Liderança humanizada é caráter e escuta aplicados no dia a dia
Com o tempo a gente vai criando cascas, vai ficando mais resistente e, com isso, podemos perder o poderoso dom da vulnerabilidade, da empatia e do silenciar. Eu, como provavelmente muitas de vocês, fui criada nesse ambiente onde a gente tem que produzir y produzir.
Mas isso começou a mudar para mim em janeiro de 2021, quando um antigo CEO me chamou para uma conversa online (ainda bem) e no meio dela começou a gritar comigo, ao ponto de bater na mesa e o notebook saltar e quase fechar. Você consegue imaginar o quão abalada eu fiquei... Mas a virada de chave viria quando o sócio dele me chamou para dizer que isso era o mercado, que quanto mais eu “subisse”, mais difícil seria e mais gente assim eu teria que conviver. Eu era coordenadora na época, de uma pequena empresa, com apenas uma pessoa no time.
Não, nunca acreditei naquilo, e os meses seguintes apenas fortaleceram a minha crença de que estava tudo muito errado ali. Resultou nas primeiras crises de ansiedade e em um burnout tão sério que dias depois pedi demissão.
Eu desacreditava daquele pensamento de que precisa ser duro, agressivo e até mesmo humilhar para mostrar quem manda. Já falei que se precisa mostrar, não o é. E não se tem respeito de ninguém.
Em cada experiência seguinte como líder pude aprender algo diferente, e reforçar ainda mais que a escuta, a firmeza e a observação são muito importantes para realmente ser uma líder humanizada, coerente e que impacte positivamente a vida das pessoas, até mesmo aquelas que não parecem te enxergar como líder.
Em uma experiência recente, pude estar em um lugar onde me senti acolhida, como nunca havia me sentido. Não foi simples e nem fácil, mas eu estava forte o suficiente e já havia testado muitas formas de ser para, finalmente, ser eu mesma.
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Foi a primeira vez em que eu não me moldei, eu criei o meu espaço.
Criei o meu espaço com falhas, tropeçando em aprendizados tortos de um passado que dizia que a gente tem que produzir e produzir. Posso dizer que tive sorte, mas também uma intuição muito aguçada pelo time que herdei e formei, porque eles me ensinaram, me mostraram com suas reações os caminhos que estavam precisando de uma boa limpeza.
Nesta experiência, coloquei em prática TUDO o que acreditava. Trouxe processos e dinâmicas em grupo, conversas individuais, apresentação de todo mundo sempre que chegava alguém novo, e, principalmente, levei minha energia e forma de ser para todos os momentos.
Afinal, liderar é mais do que discurso, é colocar em prática o que você verdadeiramente acredita. Quando se é líder, não é possível disfarçar, você é ou é. Se apenas tenta, fica feio e evidente. E eu não sou assim.
Ao viver tudo o que vivi, de entregas incríveis que marcaram a história da empresa, a confissões particulares e conversas difíceis para encontrarmos pontos de convergência, digo que a liderança humanizada é quando nossos valores são expressados de maneira que impactam a vida dos outros em escala.
Liderar é cuidar de como influenciamos o outro, como a nossa energia, ou o nosso humor pode estragar ou melhorar o dia do outro, como as nossas ansiedades e incertezas podem destruir uma conexão e afetar no rendimento de todo um time. Ser uma líder que preza pelo ser humano não é fácil em um mundo onde outras coisas valem mais, mas é um caminho sem volta. Quando percebemos que este é o único caminho para ser uma liderança de verdade, vamos em frente com muito mais força, transformando vidas e plantando sementes que irão florescer num futuro próximo.
Gerente Executiva da TOPVIEW | Comunicação | Mercado de Luxo
1 aSeu texto caiu como uma luva pra mim 🙏🏻 obrigada, Kim!
Consultor de Marketing | Vivo (Telefônica Brasil)
1 aExcelente reflexão, Kim! Quanto mais a gente cresce, menos o mundo é florido. Mas ao mesmo tempo, são nesses momentos de pressão que conseguimos deixar claro os nossos valores. Obrigado pelo texto!