Quanto machismo há na sua empresa? Veja aqui 8 sinais pra reconhecer e transformar.

Quanto machismo há na sua empresa? Veja aqui 8 sinais pra reconhecer e transformar.

Se existe machismo nas pessoas e na nossa cultura como um todo, parece claro que existe machismo dentro das empresas, afinal as pessoas costumam agir dentro da empresa da mesma maneira que agem fora dela. Com o mes de março se aproximando, rh's e lideranças começam a se perguntar como se posicionar nesse tema ja que é o mes onde todos os holofotes se voltam pra esse assunto, no mes das mulheres. Esse texto te ajuda a começar um diagnostico e tomar consciência de como sua empresa esta posicionada quando o assunto é equidade de gênero - é pra mandar pro RH da sua empresa baby ;)

Pra dar um pouco de contexto, no Brasil os homens ganham em média 70% a mais que as mulheres, segundo levantamento feito pelo Fórum Econômico Mundial. Pesquisas também mostram que elas possuem menores chances de ocupar cargos de chefias, são excluídas do mercado de trabalho por conta da maternidade, e ficam pra trás na sua carreira por diversos motivos. As mulheres ainda são as principais responsáveis pelo cuidado com os filhos e com o lar, com os pais e parentes adoecidos e na velhice, dos filhos com deficiência, causando uma carga emocional e braçal bem mais pesada pra equilibrar - se comparada aos homens.

Como se isso fosse pouco, o ambiente hostil que muitas vivenciam em seus postos de trabalho provoca a perda de interesse em subir degraus, e em setores como ciência, tecnologia e engenharia isso se traduz em 50% dos casos de abandono do emprego, como constatou em 2008 um estudo publicado pela revista Harvard Business Review e confirmou neste ano a recente saída em massa de mulheres do setor de tecnologia. 

Bom, mas e a sua empresa? Veja 8 sinais pra observar dentro de casa, sua empresa tem sinais de machismo se:

1) Se existem salários menores pra pessoas na mesma função, com responsabilidade e CV similares.

Se você não sabe, ou se sua empresa não acompanha e divulga esses dados, é por que provavelmente eles não são muito bonitos, e é muito comum ter mulheres atuando na mesma posição que homens com um salário menor. O Citibank recentemente tomou a corajosa atitude de assumir publicamente que paga homens 29% mais que mulheres e apresentou um plano pra mudar isso. Foi super aplaudido em diversos países.

2) Se os elogios são distorcidos, seja numa brincadeira ou na avaliação de desempenho.

Observe quais atributos são usados pra elogiar homens e quais atributos são usados pra reconhecer mulheres, pois um claro indicador de machismo é a distorção que ocorre na hora de valorizar essas características: homens costumam ser rotulados com adjetivos poderosos como forte, decidido, rápido, inteligente, líder, comprometido, resiliente e etc mostrando seu potencial de liderança. Ja as mulheres são colocadas como fofas demais ou dóceis demais pra ser um líder excepcional ou então como vadia mal comida mandona infeliz que não tem carisma pra liderar. (veja abaixo)

3) Se é visível um julgamento abusivo no dress code (vestimenta) de mulheres.

No seu escritório rolam piadinhas sobre roupas das meninas? Esse não deveria ser um assunto, porem é muito comum que as mulheres sejam excessivamente julgadas por suas roupas: se ela está muito informal é desleixada, se gosta de se produzir é pra chamar atenção, se coloca uma roupa justa, ta paquerando no ambiente de trabalho, e por ai vai.... Isso é um retrato claro de cobrança da sociedade devido ao gênero, ou seja, machismo.

4) Se a carreira de uma mulher é decidida em cima de um possível papel de mãe.

Ja no recrutamento da pra ver esse preconceito: é muito comum a mulher que tem filhos ser muito mais questionada nas entrevistas do que o homem com filhos. E se sua empresa faz isso no recrutamento, ela deve fazer isso em outros momentos. Observe se é comum acontecer demissões após a licença maternidade ou se uma mulher recém casada esta sendo "estacionada" na mesma função por que alguém supõe que ela vai querer engravidar em breve então não poderia enfrentar um desafio que lhe tomasse mais tempo, e por ai vai... Ninguém lembra de perguntar a essa mulher o que ela quer, e entender de fato como é essa questão pra ela.

5) Se existe um excesso de questionamento sobre o mérito, habilidade ou trabalho de uma mulher.

