A MAGIA DA EMPATIA

Dizem que mulher é indecisa, e as otimistas preferem dar o nome de ponderada. Sim, analisamos todos os lados de uma questão antes da decisão final, isso é verdade. Mas o fato é que poucas vezes saí de casa tão decidida como naquela tarde fria de sábado. A ideia era comprar um tênis para voltar a corrida que para mim é uma deliciosa equação entre esforço e prazer.

E saí para uma simples compra sem saber que seria  quase um fime “Em busca do tênis impossível”. A história que  vou contar aqui eu tenho certeza que você já viveu. Aquele dia que você quer comprar um produto, você até encontra o que quer, mas faltou algo, um clima, uma energia, um ímpeto de comprar. E assim o tenis ficou para outra oportunidade. Na volta pra casa me lembrei de uma viagem feita a Tiradentes, aquele presépio que fica em Minas Gerais. Sob aquelas ruas estreitas da cidade e eu só pensando em doce de leite, queijos e quitandas vi uma casinha linda disfarçada de loja. Quando entrei já me senti em casa, nada em seus devidos lugares, um ar despretencioso ou aos mais metódicos, até bagunçado, mas com um aconchego que me fez querer ficar ali. Na loja tinha de tudo um pouco, desde tapetes, santos, incensos, toalhas com bordados que são obras de arte, e um lustre charmoso que caía como cachoeira no centro da sala. Depois de muita prosa na varanda, café e habilidade da dona da loja, eu não preciso contar que saí de lá com um lustre que mal cabia no meu carro. Para quem queria comprar apenas um doce mineiro...Foi uma tarde diferente. E depois do sábado frio e frustante que contei , pensei : Qual a distância entre o tênis e o lustre? E hoje não tenho dúvidas: quilômetros de empatia.

Todos nós gostamos daquele médico que tem um jeito especial, as vezes até de nos chamar atenção, ou daquele professor que além do conhecimento sabe muito bem o que fazer com ele. Cada dia menos o “expert” intragável é respeitado e ainda bem. A empatia faz parte desse processo imperceptivel. É uma forma de criar harmonia, de conquistar relações amistosas e hoje nessa correria do dia dia, com impessoalidade e metas cravadas em todo setor, esse detalhe pode fazer toda a diferença. A empatia é uma forma de adaptação a seu cliente, observar como fala, o que não fala, os sinais que seu corpo envia e isso não quer dizer imitá-lo, mas sim observá-lo para uma aproximação agradável. Quando você sente o cliente firme no aperto de mão e corresponde, quando você percebe que a conversa preferida dele é pesca e se interessa, quando percebe ele relaxado e se relaxa também, vocês se aproximam, e essa aproximação pode mudar estados mentais e se transformar em resultados. Isso porque você gosta de quem  age e pensa como você, isso já deixando claro que o produto ou serviço deve ser bom. Quando você acredita no que diz e fala da forma que o cliente quer ouvir, uma relação se estabelece. A dona da loja de Tiradentes usou toda sua habilidade, naturalidade para criar ali uma relação, não estava pensando em me vender um lustre, e o fato é que nós duas saímos felizes dali.

E o tenis? Claro que comprei dias depois, tecnicamente bem atendida, com todas as informações para corrida de rua, resistência, vantagens e desvantagens. Mas saudade...Vontade de voltar? Eu sinto da lojinha pequena e charmosa de Tiradentes.

Juliana Albanez é Personal & Professional Coach, palestrante e jornalista. Especialista em Comportamento, Liderança Feminina, Gestão Pública e Comunicação, Juliana já levou suas palestras, treinamentos e sessões de coaching para milhares de pessoas no Brasil inteiro. Suas apresentações já lhe renderam os mais positivos feedbacks, principalmente de pessoas que deram a volta por cima em suas vidas e carreiras, graças aos seus conceitos e ensinamentos. www.julianaalbanez.com.br

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