Mentoria e Mentoria Reversa: o que as diferentes gerações podem aprender com elas?

Li recentemente um artigo no estadão sobre a ampliação de contratação de profissionais com mais de 50 anos e conectei imediatamente com o conceito de mentoria e mentoria reversa, que é um tema interessante mas talvez desconhecido por muitos.

A mentoria é um processo em que um profissional que tem conhecimento e experiência em uma determinada área se propõe a compartilhar toda a sua bagagem com outro profissional. Ao contrário de que muitos pensam, a mentoria não é exclusividade de um segmento de mercado ou de uma posição ocupada por um profissional, ela é válida para todo aquele que detenha a sabedoria e metodologia para aplicar e disseminar o conhecimento adquirido.

Tenho experiência de 30 anos como executiva na área de marketing e esse aprendizado me permite ser mentora de líderes e de marketing, que é minha atuação profissional atual, mas para eu poder praticar a mentoria de líderes profissionalmente, eu precisei me aprofundar em conceitos comportamentais e desenvolvimento humano, bem como aprender metodologias e ferramentas especificas para ter como base na aplicação de um processo sério e relevante. Não é só saber muito e ter experiência que é o que faz de alguém um mentor profissional, é preciso algo a mais, afinal o mentor tem a finalidade de ajudar outra pessoa a ser melhor no que faz e colaborar no crescimento dela, além das responsabilidades do que fala, faz e ensina no processo de mentoria, pois trata-se de um ser humano lidando com outro ser humano.

Descrevi acima as características para quem tem a mentoria como uma atividade remunerada, mas nada implica que um profissional que tenha vasto conhecimento de um conceito, uma ferramenta, um aplicativo ou uma atividade, não possa ajudar outro profissional a se desenvolver no seu dia a dia. É comum que gestores de empresas auxiliem no desenvolvimento de seus liderados, muitas vezes sem sequer saber que estão realizando uma mentoria. Eu mesma nem sabia que tinha sido mentora de várias pessoas durante minha atividade de executiva nas empresas em que passei, algumas vezes dando dicas de livros ou cursos, outras fazendo com que a outra pessoa refletisse sobre pontos de vista ou opções de escolhas, horas sendo modelo delas com meus comportamentos e atitudes e outras horas deixando que me modelassem na forma de lidar com alguma questão, de como tomava decisões ou resolvia problemas.

Eu tive alguns mentores na minha vida, foram pessoas que fizeram a diferença na minha carreira e acredito que eles não tenham ideia de como foram importantes para meu desenvolvimento. O mentor é aquele que encurta caminhos, é aquela pessoa que lhe empresta os óculos para se ver melhor, ele é capaz de dizer em poucas palavras aquilo que você quer e não sabe por onde começar a pensar de como fazer... Na minha opinião, todo mundo deveria ter um ou mais mentores na vida!

Os mentores podem ser da sua família, do seu hall de amizades, colegas de trabalho ou gestores, mas para questões especificas de carreira eu recomendo fortemente a busca de um mentor profissional, que seja qualificado para a sua necessidade. Atenção, não existe mentor de tudo... existe sim o mentor que tem especificação para atender a sua questão.

E o que tem haver o artigo sobre a ampliação de contratação de profissionais com mais de 50 anos e a mentoria? Tem tudo a ver tanto para mentoria profissional, quanto para mentoria empresarial ou reversa. Na mentoria a experiência de vida e de trabalho é que fazem a diferença, pessoas com mais de 50 anos tiveram a oportunidade de viver e aprender todo esse tempo, e acumularam uma bagagem infinita que pode ser compartilhada e como diz a matéria do estadão em 10/7/23 em economia e negócios B2: para o público com mais 50 anos, poder atuar como mentor profissional ou empresarial é fonte de saúde física, emocional e social. Pessoas acima de 50 anos em geral possuem mais equilíbrio que os mais jovens e sobretudo maior vivência na pratica de habilidades socioemocionais.

A mentoria reversa surgiu em 1999 quando o conhecido Jack Welch, CEO da General Eletric na época, sugeriu que um grupo de jovens ensinasse líderes sênior a lidar com inovações tecnológicas que estavam surgindo naquele momento. A mentoria reversa é o processo que acontece de baixo para cima, ou melhor, do compartilhamento de conhecimento e experiências de um profissional mais jovem e antenado para um sênior. Essa é uma estratégia empresarial para diminuir a distância entre gerações e ensinar aos mais maduros os conceitos e tendências dos comportamentos do mundo atual, técnicas e operacionalização das novas tecnologias, que em outras palavras seria o mesmo que ambientar o profissional sênior, que vem do mundo analógico, para o mundo digital / virtual.

Hoje é possível encontrar em um mesmo espaço de trabalho 4 gerações distintas e o diferencial no futuro das empresas será o alinhamento e o bom relacionamento entre essas gerações. Todos ganham com a experienciação da mentoria, tanto os mais maduros com a possibilidade de expandir seus conhecimentos e se sentir atuante e vivo, quanto os mais jovens que recebem ou aplicam a mentoria reversa, eles tiram aprendizado nos dois sentidos, pois, além de poderem alinhar seus conhecimentos e aprendem com os mais experientes, eles desenvolvem na prática as habilidades socioemocionais, de comunicação e liderança.

Seja qual for a mentoria, o sucesso dela dependerá da disposição e aceitação entre os dois lados, do alinhamento do conhecimento a ser compartilhado e claro, da estruturação propriamente dita que deverá abranger um plano de ação com um objetivo específico, tendo começo meio e fim.

É bem possível que você já tenha sido mentor em algum momento de sua vida, seja profissional ou pessoal. Faça uma retrospectiva, relembre quando aconteceu e se parabenize... Você também faz parte da história de alguém!

Lucila Ferraz Marques

Mentora e Coach de líderes, Facilitadora, Palestrante e Marketing

Podemos nos reinventar a todo momento!

@lucilamarquescoach