AS LIÇÕES DO PNEU RASGADO

Sexta Feira dia 26 de Maio foi um dia bem importante profissionalmente. Foi a data do “kick off” de um projeto de treinamento para um cliente especial. O treinamento em si é algo bem disruptivo pois foi usada como ferramenta principal a gamificação, isso mesmo, treinamento com o uso de “games”, jogos. Neste caso um dos jogos (eram dois) foi realizado online e os participantes usavam seus celulares para cumprir etapas de um “quiz”. Este jogo foi personalizado com conteúdo e design exclusivos para o contratante. O outro foi um jogo mais tradicional e como se usa no jargão da indústria do Edutainment, educação através do entretenimento, um jogo de tabuleiro. Não por isso menos interessante e envolvente que o anterior. Em ambos, tudo muito lúdico, interativo, porém simulando situações vividas diariamente nas empresas. Bastante interessante.

Fora a primeira vez que eu assistia ao vivo a aplicação dos jogos que são desenhados por um parceiro e minha função no evento era o de ter certeza de que o que havia sido vendido ao cliente seria entregue. Adicionalmente e por estar num projeto paralelo com o mesmo cliente era a oportunidade de dar pílulas de informação aos participantes, tudo alinhado com a estratégia da empresa.

O dia começou cedo pois o evento era num site do cliente em Carapicuíba e o início estava marcado para as 8:00. A manhã transcorreu dentro do previsto, ajustes iniciais e uma curva ascendente em todos os aspectos.

Lá pelas 13:00 foi anunciada a pausa para o almoço, 60 minutos. O local mais conveniente para almoçar era uma padaria na beira da Raposo Tavares com self service e bem próximo ao local do evento. Como queríamos estar de volta antes do retorno do grupo fomos os 3 parceiros direta e indiretamente envolvidos no treinamento e eu no meu carro. A estrada de acesso era estreita e enquanto trocava ideias com os demais subitamente peguei um buraco daqueles que são uma arapuca. Pequeno, escondido, mas fundo, muito fundo. No ato em que a roda bateu todos ouviram um estampido seco. Achei que tivesse quebrado a suspensão do carro, mas logo percebi que o problema estava no pneu. Por sorte estava bem próximo ao posto onde ficava a padaria e ali tive a 1ra. lição.

Perguntei ao frentista se havia no posto ou imediações uma borracharia para o qual recebi uma negativa. Em seguida expus a situação e pedi ajuda. Perguntei se enquanto eu almoçava ele poderia trocar o pneu pelo estepe com o qual concordou imediatamente. Um total desconhecido entendendo meu problema resolveu me ajudar, em troca, dei a ele e em confiança a chave do meu carro para que cumprisse com o compromisso e na expectativa que ao retornar o carro estaria em ordem. E estava. Saquei R$ 10,00 do bolso, perguntei se era o suficiente, o agradeci e retornamos em tempo ao evento que transcorreu muito bem até o final do dia.

Devido a outros compromissos no decorrer da sexta só pude dar atenção ao conserto do estepe no dia seguinte (sábado) quando tive a 2nda lição. Ao constatar que o pneu havia sido rasgado e não furado o borracheiro comentou que precisaria de mais tempo para executar o serviço, e que só ficaria pronto na terça pela manhã. Não pestanejei e de novo expus a situação e pedi ajuda com a qual novamente fui atendido. Para mim não era opção rodar sem estepe, então ele montou um pneu dele na minha roda sem custo adicional algum e viabilizou que eu pudesse fazer uso do carro em segurança até voltar e pegar o meu estepe original.

O que eu aprendi com o tal do pneu furado:

1-     Que quando precisamos de ajuda se o assunto é genuíno e sabemos pedir, na maioria das vezes somos atendidos. Não por interesse, mas sim por solidariedade, afinal as pessoas se identificam e comovem com os nossos problemas;

2-     O povo brasileiro em geral é generoso e muito receptivo. Me lembro que essa foi uma das primeiras impressões que tive ao desembarcar no país em 1974 mesmo com apenas 8 anos de idade e ela se renova de tempos em tempos sempre que me acontece algo como o descrito acima;

3-      Que a despeito de toda essa onda de corrupção e violência a qual somos submetidos em todos os gêneros e formas diariamente, a grande maioria das pessoas é boa, e que é dessa fonte que devemos nos inspirar, espelhar e replicar. Isso posto que tal dar mais peso ao que é bom para cultivarmos um pais e um mundo melhores?

Fica o convite, a reflexão e desejo a todos uma excepcional semana.

Obrigado e até o próximo post.

Jo Achim Liebert

Elementa Advisory & Coaching

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