Livros distribuídos pelo governo não são lidos, mas há alternativas para mudar esta realidade
POR VANDI DOGADO
"Um pai chega a fazer sacrifícios pra comprar um tênis da grife pro filho e acha ruim gastar vinte reais em um livro. Infelizmente ainda temos uma sociedade que acha mais importante investir no pé do que na cabeça do filho"(Pedro Bandeira)
O Governo Federal nos últimos 20 anos distribuiu uma quantidade imensa de livros às escolas públicas, mas se encontram estáticos e coberto de poeiras em apertadas bibliotecas e a maioria nunca foi ou será lido. "Livro parado em prateleira não possui valor, por isso não basta distribuir, precisa realizar projetos sérios para que sejam lidos e venham a formar novos leitores, visto que a nossa sociedade possui culturalmente ojeriza por livros, só deste modo poderemos em longo prazo colocar o Brasil entre os países em que se mais lê no mundo. Conheço poucos projetos de leituras bons no Brasil, mas alguns de enorme relevância, como o Projeto Caravana da leitura do escritor e amigo Laé de Souza, sem dúvida a melhor inciativa que vi de incentivo à leitura no Brasil. Devemos lembrar que pesquisas demonstram que até mesmo professores não possuem o hábito de leitura. Aliás, equivocam-se a pensar que são leitores, mas na verdade leem fragmentos de textos de livros didáticos e da internet, trabalhos e provas de alunos, mas livros mesmo são raríssimos os professores que chegam a ler um livro no ano. Precisamos mudar esta realidade, sugiro que projetos como a Caravana da Leitura sejam implementados. Deve-se encontrar formas de cativar novos leituras, inclusive empregando as Novas Tecnologias da informação e Comunicação. A seguir relato minha experiência com um projeto extremante funcional que criei há alguns anos quando ocupei uma pasta no Poder Executivo de Araçariguama. Aos gestores públicos fica como uma sugestão para implementá-lo em seus municípios.
Em 2009, na época era Secretário de Cultura e Turismo de Araçariguama, primeira cidade do interior às margens da Rodovia Castello Branco, implantei no município no projeto “Um Dia com o Escritor” que tinha como objetivo motivar e incentivar o hábito de leitura em crianças e adolescentes araçariguamense e também possibilitar a aproximação entre leitor e autor. “Tratava-se de um projeto de leitura extremamente simples e funcional. A Secretaria de Cultura e Turismo comprava os livros em parceria com empresas do município, em seguida entregava aos professores de Língua Portuguesa das escolas públicas, assim se iniciava o desenvolvimento do projeto com os alunos, depois de concluído o processo de leitura, o escritor visita à escola e respondia a perguntas dos alunos sobre as obras lidas e ofício de ser escritor e também realizavam belas homenagens ao escritor com a temática do livro lido por meio de teatro, música, desenhos, poesia e outras atividade de leitura de mundo através da arte.
De 2009 a 2012, tempo que durou o projeto, trouxemos muitos autores consagrados como Laé de Souza, Luiz Puntel, Pedro Bandeira, Sérgio Navega, Edson Gabriel Garcia, Odair Schiavone e tantos outros. O projeto, foi sucesso de público e crítica, todavia o mais relevante foi o pós-projeto, pois notamos que os alunos procuram espontaneamente outros títulos de livros dos autores que visitaram a sua escola para lerem”. Inclusive a Secretária de Educação do município estendeu o projeto aos professores e trouxe escritores como Mário Sérgio Cortella e Rubem Alves.