MEUS SEUS FILHOS, UMA GERAÇÃO DE ADOLESCENTES QUE É PROBLEMA NOSSO.
Não sei mais o que fazer com ele. Fica até tarde na rua, não me obedece, não me escuta, não escuta ninguém. Vim ver o que podem fazer, se podem levá-los para um abrigo, para Febem (hoje a Fundação Casa, no Estado de São Paulo, que é para adolescentes infratores, não para adolescentes cujos pais perderam a mão na hora do educar). Aqui são alguns fragmentos de falas recorrentes nos Conselhos Tutelares, vindas pais que não sabem o que fazer com os filhos adolescentes.
Inúmeros fatores fazem os pais perderem a mão na hora do educar, e depois vem algumas desculpas como, por exemplo: que é porque o Estado interfere e já não podem mais educar como gostariam, que é geralmente a fala que pede "permissão" para o bater. Não vou entrar no mérito da questão. Independente de pontos de vistas, o que estamos a fazer com nossos jovens?
Dentro do mercado de trabalho vejo jovens ansiosos, aliás, dentro de qualquer dinâmica, conversa, que se questiona: qual seu maior defeito, a grande maioria vai responder: sou muito ansioso (a). Sabemos que muito disso vem do atual momento. As redes sociais nos "adestram" para o imediatismo, tudo o que queremos está rapidamente ao alcance de um clique, e levamos isso para a nossa vida.
Ainda relacionado ao trabalho percebo os adolescentes mais desatentos, ainda carentes de algumas informações, creio que as estatísticas sobre gravidez na adolescência seja um forte exemplo, mas, ao mesmo tempo vejo nós, adultos, alheios ao problema.
O consumo de maconha só aumenta entre a população jovem. Falamos muito sobre o assunto, Deus nos livre da descriminalização, falamos, mesmo sem estudarmos a questão, mas eles usam, cada vez mais, é um fato. O que efetivamente estamos, nós, adultos, a fazer sobre o assunto? Falamos sobre prevenção, educamos nossos filhos para uma vida saudável, ou ficamos apenas no mundo das falas sem ação?
Ouço muito: o adolescente de hoje, o adolescente de hoje, o adolescente de hoje (repeti de propósito), na nossa época não era assim, na nossa época os filhos obedeciam os pais (ou tinham medo? O que é diferente de amor, diferente de respeito), antigamente, antigamente ...
Não se discute educação de qualidade, mesmo sabendo que a médio prazo nossos filhos serão prejudicados, já são. Não se discute desenvolvimento de qualidade, politicas públicas sérias voltadas para esse público, mas tudo bem.
Quantos jovens se perdendo por causa de nossa negligência. Se perdendo nas drogas, no tráfico, perdendo sonhos, perdendo para violência, e nós aqui assistindo, como se não fosse problema nosso (REFLEXÃO)
A educação de meu filho, o desenvolvimento dele, as conquistas deles, etc. são problemas meus, mas algumas coisas, como, por exemplo: educação de qualidade, um país mais seguro, o desenvolvimento dos jovens por um todo, deveria ser problema de todos, pois, em algum lugar desse mundo, o humano filho (a) meu, se encontrará com o humano filho (a) seu, já que moram no mesmo país, talvez no mesmo bairro, mesmo empresa, mesma faculdade, mesmo bar, mesmo ônibus, mesmo avião, mesmo isso, mesmo aquilo, e que bom se esse encontro fosse edificante, para ambos.
Os jovens são problemas nosso. Independente do contexto social atual, se eles são mais dispersos, mais isso, mais aquilo, nós estamos a permitir, estamos a ser coniventes.
O que podemos fazer nessa busca por desenvolvimento humano de humanos? Como podemos nos voltar, voltar nosso olhar para nossos filhos adolescentes?