa inteligência no espaço existente entre os dígitos do relógio de ponto, roubando todo o nosso tempo de criatividade e de alegrias. Desse modo, sequestrada a força criativa de nossa criança interior, a dissonância cognitiva ocupou todo nosso espaço mental, nos outorgando o medo psicológico como modus vivendi. Desde então, somos conduzidos pelo instinto de sobrevivência e preservação, instalado num cenário de completo desamparo e de busca contínua.

Consequentemente, nunca conseguimos estar presente em nosso próprio momento de vida, pois as preocupações com os problemas fabricados pela nossa mente, e meticulosamente cultivado em nossos pensamentos, nos colocam nesse limbo, localizado entre os ponteiros desse subjetivo sequestrado, que direciona o nosso psicológico na gangorra do pretérito de um futuro distante, não nos permitindo perceber a vida passando ao largo.

Deste modo, passamos todo o nosso tempo, nos equilibrando em cima dessa linha, que liga nossas pegadas de saudades e amarguras do pretérito, aos problemas e preocupações porvindouras, sem atinarmos para a doce sonoridade, o aroma perfeito e as delícias dos sabores, que nutrem cada instante do momento presente.

Dessa forma, as relações tornam-se fugazes, superficiais, insatisfatórias e desprovidas de sentido, pois passamos a existir em razão dessas memórias, que geram fantasias virtuais, alimentando anseios e conjecturas com um presumível amanhã, que jamais chegará.

Sendo assim, a mesma tecnologia escravagista de outrora, dedicada aos povos melanodérmicos e indígenas; hoje foi perversamente atualizada e democratizada pelos Tempos Modernos, através do sistema religioso, educacional, militar e midiático administrado pelo Deep State.

Por conseguinte, a promoção e fortalecimento das pautas identitárias, acentuou e acirrou as divisões sociais, raciais, de gênero e credo, permitindo camuflar a causa primária de todos os males, que foi o criminoso regime de escravidão e da colonização das terras indígenas, além do tráfico negreiro transatlântico, acatados como crime da história, empreendido pelo Estado e pela igreja.

Consequentemente, tal crime vem sendo propositalmente vinculado a questões raciais, como forma de ocultar a extensão de seus danos continuados, e democratizados à grande massa populacional, aprisionada a esse espaço, existente entre os ponteiros do subjetivo humano, submetendo e subalternizando esse povo, que age como público consumidor de si mesmo.

Todavia, para esse carrossel de iniquidades, que já se encontra em seu ápice, resta seguir um caminho somente; caminho que se revela como portal de retorno ao lar; de volta a própria essência.

Consequentemente, há aqueles que congelaram de medo ao chegar no clímax, optando por dormir o sono de princesa, ou de príncipe, no pós-núpcias, no limbo desse espaço-tempo, localizado entre os ponteiros do pretérito e futuro desse relógio sociocultural; esse carrossel, cumpre a função eternal de um looping, nessa humanoide roda de hamster.  

Portanto, para romper com esse círculo vicioso, torna-se cogente extrapolarmos todos os limites impostos, nos lançando corajosamente no vazio, existente fora dessa corda bamba estendida como linha de tempo, que nos amarra as fronteiras do psicológico com seus liames de crenças limitantes e ideologias desviantes.

Deste modo, como passarinhos fora do ninho, sem medo de ultrapassar a linha divisória, delimitando nossas raízes do formidável espaço ilimitado, que se apresenta como um eminente desconhecido iminente; a fim de ascendermos nessa espiral, no redemoinho de oitavas dessa doce música das esferas, que faz parte da trilha sonora de nossa existência.

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