Leveza
Prepare-se para ouvir, com mais frequência, essa expressão: leveza.
Essa é a próxima tendência. Enquanto não surgir outra, dentro em breve.
A hipermodernidade está nos levando para as tensões e para os paradoxos.
Nunca tivemos tantas oportunidades para viver mais leve, mas, ao mesmo tempo, a vida cotidiana parece cada vez mais difícil de suportar. Concorrência, instabilidade, insegurança, riscos ambientais, terrorismo...
A aspiração é se sentir leve.
A “leveza do fazer”, graças aos meios técnicos disponíveis, nos possibilita agir como nós desejamos. Contudo, se opõe a “leveza do viver”, que parece não estar ao nosso alcance, dado que não depende das coisas externas, mas sobretudo de nossa competência e talento para alcançar a felicidade.
Cuidado, pois numa interpretação rasa, a busca da leveza levaria à rejeição do hiperconsumo.
Porém, estamos enredados, numa cadeia sucessiva de estímulos, que prometem realizar nossos sonhos, novas emoções, novos prazeres.
Portanto, definitivamente, não estamos entrando numa nova era pós-consumo. É um mito pensar que a felicidade não está conectada com o consumo, ainda que ‘o que’ e ‘como’ iremos consumir certamente será bem diferente de hoje. Nosso apetite por novidades é muito forte para ser superado por tais discursos.
Enquanto isso, as marcas, sob o estresse da sobrevivência, têm a obrigação vital de produzir novidades para controlar a obsolescência de seus próprios produtos, assim como para manter suas taxas de crescimento.
Os consumidores são hoje ‘compradores de inovação e de novidades’. Isso emociona, diverte, faz vibrar.
Por isso, voltando à ideia de leveza, é preciso fazer um exercício de luta contra a gravidade.
Entrar no tapete voador e ver longe para inventar e recriar.
Ter a leveza de pensar que tudo é possível.
Um exemplo:
Enquanto a cadeia Hilton levou 93 anos para ter 630 mil quartos, o site de aluguel de acomodação Airbnb chegou a isso em menos de 5 anos. É a leveza do serviço se sobrepondo ao peso do cimento.
Então, haverá uma migração da sociedade de consumo (do que é material) para o que é a sociedade do desfrute (do imaterial).
A nova geração já entendeu que a felicidade não vem do acúmulo, mas do propósito.
Entramos na era das “utopias lights”.