Microagressões e performance
Nas últimas semanas, conversei com pelo menos 4 empresas parceiras da Todas Group sobre microagressões de gênero, um tema em alta este ano. Não é à toa que a consultoria McKinsey mostrou em um estudo recente que as mulheres em geral sofrem 50% mais microagressões do que os homens, e se olharmos mais de perto, os números são verdadeiramente alarmantes; por exemplo, mulheres LGBTQIAP+ recebem 650% mais agressões sobre suas aparências do que homens.
O que mais ouço sobre microagressões é que são apenas sensibilidades exageradas, no entanto, até eu, que tenho uma sensibilidade próxima a zero, já tive meus dias de sofrimento. Lembro-me de uma vez em que um colega brincou que eu estava vestida como "Agostinho Carrara" por causa da minha calça xadrez. Porém, em minutos, eu teria uma apresentação importante para o conselho da empresa e já havia passado algum tempo escolhendo a roupa em casa, estava super ansiosa. Ao entrar na sala de reunião, em momento algum me senti confortável; ao me levantar para apresentar, eu estava constantemente tentando me esconder atrás da mesa para que ninguém visse minha calça. Sim, provavelmente essa neurose estava apenas na minha cabeça, um triplex com papel de parede xadrez instalado na mente. Acredito que ninguém estava realmente olhando para minha calça, mas o fato é que esse comentário bobo abalou minha autoconfiança e certamente me deixou mais vulnerável.
Diante disso, gostaria de compartilhar os principais pontos que surgiram nas conversas desta semana:
Estas estão diretamente ligadas aos vieses inconscientes, ou seja, são atalhos mentais que nosso cérebro faz sem muito processamento para reproduzir uma verdade que foi aprendida por meio da repetição de comportamentos sociais. Na maioria das vezes, o "agressor" não tem a intenção de que o comentário tenha uma conotação negativa, mas a pessoa que recebe a mensagem se sente desconfortável com a colocação, como por exemplo: "Você está cheirosa hoje? Está tentando conquistar um namorado no escritório?" ou em uma reunião "Deixa eu repetir o que ela disse para ficar mais claro".
O grande aprendizado que tive é que conhecemos muito pouco sobre as inseguranças e histórias de nossos colegas de trabalho. Uma frase que para você parece inofensiva pode ferir gravemente a autoestima da mulher a quem se refere. Pode não ter impacto algum para um lado, mas ser uma bomba atômica para o outro.
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Costumo dizer que microagressões, especialmente se forem constantes, fazem a mulher se sentir diminuída e aumentam seu nível de insegurança. Sabemos que a alta performance é alcançada em um ambiente de segurança psicológica. Uma pessoa que tem medo de ser interrompida ou ridicularizada tenderá a se fechar diante dos outros. Quanto mais agredida, provavelmente pior será sua performance e menos ela contribuirá para os resultados da empresa.
Infelizmente, não há um antídoto único. Como toda mudança cultural, o melhor a fazer é trocar muito e abertamente sobre o assunto, especialmente sobre o impacto na performance das mulheres que sofrem esse tipo de microviolência. Não acredito que partir para o confronto direto seja a solução, mas uma boa dose de conversas (pode ser num cantinho depois) no tom educativo, pode ajudar a perceber que estamos fazendo comentários prejudiciais. Por isso, não só encorajo as pessoas a falarem sobre isso, mas principalmente a praticarem a escuta ativa e aprenderem. Não se sinta ofendido caso alguém te diga que não ficou bem com seu comentário, entenda e lembre-se que estamos todos evoluindo. A sociedade só progride com muito diálogo.
Neste caso, ao contrário do que costumamos dizer, o que vale não é a intenção, mas sim o impacto que isso causa na outra pessoa. Estejamos todos atentos e atentas.
Abaixo um estudo da McKinsey sobre microagressões de gênero:
Tema mega importante 🎯
Educação Corporativa | Liderança Feminina | Treinamento e Desenvolvimento | Fortalecimento de Talentos
8 mTema muito importante 👏🏽👏🏽 Sempre maravilhoso ouvir e aprender com tuas experiências, Si. 💜
Diretor | Vendas | Transformação | Estratégia | Operações
8 mMuito interessante! Obrigado por compartilhar