A menopausa pode afetar a sua carreira?

Não é fácil conciliar a carreira e os sintomas da menopausa para a maioria das mulheres. De acordo com uma pesquisa de saúde Nuffield, já em 2014, 10% das mulheres chegaram a considerar desistir do trabalho por causa dos sintomas da menopausa.

O número de mulheres com idades compreendidas entre os 45 e os 64 anos empregadas aumentou mais de 50 % nos últimos 30 anos.

A idade média das mulheres que passam pela menopausa é de 51 anos, por isso é provável que muitas de nós vamos experimentar os seus sintomas durante a vida ativa e no local de trabalho. Uma em cada quatro mulheres refere que estas situações são tão debilitantes que a sua vida profissional é gravemente afetada e afirmam ter considerado seriamente abandonar a sua carreira por causa delas.

Criar um ambiente de trabalho mais favorável para as mulheres que estão a vivenciar esta fase é um dos grandes desafios do nosso tempo – até porque para algumas mulheres deixar o seu trabalho atual e aventurar-se a empreender não é fácil. Mesmo aquelas que têm um espirito empreendedor, necessitam preparar o caminho para a saída definitiva do trabalho e, até lá há que aprender a navegar os desafios da menopausa no local de trabalho.

Alguns especialistas compararam a situação atual das mulheres em menopausa, à forma como a gravidez era abordada no meio corporativo há 10-15 anos. Felizmente, esses problemas foram ultrapassados e o apoio e a compreensão para essa realidade mudaram substancialmente para melhor.

Vamos crer que a menopausa não será diferente, mas há que fazer por isso e cada uma de nós tem um papel importante a desempenhar nessa matéria.

Outra razão pela qual lidar com a menopausa no local de trabalho é um desafio tão grande é que os sintomas (como afrontamentos, suores noturnos, interrupções do sono, problemas de memória, confusão mental, alterações de humor, ansiedade e stress) podem durar entre 4 a 12 anos – um período de tempo bastante significativo na nossa vida.

Relembrando que tudo isto é relativamente novo, eu diria mesmo que é desafio sem precedentes, na medida em que só há relativamente pouco tempo é que uma percentagem tão elevada de mulheres se encontra a viver a menopausa, no local de trabalho. A geração anterior à nossa reformava-se mais cedo ou cuidava da sua família.

Além disso, aquelas mulheres que vivenciam os sintomas da menopausa, apresentam muita relutância em falar sobre isso por medo de serem vistas como fracas, ou incompetentes num mercado de trabalho altamente competitivo.

Pense comigo (se é que ainda não passou por isto): Não conseguiu fazer uma boa noite de sono, acordou exausta e vai a arrastar-se para mais um dia de trabalho. Para ajudar, hoje é daqueles dias em que sente uma grande confusão mental e tem dificuldade em absorver as informações que lhe transmitem. Tudo isto e mais as alterações hormonais, deixam-na de tal forma nervosa e ansiosa, que nem se consegue concentrar no que está a fazer…

O que lhe parece?

É altamente improvável que esteja no seu melhor e que desempenhe as suas funções a 100%.

Infelizmente, a tendência de muitos empregadores é ignorar o impacto que isto pode ter nas suas colaboradoras.

Existem até algumas estatísticas que revelam o quão sozinhas as mulheres se sentem neste momento: 9 em cada 10 dizem que não se sentem capazes de falar sobre seus sintomas, no local de trabalho.

O que poderá ser "normal" num meio corporativo exclusivamente masculino, é menos aceitável quando as mulheres podem intervir e fazer algo para mudar isso!

É urgente criar um clima de mudança e uma cultura de empresa mais integrativa porque, a mulher não tem um botão para ligar e desligar a menopausa no local de trabalho, por isso é preciso promover, um clima em que nós, mulheres, nos sintamos capazes de falar sobre o assunto.

Nos últimos anos já houve alguns avanços e iniciativas que estão a ser implementadas em algumas empresas pelo mundo.

Pesquisas a decorrer no King’s College London, em colaboração com a Universidade de Nottingham, analisam como horários de trabalho flexíveis poderiam ajudar. Esses mesmos estudos sugerem, por exemplo, a possibilidade de começar o dia mais tarde se a colaboradora teve uma má noite de sono. Outra possibilidade é fazer uma semana de trabalho mais curta.

Algumas sugestões práticas que podem ajudar numa primeira análise são:

Mantenha um ventilador perto de si, se for possível solicite que o ar condicionado seja ligado ou abra uma janela (pode ser necessário negociar com colegas que não sentem tanto calor como você, mas explique educadamente porque isso é importante para si e decerto encontrarão uma solução de compromisso).

Promover workshops sobre menopausa no local de trabalho, não só ajudam as mulheres que estão a passar por esta fase, mas também os seus colegas mais jovens.

Recentemente após um desses workshops algumas das pessoas presentes diziam-me que tinham começado a compreender melhor o que está a acontecer com a mãe/parceira/colega/chefe e que isso, lhes deu outra perspetiva sobre as dificuldades que surgem nesta transição de vida.

E esse é de facto o intuito destas apresentações. Aumentar a sensibilização para estas questões, ouvir sugestões das mulheres na menopausa e ajudar a implementar mudanças práticas nas empresas, para criar condições mais favoráveis e inclusivas para a mulher desenvolver melhor a sua atividade durante a menopausa.

Porque a menopausa é o fim da vida reprodutiva e não o fim da vida ativa.

Não perca o nosso próximo artigo onde vamos continuar a abordar temas como, viver o seu propósito, fazer uma gestão assertiva de todos os seus recursos para alcançar a realização pessoal e profissional.

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Cuide de si :) 

Fique bem! 

Graça Costa Silva

Consultoria | Formação | Mentoria 

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