Liderança e Ego: Quando o Excesso Custa Caro.
No mundo corporativo, a liderança é frequentemente associada à confiança e à assertividade. No entanto, essas qualidades, quando exageradas, podem se transformar em armadilhas, prejudicando o líder e a organização. O ego inflado é uma das principais causas de problemas nas dinâmicas de liderança, levando à perda de talentos, à estagnação de equipes e à falta de inovação.
Ao longo da minha trajetória, tive a oportunidade de observar o impacto danoso que o ego inflado pode ter em equipes. Vi de perto como líderes que sempre creditam as vitórias a si mesmos e culpam suas equipes pelas falhas que acabam desmotivando as pessoas e, em muitos casos, levando à perda de talentos valiosos. Esses líderes, que se sentem obrigados a ser constantemente reconhecidos, falham em criar um ambiente de crescimento e colaboração, resultando em times inseguros. Um estudo da Harvard Business Review publicado em 2018 demonstrou que líderes com ego inflado têm maior tendência a ignorar feedbacks, impactando diretamente na capacidade de adaptação e crescimento de suas equipes. O ego, além de cegar o líder para suas próprias falhas, desmotiva os colaboradores que não se sentem reconhecidos.
Uma lição valiosa que levo para a vida é que estamos ocupando uma posição, mas não somos a posição que ocupamos. Durante o período em que decidi me dedicar exclusivamente ao meu mestrado, pude vivenciar o quanto a maioria das oportunidades estão atreladas ao status e à posição que ocupamos. O poder de um título ou cargo pode inflar nosso ego se não tivermos consciência de quem somos fora dessas posições. Essa experiência reforçou minha crença de que um líder precisa manter o foco em suas habilidades e valores pessoais, e não no poder temporário de um cargo.
Ao longo da minha carreira, venho incentivando líderes a se conhecerem melhor e a manterem conversas significativas com seus times e pares. Inserir em programas e treinamentos temas como auto reflexão, escuta ativa e colaboração oportunizam líderes a entenderem a importância de equilibrar autoconfiança com humildade. Um estudo da McKinsey & Company revelou que 90% das organizações de alta performance têm líderes que promovem uma cultura de aprendizado — algo que só é possível quando o ego não se torna uma barreira.
A diferença entre um ego saudável e um ego inflado está no equilíbrio. Um líder precisa ter segurança em suas capacidades, mas deve, ao mesmo tempo, estar aberto ao crescimento e à contribuição dos outros. Uma reflexão importante para líderes é: "Meu ego está me ajudando a guiar minha equipe rumo ao sucesso, ou está me impedindo de ouvir e crescer?" Promover uma cultura de feedback contínuo, onde líderes e equipes têm espaço para compartilhar experiências e aprender juntos, é uma forma eficaz de manter o ego em cheque. O ego pode ser usado para inspirar e liderar, mas mantê-lo sob controle é fundamental para garantir que sua liderança seja, de fato, um exemplo a ser seguido.
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Andréa Armellini Head de Pessoas e Cultura, há mais de 15 anos atua em gestão de pessoas. Com formação em Administração pela Unisinos e mestrado em Gestão e Negócios pela Université de Poitiers. Sua paixão é impulsionar os resultados dos negócios através das pessoas.
Instagram: @euandreaarmellini