Também conhecido como "a barra mais alta" essa atitude mostra um preconceito muito comum que é exigir muito mais de uma mulher do que de um homem. Por traz dele, existe uma crença de que a mulher não esta em seu habitat natural quando fala desses temas. Isso acontece quando questionam se a fulana gosta mesmo de matemática e se tem mesmo pos em finanças ja que isso “não é muito comum pras mulheres”, ou quando as pessoas dizem que a diretora X só foi promovida por que dormiu com alguém ou porque conhecia gente importante, e por ai vai. Por que esse questionamento? Porque ela é mulher. (veja abaixo).


6) Se as mulheres estão presentes SOMENTE na funções mais estereotipadas e conhecidas como "femininas".

Muitas vezes uma empresa esta cheia de mulheres e temos a falsa impressão de igualdade. Basta um olhar mais profundo pra ver que elas estão ali somente em papeis estereotipados como rh, atendimento, enfermagem, secretaria.... sempre com a desculpa que mulheres são mais atenciosas, cuidadoras e etc. Precisamos mostrar que as mulheres podem ocupam TODAS as funções dentro de uma empresa.

7) Se faltam mulheres nos cargos altos, e cargos de tomada de decisão.

Cade as diretoras? Lideres? Sócias? Mulheres no conselho? A falta de mulheres em posições de poder e tomada de decisão é um exemplo claro de como uma sociedade machista produz instituições desiguais. Empresas mais conscientes e inovadoras tem tentado ativamente mudar esses números, porque representatividade em cima da pirâmide é fundamental pra garantir uma visão com diversidade, e também investimentos, autonomia, e projetos significativos nesse tema.

8) Se rola aquele pacote todo da comunicação machista do dia a dia como homens interrompendo mulheres em reuniões,

Ja ouviu falar de a) manterrupting ( ou ominterrupção)? Significa “homens que interrompem”. Este é um comportamento muito comum em reuniões e palestras mistas, quando uma mulher não consegue concluir sua frase porque é constantemente interrompida pelos homens ao redor, observe se isso acontece na sua empresa. Também tem o b) bropriating (ou omipropriação), c) mansplaining (ou omixplicação), d) gaslighting (ou omipulação). Se você ou sua empresa não sabem o que é isso, é mais um sinal de que esse tema precisa ser mais explorado no seu ambiente de trabalho, entenda esses termos clicando aqui.

Atenção: esses sinais de machismo sempre vem acompanhados de brincadeira, piadas inofensivas e discursos de "é assim porque tem muita mulher que é assim mesmo" e varias outras justificativas também machistas que visam justificar esses comportamentos. Esse texto busca provocar uma reflexão e começar a primeira etapa pra um novo mundo com mais equidade de gênero que é : OBSERVAR E TOMAR CONSCIÊNCIA.

Pra liderar construção de um mundo com mais equidade de gênero, minha empresa de chas feministas (The Feminist Tea) abriu um braço de consultoria e conhecimento, pois temos estudado e aprendido muito sobre todas essas questões nos últimos anos. Por isso, unimos minha experiencia com rh, gente e desenvolvimento e a experiencia da minha sócia @nara Trajano com marcas, eventos e campanhas pra atender empresas.

Estou preparando um ebook GRATIS sobre Diversidade e Equidade de gênero nas empresas: um guia completo pro rh e liderança tratar o tema.

Deixe seu email abaixo ou marque o RH da sua empresa caso queira receber esse poderoso guia.

Mariana Prado

Talent Acquisition | Tech Recruiter | Tech Sourcer | Headhunter | Candidate Experience | Psychologist

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Karina Gaeta Szewczuk Olha que interessante esse projeto realizado junto ao RH da empresa! ;)

Isabella Martins A. Paula

Oficial de Comunicação no UNICEF | Institucional | Imprensa | Mobilização | Engajamento Social | Advocacy

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bellamartinsap@gmail.com, por favor :)

Marina Prada Machado

HR Executive | People Business Partner | Culture & Expirience | Change Management | D&EI | Mentor

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Priscila Ferrer Stehling

Engenheira Civil / Arquiteta e Urbanista Mestranda em Estruturas e Geotecnia

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Bruna Maciel

Human Resources Coordinator | DHL Supply Chain

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Sensacional, descreve muito bem a realidade camuflada das empresas , muitas dizem que valorizam as mulheres, mas em uma demissão após a licença maternidade e questionamentos incessantes sobre com "quem deixa seu filho?" nas entrevistas, vemos o quanto as empresas tem a aprender e práticar.

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