Matemática de uma cidade que foi linda
Avenida Paulista enluarada, de cartão postal a lixo a céu aberto: só eu estou indignada?

Matemática de uma cidade que foi linda

Era quinta-feira, 4 da tarde e conto o que vi ao caminhar 5 quadras, no lado ímpar da Avenida Paulista, outrora cartão postal de São Paulo:

Vi 4 cabanas de camping sobre a parca grama dos jardins

5 andarilhos descalços

8 moradores de rua cheirando a urina de anteontem

2 pedintes seminus, literalmente rolando pela calçada

1 deles de muletas, na porta do metrô Trianon-Masp

12 bancas de camelô, sendo 9 de gorros (quase todos iguais)

1 caixote de madeira para leitura de tarô

2 mendigos se entreolhando feito cães em disputa de território, no caso uma lixeira abarrotada

2 moradores de rua estendidos sobre a calçada, pedindo ração para seus cães

4 policiais em um posto de guarda – 1 deles, como eu, falando escondido ao telefone, para não ser roubado

2 seguranças na sede das indústrias, de onde saiu um sem número – perdi a conta – de carros blindados e vidros lacrados

2 sapos infláveis que, se pudessem, fechariam os olhos para não ver tamanha barbárie

Moro há 24 anos na redondeza, onde antes havia 7 cinemas, que não existem mais

Só eu estou indignada com o lixo em que essa cidade se transformou?

Imagina na periferia profunda...


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