LIBERTE-SE DAS AMARRAS
Em torno de nós, quanta agitação! Pessoas vem e vão apressadas, conversam aparentemente sozinhas, seguem distraídas dos detalhes cotidianos, desconectadas dos apelos da natureza e, muitas vezes, até mesmo dos apelos do próprio corpo. Deslocam-se inconscientes, seguindo a onda, ostentando cenhos carregados, movimentando-se como se fossem conduzidas por forças invisíveis, semelhantes aos fios de nylon que emprestam vida e movimento aos desajeitados bonecos dos teatros de marionetes, em suas casas, nos espaços públicos, na vida de relacionamentos, no ambiente de trabalho.
Pensando bem, as marionetes nos oferecem uma metáfora perfeita.
Quando uma marionete se movimenta, comandada por desejos alheios, que fluem e se transmitem pelos fios invisíveis ao olhar desatento, não é de fato ela que age, mas alguém que age através dela.
Uma vez soltos os fios, o boneco despenca e jaz sem “vida” e sem graça, desprovido de motivos, pois os que ostentava não eram seus, mas apenas reproduzidos, emprestados de alguém.
Livre dos fios, se o boneco se sustenta, se ergue e se movimenta, conduzindo-se a si mesmo, então é seu ser que se expressa e o faz através dos desejos – agora seus, agora próprios – permitindo-se experimentar, tentar, errar, acertar, descobrir, descobrir-se, encontrar seu lugar no mundo, entrar em contato com seus talentos, com suas forças pessoais e colocá-las em ação, diferenciando-se, ao mesmo tempo em que se integra ao coletivo e amplia paulatinamente seus níveis de consciência.
Recomendados pelo LinkedIn
Mas, deixemos os outros e olhemos para nós.
Observe-se e revisite o seu trânsito pela vida. Há fios invisíveis conduzindo você? Que desejos alheios você vem tentando atender freneticamente? Você tem consciência deles? Eles fazem sentido para você? Se estes “fios” fossem cortados você se sustentaria em pé? Que desejos, talentos, valores, propósito, causas realmente suas o fariam reerguer-se e ir em frente?
Você se conhece o suficiente para não tomar como seus os desejos alheios? Você tem consciência do que realmente tem valor para você? Pelo que você lutaria obstinadamente? O que é inegociável para você? Você conhece seus pontos fortes? Tem cultivado suas forças pessoais? Expressa-se no mundo através delas, assumindo sua singularidade, ou ainda tem saudades dos fios, forçando-se a ser quem não é?
Neste imenso palco de marionetes, cultivar o autoconhecimento pode ser um ato extremamente subversivo.
Então, corte os fios! E conhece-te a ti mesmo!
Acupunturista
3 aValor, às vezes, nos custa caro.