Metodologia STEAM: a arte de conectar as diferenças
O mundo é uma eterna transformação. Há algum tempo atrás definíamos ele como VUCA (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo), mas será que ele continua sendo só isso? Será que não houveram transformações que nós nem mesmo percebemos?
Uma nova definição surgiu, que principalmente define um mundo pós pandemia, a sigla BANI (Frágil, Ansioso, Não-Linear e Incompreensível).
Acontece que na verdade o mundo é um mix de tudo isso. E no meio dessas definições e evoluções começamos a ver o mundo se transformar. Quem pensaria em drones anos atrás? Hoje ver um é comum. Ou talvez alguém usando um Kindle. Hoje livros digitais são facilmente encontrados e estão disponíveis para você em segundos.
Mas apesar dessas tecnologias que já se tornaram comuns, ainda temos muito para desenvolver. A realidade virtual, por exemplo, já existe, mas ainda não é uma tecnologia disponível para todos. Assim como também robôs, que são a realidade em alguns lares e industrias, mas não para todos.
E para que estas coisas se tornem comuns para todos, ou seja, sejam democratizadas, a tecnologia precisa evoluir e existe muita oportunidade de emprego no setor, pincipalmente em tecnologia da informação e comunicação.
Porém a realidade mostra um futuro com falta de profissionais. A demanda será tanta que não vamos conseguir suprir se não tivermos mudanças. Um dado da Brasscom (2020) mostra que 420 mil profissionais serão demandados entre 2019 e 2024, o que quer dizer que serão necessários 70 mil profissionais ao ano até 2024 e se realmente não houverem mudanças, haverá um déficit de 260 mil profissionais.
*Gráfico da demanda de profissionais de tecnologia por áreas entre 2019–2024 (Brasscom).
Isso é uma realidade não só no nosso país, mas também em muitos outros países emergentes, porém esse déficit já foi percebido há muito tempo em países mais desenvolvidos, como os Estados Unidos.
Foi nos Estados Unidos que surgiu a sigla STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), que tinha como principal interesse integrar as áreas de exatas e incentivar que os profissionais e jovens ingressassem nestas carreiras com o grande intuito de desenvolver o país e fazê-lo crescer, pois a falta de profissionais em tecnologia poderia afetar seriamente a economia e o progresso.
Acontece que mesmo com este incentivo de integração e capacitação nessas áreas, ainda existem outros gaps que são preocupantes.
Um deles é o fato de termos diversas vagas e oportunidades no meio STEM, porém ainda são poucas as mulheres que estão neste meio.
Alguns dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações dizem que mulheres representam apenas 33% do total de bolsistas de Produtividade em Pesquisa do CNPq e nas áreas de Ciências Exatas, Engenharias e Computação a desigualdade é ainda maior.
Um relatório da UNESCO aponta que mulheres escolhem muitas mais carreiras relacionadas a artes e humanas, do que as carreiras em exatas e que essa decisão as vezes ainda ocorre quando estão muito jovens.
O relatório traz dados coletados entre jovens de 15 anos e mostra que o interesse em áreas exatas é muito pequeno, mesmo quando as meninas têm grande aptidão e possuem boas notas em áreas exatas.
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O relatório completo você pode ver aqui.
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E com isso, entendeu-se que era necessário mudar algumas premissas para tornar as áreas STEM menos desafiadoras e mais completas.
Com isso surgiu o termo STEAM (depois de toda esta introdução finalmente chegamos nele). Este termo faz a inserção da arte na sigla STEM, ou seja, faz com que a arte esteja presente no processo de inovação e tecnologia.
E como exposto anteriormente, principalmente as mulheres estão mais propensas a entrar nas áreas de artes e humanas, então se eu integro estas áreas, eu deixo as áreas de tecnologia mais amigáveis e menos desafiadoras.
Para que você entenda bem o que é o STEAM e suas diversas aplicações, trouxe aqui alguns exemplos:
Iniciativa que capacita professores para atuar com metodologias STEAM e assim contribuir para o protagonismo e o incentivo de meninas a seguirem o caminho da tecnologia.
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Combinada com a arte, a tecnologia fica mais acessível para as meninas e contribui com o ingresso de meninas em carreiras STEM.
Espaços que começaram a fazer parte de algumas escolas com a ideia de espaços livres de criação. São ministrados principalmente clubes de robótica.
Estes espaços aguçam a criatividade das crianças e adolescentes favorecendo o surgimento de inovações.
Presente em diversos lugares, o FabLab é uma ideia de laboratório democrático onde você pode usar a sua criatividade livremente. Um espaço que como dizem eles, você pode fazer (quase) qualquer coisa.
Combina diversas ferramentas, cursos e a integração entre as pessoas para possibilitar a criação e validação de novos conceitos e inovações.
Um programa de mestrado integrado em parceria com universidades e a Microsoft que forma os indivíduos para resolver e criar soluções de forma integrada e colaborativa.
Nada melhor do que juntar todas as profissões presentes na sigla STEAM para criar coisas grandiosas, não é mesmo?
Espaços de trabalho compartilhados, onde você pode trocar informações e experiências com pessoas e empresas de vários ramos diferentes.
Várias pessoas, personalidades e tipos de serviços trabalhando lado a lado só pode contribuir para um ecossistema ainda mais inovador.
Todas estas atividades podem mudar a tecnologia e também o mercado de trabalho. Vicent Bonnet, Gerente Executivo de Tecnologia do Grupo Eleva Educação, pioneira no ensino com metodologia STEAM traz a seguinte frase e que complementa muito bem o tema:
“O mercado de trabalho mudou radicalmente daquele que se satisfaz com os modelos educacionais e currículos tradicionais e compartimentos. A interdisciplinaridade ajuda muito, principalmente quando aliada a conhecimentos científicos que são valorizados na sociedade moderna e capazes de abrir muitas portas.”
E como podemos abrir estas portas? Quais as habilidades desejadas para que possamos abri-las? A vivência em STEAM pode trazer inúmeros benefícios e auxiliar na busca por estas habilidades tão importantes para o mercado de trabalho moderno. São elas:
E a mais importante:
Com uma tecnologia mais diversa, podemos realmente criar soluções de grande impacto e para a sociedade como um todo.
Então para finalizar trago um exemplo da Glaucia Young, Diretora de Engenharia de Software da Microsoft:
“Tem um exemplo que aconteceu comigo há uns quatro anos. Eu estava trabalhando na equipe do Windows Defender e soubemos que o sistema de segurança não conseguia detectar boletos fraudados. Por ser brasileira eu sei a importância do boleto no país. Por isso, liderei um trabalho sobre essa questão de malware bancário junto com outras empresas de segurança, Polícia Federal e bancos. Isso já gerou toda uma mudança, agora imagina o impacto de ter mais diversidade de cultura, gênero, raça, sexualidade e de pessoas de outros países na equipe”.
Conseguiu imaginar?
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*Artigo resumo de palestra, intitulada em mesmo nome, apresentada por mim em nome da Organização Worldwide Women in Tech.
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2 aExcelente!