MACROECONOMIA E MICROECONOMIA: O FURTO É UMA MALDIÇÃO.

O rabino da comunidade judaico-portuguesa fez a excomunhão de Baruch Spinoza com as seguintes palavras:

“... Por sentença dos anjos, pelo juízo dos santos, nós, irmãos, expulsamos, amaldiçoamos e imprecamos contra Baruch Spinoza com o consentimento do santo Deus e o de toda essa comunidade [...] com o anátema lançado por Josué contra Jericó, com a maldição de Elias aos jovens, e com todas as maldições da lei. Maldito seja de dia e maldito seja de noite, maldito seja ao levantar-se e maldito seja ao deitar-se, maldito seja ao sair e maldito seja ao regressar.
Que Deus nunca mais o perdoe ou o aceite; que a ira e a cólera de Deus se inflamem contra esse homem, e que seu nome seja riscado do céu e que Deus, para seu mal, exclua-o de todas as tribos de Israel. Ordenamos que ninguém mantenha com ele comunicação oral por escrito, que ninguém lhe preste favor algum, que ninguém permaneça sob o mesmo teto que ele, que ninguém se aproxime dele a menos de quatro côvados de distância e que ninguém leia uma obra escrita ou concebida por ele ...”

Essa excomunhão se deu em 26/07/1656. São palavras fortes e denotam um grande ardor daquela comunidade judaica em proteger a sua fé e os seus valores teológicos e morais.

Esse Spinoza é o famoso filósofo racionalista do século XVII. O que é mais interessante é que Spinoza morreu com tísica em 1677. Parece que a excomunhão foi proferida com autoridade. O rabino na verdade utilizou parte do que contem no vetero-testamento, sobremodo do que consta do livro de Deuteronômio.

Nesse livro constam as bênçãos que são oriundas da obediência e também as maldiçoes que são oriundas da desobediência, é um texto maravilhoso. No capítulo de Deuteronômio, o livro Santo sentencia que:

“... O Senhor te ferirá com a tísica e com a febre, e com a inflamação, e com o calor ardente, e com a secura, e com crestamento e com ferrugem; e te perseguirão até que pereças...” (grifo nosso)

E foi dessa doença que Spinoza padeceu em 21/02/1677. A tísica é a mesma coisa que tuberculose.

Quando comecei a estudar economia li sobre a diferença entre a Macroeconomia e a Microeconomia. E o exemplo que o autor deu para diferenciar esses dois ramos da economia era bastante didático e de simples entendimento.

O autor criou um modelo econômico simplório que era composto somente por três agentes econômicos. E cada agente tinha uma certa quantidade de riqueza.

Por exemplo, o agente “A” tinha 90 kg de ouro em barras; o “B” tinha 100 Kg e o “C” possuía 150 Kg. De forma tal que a riqueza tinha a seguinte distribuição relativa: “A” com 26,47%; “B” com 29,41% e “C” 44,12%. Portanto, a riqueza total dessa comunidade fictícia era então de 340 Kg (100%).

Se o agente “A” roubasse do “C” 100 Kg de barras de ouro, obviamente, a nova configuração absoluta de riqueza seria de:

Agente “A” = 190 Kg;
Agente “B” = 100 Kg; e o
Agente “C” = 50 Kg.

A nova distribuição relativa da riqueza passaria a ser: “A” com 55,88%; “B” com 29,41% e “C” 14,71%.

O autor arrematava por conclusão que, por mais que os agentes roubassem entre si, nunca se alteraria o valor total da riqueza, sempre seria de 340 Kg de barras de ouro. Ou seja, em termos microeconômicos, ora um agente econômico era mais rico do que o outro, entretanto, quando visto macroeconomicamente a sociedade sempre teria uma mesma riqueza.

É um exemplo simplório, mas bem explicativo sobre a diferença entre a macro e a microeconomia.

E esse pequeno modelo econômico, além de muito elucidativo, também tem muita força moral. O roubo nunca enriquece  ninguém, ao contrário, só empobrece.

No Brasil contemporâneo tivemos recentemente algo bem parecido. De um lado a Petrobrás, de outro lado duas agremiações políticas. Nesse modelo brasileiro dois agentes políticos rapinaram o terceiro agente econômico.

