A MARCHA DA INCERTEZA NA ELEIÇÃO PAULISTANA
Boulos recebeu duas pancadas no mesmo dia: i) a pesquisa Genial Quaest, que o colocava em risco diante de Datena; ii) a declaração de Lula “Nada grave” na Venezuela, que balança fortemente a possibilidade de Boulos receber votos de centro no segundo turno.
Na melhor hipótese, Boulos resvalou da quase certeza de estar no segundo turno para o abismo da dúvida e, pior, para a colisão com o solo duro da derrota, mais uma vez.
Nunes, que já administrava a inconsistência do BO com a esposa, mergulhou na sombra de chamar o adversário de “invasor e vagabundo” e dizer que não se dirigiu a Boulos, como se a observação coubesse a outro oponente, estimulando a dúvida sobre sua sinceridade.
Completou-se o opróbrio, o surgimento de nova denúncia sobre atuação na administração de creches - que cabe ser provada- porém, no estágio atual da credibilidade descendente dos políticos , cada vez mais, a opinião pública tende a considerá-lo provavelmente culpado, implicando o início da hemorragia de eleitores, que arrisca transferir mais votos da direita para Pablo Marçal. Este, aposta nisso.
Marçal é uma incógnita. Mais incógnitas do que equações, a gerar um sistema indeterminado.
Datena e Marçal correm risco de vida e de morte. Muito acentuadamente.
Súbito, podem surpreender, Marçal ultrapassando Nunes, Datena sobrepujando Boulos. E, aventuram-se a soçobrar no modo “Celso Russomano”, proeminência na largada pela fama, desidratação no processo, pela insuficiência de conteúdo programático.
Tabata, que ainda aposta em se tornar a candidata “politicamente correta a ser escolhida”, porque fez o percurso Vila Missionária- Harvard, elogiável, “necessário, mas não suficiente” para governar São Paulo. Ela também ensina que o prefeito precisa dialogar com o presidente Lula e governador Tarcísio, simultaneamente, que soa como ser a favor da “luz elétrica e da água encanada”, obviedade que qualquer prefeito o fará. Retrocedeu na intenção de voto. Parece não ter fôlego depois da entrada de Marçal e Datena na peleja.
Em comum, todos têm baixa preferência espontânea, e ausência de propostas detalhadas e concretas para alcançarem o que pregam.
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Até agora são manifestantes de intenções, quase todas boas, mas sem um projeto que explique “como fazer” e como implantar. Políticas públicas não são autorrealizáveis.
O conjunto da obra conduz à marcha da incerteza. Tudo pode acontecer. Inclusive, nada e os favoritos Nunes e Boulos rumarem ao segundo turno. Onde, hoje, o alinhamento astral aponta para um antipetismo maior do que o antibolsonarismo, com o insucesso de Boulos. Aguçado pelo “nada grave”. Todavia, não há garantia alguma.
Na prática, o que temos é um quadro bem esquálido de propostas completas e aplicáveis. Candidatos mais Instagram e Tik-Tok do que a esperança de mudança real da Cidade.
Contudo, o temperamento dos litigantes promete bons debates.
Deu a louca no mundo, paulistano.
Nas nuvens da imprecisão, caminhamos para a velha escolha do “menos pior”.
Carma permanente. Triste sina.
Secretária na Arruda Sampaio Sociedade Individual de Advocacia
7 mEsclarecedor como sempre!