Esses dois agentes políticos capitaneados pelo primeiro (PT), conforme tem sido largamente noticiado, conseguiram drenar dos cofres da Petrobrás em torno de 6,5 bilhões de reais.

O furto é um instituto que tem rebatimento na moral. Parece que pelo código penal é considerado um crime.

A repreensão ao furto, historicamente, precede os atuais códigos penais. Na escritura sagrada é um dos mandamentos fundamentais, é cláusula pétrea. A expressão “não furtarás” é tão importante quanto o próprio sentido da existência.

Não há como imaginar uma sociedade sem essa barreira moral, pois se não existisse seria impossível a convivência entre os humanos.

A expressão “não furtarás” é tão sagrada e cara para a sociedade, que se constitui um esteio basilar da vida privada e de todos os modos de produção, sobretudo do modo de produção capitalista.

Na história da sociedade moderna o sistema “socialista” nunca respeitou a expressão “não furtarás”. A história recente do regime Soviético e Cubano é sinônimo de expropriação da propriedade privada pela força, ou seja, furtaram em nome de uma excrescência ideológica.

E foi essa excrescência ideológica que deu origem ao Partido dos Trabalhadores (PT). Vejam como inicia estatuto do PT:

“Art. 1º. O Partido dos Trabalhadores (PT) é uma associação voluntária de cidadãos e cidadãs que se propõem a lutar..., com o objetivo de construir o socialismo democrático.” (grifo nosso)

A expressão socialismo democrático é tão vazia quanto a cabeça dos pseudointelectuais petistas. O furto ainda que seja feito sob o apanágio de financiamento de ideologias políticas, sobretudo no vulto que foi perpetrado no Brasil contemporâneo, deve ser condenável do ponto de vista moral.

Spinosa foi excomungado por blasfêmia, possivelmente por ter criado um deus filosófico que é completamente diferente do Deus bíblico, que tem o seu alcance definido no livro de salmo, no capítulo 139.

Aquela comunidade judaico-portuguesa se sentiu ultrajada com a atitude excessivamente racionalista de Spinosa.

Hodiernamente na sociedade brasileira nos sentimos ultrajadas pela prática imoral do furto.

Fica uma pergunta no ar; quem vai excomungar os atuais ladrões do Brasil?

Entendo que deveria ser a Igreja Católica, pois ainda tem uma grande autoridade religiosa no país. A Igreja Católica deveria aproveitar a oportunidade e lançar um manifesto contra a prática nefasta do furto.

A igreja católica através da teologia da libertação gerou em sua barriga boa parte das atuais lideranças políticas do PT, e é dever moral da mesma impetrar uma maldição sobre quem é ladrão, sobretudo aqueles que são membros dos ditos setores "de esquerda” e que perpetraram essa roubalheira. Talvez esse gesto não signifique muito para a cabeça doente de alguns políticos, mas vai significar muito para o moral da sociedade brasileira.

Quando no dia 16/08/2015 os Capixabas (ES) colocaram nas ruas 40.000 pessoas e que o Arcebispo de Vitória-ES se colocou contra o movimento, fico pensando que a Igreja Católica talvez goste é de agradar aos que detêm o poder, ainda que os mesmo sejam injustos e afetos ao furto ou ao roubo.

Curiosamente o PT, aqui em Vitória, colou nas ruas 150 pessoas no dia do seu movimento, uma manifestação pífia e que evidencia a desmoralização dessa agremiação político-partidária.

O povo do Espírito Santo tem um tremendo brio em seu rosto, sabe diferenciar bem a mão esquerda da direita, ou o homem honesto do ladrão. O povo Capixaba não quer ser governado por uma minoria de ladrões.

Esse Arcebispo está na contra mão da escritura sagrada e da história, pois se o Brasil consentir e aprovar a prática do furto restará uma outra pergunta; para que serve a Igreja?

Que as autoridades da Igreja Católica, num gesto corajoso, façam a excomunhão dos políticos ladrões, pois estes não tem respeito pela res pública e pela propriedade privada.

ESPINOSA, BARUCH DE. Breve Tratado de Deus, do homem e do seu bem-estar. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2012. 

 – Por Vaner Corrêa Simões Junior, Graduado em Economia pela UFES, Pós Graduado em Auditoria Contábil pela UVV.

Publicado também no Blog: "THE ECONOMIST - The Law of the House"

Endereço eletrônico: theeconomist100.wordpress.com